terça-feira, 22 de setembro de 2020

O fermento dos fariseus e dos saduceus.


No trecho bíblico que vamos analisar aqui, Jesus está ensinando mais uma vez aos seus discípulos através de uma pequena parábola.

Para podermos entender bem sobre o alerta que Jesus está dando aos seus discípulos nesse trecho, é bom contextualizá-lo. Abaixo vamos ler o que aconteceu, um pouco antes de Cristo falar sobre o tal "fermento" dos fariseus e saduceus:

Os fariseus e os saduceus aproximaram-se de Jesus e o puseram à prova, pedindo-lhe que lhes mostrasse um sinal do céu. Ele respondeu: "Quando a tarde vem, vocês dizem: ‘Vai fazer bom tempo, porque o céu está vermelho’, e de manhã: ‘Hoje haverá tempestade, porque o céu está vermelho e nublado’. Vocês sabem interpretar o aspecto do céu, mas não sabem interpretar os sinais dos tempos! Uma geração perversa e adúltera pede um sinal miraculoso, mas nenhum sinal lhe será dado, a não ser o sinal de Jonas". Então Jesus os deixou e retirou-se. Indo os discípulos para o outro lado do mar, esqueceram-se de levar pão. Disse-lhes Jesus: "Estejam atentos e tenham cuidado com o fermento dos fariseus e dos saduceus". (Mateus 16:1-6)

Essa frase dita pelo Rei Jesus, na verdade, é o fechamento de uma sucessão de eventos, que aconteceram na seguinte ordem: peregrinando pela região da Galileia, Jesus foi a Tiro e Sidom, e saindo do meio dos povoados foi acampar à beira mar, onde uma grande multidão o acompanhou. Depois, Ele foi de barco para um outro lugar também próximo dali, chamado Magadã.

E antes de se despedir dos habitantes de Tiro e Sidom, Jesus realizou PELA SEGUNDA VEZ(!) o milagre da multiplicação dos pães e peixes, para alimentar a multidão de cerca de 4.000 indivíduos que o seguia (Leia o capítulo 15 de Mateus).

Provavelmente, quando Jesus chegou em Magadã, já devia estar famoso lá, por causa dos milagres maravilhosos que andou realizando nas cidades vizinhas e, especialmente, por causa desse último. E, certamente, Ele deu continuidade à anunciação do Reino de Deus em mais essa cidade, provando sua existência e funcionalidade através dos milagres e prodígios sem igual que aconteciam através dele.

No inicio do capítulo 16 de Mateus, observamos que algum tempo depois de chegar a Magadã, como já era de se esperar, Cristo recebe novamente a visita dos fariseus e saduceus que moravam ali, e que vieram averiguar quem era aquele indivíduo sobre o qual as pessoas estavam falando tanto.

Seus discípulos, mais uma vez, presenciaram aqueles homens religiosos e influentes tentando persuadir Jesus; e mais uma vez ouviram o Cristo responder a eles com a sabedoria que lhe fora dada pelo Pai, deixando-os sem reação. Depois que isso aconteceu, Jesus saiu de Magadã e novamente entrou no barco com seus discípulos, atravessando o mar da Galileia para agora ir à região de Cesaréia.

Enquanto estavam nessa viagem, Cristo então aproveita para ensinar os discípulos através de mais uma parábola, aonde novamente seus alunos ficam sem entender sobre o que seu mestre estava falando.

No mesmo capítulo do trecho que estamos analisando aqui, alguns versículos à frente, Jesus explica do que se tratava "o fermento" que mencionou em sua fala: era "o ensino" equivocado sobre Deus que os homens religiosos, e que tinham muita influência em Israel à época, estavam passando para o povo. O conhecimento que eles tinham era tão enganoso que não conseguiam enxergar diante de si os sinais que Jesus já estava dando na cidade deles, de que era o Messias que eles diziam estar esperando.

Por isso, quando vieram falar com Jesus, por não conseguirem enxergar nem entender a manifestação do Reino de Deus, foram tolos a ponto de pedir ao Cristo que "lhes mostrasse um sinal do céu"!

Vocês sabem interpretar o aspecto do céu, mas não sabem interpretar os sinais dos tempos! Uma geração perversa e adúltera pede um sinal miraculoso, mas nenhum sinal lhe será dado, a não ser o sinal de Jonas". (Mateus 16:3,4)

Voltemos para a cena do barco... Jesus aproveita a ocasião do esquecimento do pão e da preocupação que certamente seus discípulos tiveram naquele momento em adquirir comida, para abrir os seus olhos acerca da forma como os homens religiosos e influentes em Israel iriam agir para desviá-los da verdade: eles iriam aproveitar para "saciar a fome de justiça" que havia naturalmente em seus corações com um conhecimento totalmente equivocado sobre Deus.

Levados PELA SITUAÇÃO de estarem com fome, mas não terem o que comer naquele momento, eles esqueceram o milagre da multiplicação dos pães e peixes, que Jesus tinha operado há poucos dias em Tiro e Sidom, e que Cristo (o Filho de Deus!) estava ali ao lado deles. Isso aconteceu com os discípulos porque apesar de crerem que Jesus era um enviado de Deus, ou era o Messias, ainda não entendiam o Reino de Deus que Jesus perseverava em lhes ensinar e, por isso, a fé que eles tinham ainda era bem pequena, e estava se iniciando.

Devemos lembrar que a fé verdadeira em Deus provém do conhecimento de Seu Reino, por isso precisamos nos empenhar em aprender o máximo que pudermos sobre esse lugar e sobre a justiça que opera a partir dele.

"Homens de pequena fé, por que vocês estão discutindo entre si sobre não terem pão? Ainda não compreendem? Não se lembram dos cinco pães para os cinco mil e de quantos cestos vocês recolheram? Nem dos sete pães para os quatro mil e de quantos cestos recolheram? Como é que vocês não entendem que não era de pão que eu estava lhes falando? Mas tomem cuidado com o fermento dos fariseus e dos saduceus". Então entenderam que não estava lhes dizendo que tomassem cuidado com o fermento de pão, mas com o ensino dos fariseus e dos saduceus. (Mateus 16:8-12)

Lendo essa passagem percebemos que nossa situação espiritual ou "o tamanho" da nossa fé irá se revelar ou se manifestar através de nossas ações e reações às situações corriqueiras no mundo. Dessa maneira, foi observando o comportamento dos discípulos que o Rei Jesus soltou o alerta, pois viu na preocupação deles com a falta do que comer na viagem que eles ainda não estavam percebendo e entendendo o Reino de Deus.

Assim como nós alimentamos nossos corpos com comida, nossos corações são alimentados com todas as informações que aceitamos como verdades para nós. E assim como o conhecimento do Reino de Deus age como um fermento que é colocado na preparação dos pães, onde a levedura do fermento se multiplica dentro da massa, fazendo-a aumentar de volume, qualquer outro tipo de conhecimento terá a mesma ação dentro dos corações das pessoas

Aqueles homens religiosos estavam todo o tempo oferecendo ao povo "um pão" muito atrativo, que parecia muito bom, que promovia uma aparência de espiritualidade e sabedoria, mas que de fato estava levedado por um fermento maligno, que levava as pessoas a agirem contra a Justiça de Deus.

Essa é a estratégia que Satanás sempre usa, desde que enganou Eva no Jardim, para persuadir as pessoas a provarem do seu conhecimento: ele trás resultados muito bons e "aparentemente mais rápidos" do que o conhecimento da Justiça de Deus, mas, com o passar do tempo, faz com que as pessoas se tornem escravas de si mesmas e não desfrutem da plenitude da vida, dada gratuitamente por Deus aos homens desde que foram criados.

Este tal fermento, ao qual Jesus se refere, são INFORMAÇÕES provenientes das vaidades humanas advindas dos desejos e sentimentos do corpo e da alma, e também da aparência das coisas do mundo, que estão misturadas ao conhecimento da Justiça de Deus declarado em Sua Palavra; essa mistura de conhecimentos é capaz de fazer alguém se sentir muito sábio e eloquente, muito espiritual, mas que, no entanto, encobre o Reino de Deus, que só pode ser visualizado pela palavra de Deus.

Esse conhecimento misturado coloca o foco do indivíduo nas coisas terrenas, geralmente trazendo grande confusão à mente das pessoas e, assim, impede que o indivíduo conheça Deus verdadeiramente e conheça a si mesmo, pois fomos criados por Ele à Sua imagem e semelhança. É por causa dessa confusão que esse conhecimento misturado trás à mente das pessoas que, muitas delas, depois de algum tempo, não conseguem continuar congregando após a chamada "conversão": por não conseguirem entender o Reino de Deus. Tais indivíduos começam a identificar muitos erros, especialmente no comportamento das lideranças, e acabam tornando-se insatisfeitos com o que ouvem e veem.

Desta forma, devemos ter em mente que "o pão" que Deus nos dá está fermentado com o conhecimento do Reino do Deus, que é totalmente bom e justo. As informações que vêm diretamente de Deus são sempre puras, dignas de confiança e de plena aceitação, pois explicarão claramente o que acontece conosco. Nelas não há maldade e podemos acessá-las na certeza de que a fome da Justiça de Deus que há em nossos corações será plenamente saciada, e que não seremos enganados de maneira alguma.

É importante notar que, ao contrário do conhecimento religioso – que está sempre à mão e facilmente pode ser adquirido no mundo de diversas formas – o conhecimento do Reino de Deus está escondido em Sua Palavra e precisa ser desejado, buscado de todo o coração, para que possa ser acessado e entendido claramente.

Concluindo: Através dessa curta parábola, Jesus estava ensinando seus discípulos a não se deixar influenciar pelos desejos da carne, pelo imediatismo de suas almas e corpos, pois se assim fizessem, eles acabariam dando preferência aos ensinos aparentemente "mais espirituais" que estavam sendo oferecidos ali, bem perto deles, capazes de satisfazê-los quase que instantaneamente, mas que iriam privá-los de enxergar e usufruir da realidade perfeita do Reino de Deus e crescer na fé genuína.

Texto: Missionária Oriana Costa
Edição: Pr. Wendell Costa