terça-feira, 24 de agosto de 2021

A conspiração - Considerações sobre Mateus 26 - Parte 1


Após ensinar seus discípulos no Monte das Oliveiras sobre as coisas que haveriam de acontecer à igreja e ao mundo, antes de seu retorno, e sobre os três princípios que servirão de base para o julgamento que terá início com o resgate dos verdadeiros cristãos dentre as nações da terra, quando Ele retornar, Cristo continua a preparar seus discípulos para o dia de sua morte e ressurreição.

O Senhor já vinha preparando seus discípulos sobre o que lhe aconteceria em ocasiões anteriores, como podemos ver no Evangelho de Mateus nos capítulos 17 e 20, por exemplo.

A partir desse estudo, portanto, veremos especialmente o cumprimento das profecias feitas acerca do Messias ao longo dos séculos, antes de seu nascimento, e que constam nos livros do Antigo Testamento.

Vamos começar com o primeiro trecho do capítulo 26, que fala de três momentos importantes: o início da conspiração dos líderes religiosos de Israel para matar Jesus, o episódio do frasco de óleo perfumado que é derramado sobre a cabeça de Cristo, e o início da traição de Judas Iscariotes.

Tendo dito essas coisas, disse Jesus aos seus discípulos: "Como vocês sabem, estamos a dois dias da Páscoa, e o Filho do homem será entregue para ser crucificado". Naquela ocasião os chefes dos sacerdotes e os líderes religiosos do povo se reuniram no palácio do sumo sacerdote, cujo nome era Caifás, e juntos planejaram prender Jesus à traição e matá-lo. Mas diziam: "Não durante a festa, para que não haja tumulto entre o povo". Estando Jesus em Betânia, na casa de Simão, o leproso, aproximou-se dele uma mulher com um frasco de alabastro contendo um perfume muito caro. Ela o derramou sobre a cabeça de Jesus, quando ele se encontrava reclinado à mesa. Os discípulos, ao verem isso, ficaram indignados e perguntaram: "Por que este desperdício? Este perfume poderia ser vendido por alto preço, e o dinheiro dado aos pobres". Percebendo isso, Jesus lhes disse: "Por que vocês estão perturbando essa mulher? Ela praticou uma boa ação para comigo. Pois os pobres vocês sempre terão consigo, mas a mim vocês nem sempre terão. Quando derramou este perfume sobre o meu corpo, ela o fez a fim de me preparar para o sepultamento. Eu lhes asseguro que onde quer que este evangelho for anunciado, em todo o mundo, também o que ela fez será contado, em sua memória". Então, um dos Doze, chamado Judas Iscariotes, dirigiu-se aos chefes dos sacerdotes e lhes perguntou: "O que me darão se eu o entregar a vocês?" E eles lhe fixaram o preço: trinta moedas de prata. Desse momento em diante Judas passou a procurar uma oportunidade para entregá-lo. (Mateus 26:1-16)

Antes de iniciar a análise do nosso texto, existem algumas informações importantes que devemos saber. Uma delas é que nesse momento Jesus não se expunha mais publicamente como antes, pois estava ciente de que poderia ser preso e sacrificado a qualquer hora. Ele só se entregou de fato no tempo que o Pai já havia determinado e anunciado na Antiga Aliança (que ainda estava em vigor), através dos mandamentos que entregou a Moisés e Arão.

O Senhor disse a Moisés e a Arão, no Egito: (...) Digam a toda a comunidade de Israel que no décimo dia deste mês todo homem deverá separar um cordeiro ou um cabrito, para a sua família, um para cada casa. (...) O animal escolhido será macho de um ano, sem defeito, e pode ser cordeiro ou cabrito. Guardem-no até o décimo quarto dia do mês, quando toda a comunidade de Israel irá sacrificá-lo, ao pôr-do-sol. (...). Esta é a Páscoa do Senhor. (Êxodo 12:1-11)

Outra informação importante é que a conspiração para matar Jesus já tinha surgido bem antes dos acontecimentos mostrados em Mateus 26, no momento em que Lázaro fora ressuscitado. Logo após o acontecido, as lideranças religiosas, com medo de perderem as posições privilegiadas que tinham na sociedade e suas boas relações com as lideranças de Roma, convocaram o sinédrio, que se reuniu para tomar uma posição em unidade. Esse acontecimento se encontra descrito com detalhes no capítulo 11 do Evangelho de João.

Nessa reunião, mesmo sem entender quem realmente era Jesus, o próprio Caifás, que era o sumo sacerdote naquela ocasião, acabou profetizando acerca do Messias:

Então um deles, chamado Caifás, que naquele ano era o sumo sacerdote, tomou a palavra e disse: "Nada sabeis! Não percebeis que vos é melhor que morra um homem pelo povo, e que não pereça toda a nação". Ele não disse isso de si mesmo, mas, sendo o sumo sacerdote naquele ano, profetizou que Jesus morreria pela nação judaica, e não somente por aquela nação, mas também pelos filhos de Deus que estão espalhados, para reuni-los num povo. (João 11:49-52)

Por isso, antes de voltar à Betânia, após a ressurreição de Lázaro, Jesus se refugiou com seus discípulos no povoado de Efraim, região próxima dali. Sobre isso, falou o profeta Jeremias:

Ó Jerusalém, lave o mal do seu coração para que você seja salva. Até quando você vai acolher projetos malignos no íntimo? Ouve-se uma voz proclamando desde Dã, desde os montes de Efraim se anuncia calamidade. (Jeremias 4:14,15)

Dessa forma, faltando cerca de uma semana para a celebração da Páscoa, Cristo voltou à cidade de Betânia, e ali dois sinais interessantes e muito parecidos aconteceram diante dos discípulos, anunciando-lhes que seu Mestre seria sacrificado em breve. Um deles, o segundo, está descrito no trecho que estamos analisando aqui.

O primeiro sinal aconteceu seis dias antes (no oitavo dia do primeiro mês judaico), quando Cristo estava hospedado na casa de Lázaro, a quem Ele ressuscitou dos mortos. Ali Ele foi perfumado pela primeira vez, por Maria, irmã de Lázaro, durante um jantar (João 12:1-9). Ela derramou nos pés do Senhor um frasco de nardo puro, enxugando, em seguida, com seus próprios cabelos. Nessa ocasião, Judas Iscariotes posicionou-se contra o acontecido, alegando que "o frasco de nardo poderia ter sido vendido e o dinheiro dado aos pobres".

Quatro dias depois, agora na casa de Simão, o leproso, aconteceu uma situação similar. Enquanto Jesus estava reclinado à mesa, uma mulher aproximou-se e derramou sobre a sua cabeça um frasco de alabastro cheio de um perfume muito caro (Mateus 26:6-13, Marcos 14:3). O perfume escorreu por todo o seu corpo. Desta vez, todos os que estavam presentes se indignaram com a ação da mulher, alegando que "o perfume poderia ter sido vendido e o dinheiro dado aos pobres".

O fato de Jesus ter sido perfumado ou ungido com óleo pela segunda vez, faltando 2 dias para a celebração da Páscoa (no décimo segundo dia do primeiro mês judaico), foi uma sinalização dupla da parte do Pai para os israelitas de que Seu Filho, o Messias, estava ali para pagar de uma vez por todas a dívida de transgressão eterna, cumprindo definitivamente o mandamento relacionado àquele fim e também para reinar para sempre sobre o Seu povo.

Então, ao contrário do que muitos pensam, Jesus foi perfumado com óleo essencial de nardo não somente uma vez na proximidade de sua morte, mas duas vezes.

Sobre essas mulheres que perfumaram Jesus, há no Antigo Testamento, no livro de Cantares, trechos relacionados:

A fragrância dos seus perfumes é suave; o seu nome é como perfume derramado. Não é à toa que as jovens o amam! (Cânticos 1:3)

Enquanto o rei estava em seus aposentos, o meu nardo espalhou a sua fragrância. (Cânticos 1:12)

No livro de Salmos também há um trecho que fala desse acontecimento:

Numa visão falaste um dia, e aos teus fiéis disseste: "Cobri de forças um guerreiro, exaltei um homem escolhido dentre o povo. Encontrei o meu servo Davi; ungi-o com o meu óleo sagrado. A minha mão o susterá, e o meu braço o fará forte. (Salmos 89:19-21)

A primeira vez que Jesus foi ungido com óleo de nardo (também por uma mulher) aconteceu logo após Ele ter escolhido dentre os seus discípulos os doze Apóstolos, estando com eles na cidade de Naim, na casa de um fariseu que o convidou para uma refeição (Lucas 7:36-50).

Prosseguindo com nosso estudo, agora vamos analisar a traição de Judas Iscariotes. Com a proximidade da celebração da Páscoa, estando Jesus em Betânia, na casa de Simão, o leproso, os chefes dos sacerdotes e os lideres religiosos do povo se reuniram novamente no palácio do sumo sacerdote, Caifás, para tomarem uma decisão em definitivo.

Já que não conseguiam achar no Senhor nenhum motivo para justa acusação, resolveram oferecer recompensa para quem lhes entregasse Jesus, a fim de obterem um resultado mais rápido.

Sabendo disso, Judas Iscariotes, que não tinha entendido a mensagem do Reino e estava ali com Cristo sem ter nutrido em seu coração a fé verdadeira (lembrando que ele presenciou todos os milagres feitos por Cristo enquanto o acompanhava em seu ministério!), se sentiu tentado com a possibilidade de ganhar algum dinheiro e adquirir prestígio social, e então sucumbiu à tentação. Assim, ele procurou os líderes religiosos para fazer um acordo com eles (Marcos 14:10,11; Lucas 22:1-6).

Nos livros de Salmos e Zacarias, que estão no Antigo Testamento, podemos ler dois trechos que se referem a esse acontecimento:

Os meus inimigos dizem maldosamente a meu respeito: "Quando ele vai morrer? Quando vai desaparecer o seu nome?" Sempre que alguém vem visitar-me, fala com falsidade, enche o coração de calúnias e depois sai espalhando-as. Todos os que me odeiam juntam-se e cochicham contra mim, imaginando que o pior me acontecerá: "Uma praga terrível o derrubou; está de cama, e jamais se levantará". Até o meu melhor amigo, em quem eu confiava e que partilhava do meu pão, voltou-se contra mim. (Salmos 41:5-9)

Eu lhes disse: Se acharem melhor assim, paguem-me; se não, não me paguem. Então eles me pagaram trinta moedas de prata. (Zacarias 11:12)

Missionária Oriana Costa

Revisão: Wendell Costa

quarta-feira, 11 de agosto de 2021

Venham, benditos de meu Pai - Mateus 25 - Parte 3


Após ter falado sobre os eventos que aconteceriam às nações da Terra, antecedendo à Sua vinda (capítulo 24 de Mateus), no capítulo 25 o Senhor Jesus mostra como se dará o julgamento da "Igreja". Esse julgamento acontecerá separadamente daquele relacionado aos que não fazem parte dela, por causa da responsabilidade que o corpo de Cristo tem na anunciação da mensagem do Reino ao mundo.

Como sabemos, a Igreja – do modo que a conhecemos em nossa realidade – não está somente constituída de verdadeiros cidadãos do Reino de Deus. Dentro dela existem indivíduos que não seguem a Cristo verdadeiramente, contudo aparentam ser pessoas espirituais e servas do Senhor, de forma que, por causa das sutilezas e por não enxergarmos a verdadeira motivação dentro dos corações dos outros, nem sempre é possível julgar quem realmente está agindo de acordo com a fé ou não.

Por causa disso, este julgamento só poderá ser feito plenamente pelo próprio Rei Jesus, no dia do Seu retorno, pois, naquele momento, todas as coisas estarão expostas diante d'Ele.

No capítulo 25 de Mateus, portanto, o Mestre fala os três motivos pelos quais alguns indivíduos serão separados do verdadeiro corpo de Cristo e vão perder a herança da vida eterna. O primeiro está explicado na parabola das dez virgens, o segundo na parábola dos talentos, e o terceiro, Cristo explica no trecho a seguir:

Quando o Filho do homem vier em sua glória, com todos os anjos, assentar-se-á em seu trono na glória celestial. Todas as nações serão reunidas diante dele, e ele separará umas das outras como o pastor separa as ovelhas dos bodes. E colocará as ovelhas à sua direita e os bodes à sua esquerda.
Então o Rei dirá aos que estiverem à sua direita: ‘Venham, benditos de meu Pai! Recebam como herança o Reino que lhes foi preparado desde a criação do mundo. Pois eu tive fome, e vocês me deram de comer; tive sede, e vocês me deram de beber; fui estrangeiro, e vocês me acolheram; necessitei de roupas, e vocês me vestiram; estive enfermo, e vocês cuidaram de mim; estive preso, e vocês me visitaram’. 
Então os justos lhe responderão: ‘Senhor, quando te vimos com fome e te demos de comer, ou com sede e te demos de beber? Quando te vimos como estrangeiro e te acolhemos, ou necessitado de roupas e te vestimos? Quando te vimos enfermo ou preso e fomos te visitar?'  O Rei responderá: ‘Digo-lhes a verdade: o que vocês fizeram a algum dos meus menores irmãos, a mim o fizeram’.
Então ele dirá aos que estiverem à sua esquerda: ‘Malditos, apartem-se de mim para o fogo eterno, preparado para o diabo e os seus anjos. Pois eu tive fome, e vocês não me deram de comer; tive sede, e nada me deram para beber; fui estrangeiro, e vocês não me acolheram; necessitei de roupas, e vocês não me vestiram; estive enfermo e preso, e vocês não me visitaram’.
Eles também responderão: ‘Senhor, quando te vimos com fome ou com sede ou estrangeiro ou necessitado de roupas ou enfermo ou preso, e não te ajudamos?’ Ele responderá: ‘Digo-lhes a verdade: o que vocês deixaram de fazer a alguns destes mais pequeninos, também a mim deixaram de fazê-lo’. 
E estes irão para o castigo eterno, mas os justos para a vida eterna. (Mateus 25:31-46)

Para começar nossa análise, é importante que também tenhamos o entendimento do porquê de Cristo comparar os indivíduos que compõe a instituição eclesiástica à animais, como ovelhas e bodes, por exemplo.

Ele faz isso não por enxergar ou tratar as pessoas como animais, mas é somente para que possamos entender bem como será o processo de separação da nação santa das demais nações: será feito diretamente por Cristo, que colocará dentro de seu Reino os remidos e deixará fora os que desprezarem a justificação concedida gratuitamente por Deus pela fé.

No tempo em que Jesus estava em seu ministério terreno, diferentemente do que acontece hoje em dia, era normal que a maioria das pessoas trabalhassem na agricultura e na criação de animais. E, por isso, era comum encontrar criadores de bodes e ovelhas em Israel, até porque esses dois animais faziam parte dos rituais ordenados por Deus aos israelitas na Lei Mosaica, para a expiação dos pecados do povo.

Então, como a convivência com esses e outros tipos de animais fazia parte do dia a dia das pessoas, Cristo utilizou algo que era rotineiro na realidade da época, para ensinar o povo sobre o Reino e a Justiça de Deus.

Se procurarmos na internet, certamente encontraremos vários textos e vídeos mostrando as diferenças que existem no comportamento de ovinos e caprinos, e também várias pregações mostrando que ovelhas e bodes representam verdadeiros e falsos cristãos, respectivamente, por causa de suas características comportamentais.

Contudo, no trecho que estamos analisando, o Mestre está esclarecendo como será o momento em que Ele vai resgatar seu povo dentre as nações. Jesus está, tão somente, fazendo uma analogia ao momento em que o pastor separa as ovelhas dos bodes no curral. O processo de separação entre esses animais precisava acontecer todos os dias e fazia parte da rotina dos pastores.

Ovinos e caprinos podem conviver num mesmo curral, e é comum observarmos essa prática em países onde a criação desses animais faz parte de sua cultura e subsistência. Esses bichos, no geral, convivem bem no pasto, no entanto, há uma característica neles em particular que exige um certo cuidado do pastor, após conduzi-los de volta ao curral, no fim do dia: ovinos e caprinos não se dão bem quando estão confinados.

Ao voltarem para o curral, se o pastor não separa esses animais e os dois rebanhos permanecem juntos durante à noite, ao amanhecer, ovelhas podem ser encontradas mortas ou gravemente feridas devido às agressões sofridas pelos ataques dos bodes. Por isso, ao serem conduzidos pelo pastor ao aprisco, os dois rebanhos precisam ser separados, a fim de evitar prejuízos.

No trecho em questão, portanto, Cristo diz que, na Sua vinda, Ele vai separar as nações umas das outras, como o pastor separa as ovelhas dos bodes. Isso quer dizer que Cristo vai dar fim ao sofrimento do seu povo, para sempre, resgatando-o dentre todas as nações da terra.

Devemos lembrar que o retorno de Cristo acontecerá no ápice da grande tribulação, onde os cristãos estarão numa situação de muita aflição, devido à forte perseguição que o anticristo promoverá aos que seguem Jesus.

Então, não é à toa que o Mestre compara a separação entre ovinos e caprinos, quando são criados juntos, com o momento do juízo final. A situação na qual o povo de Deus ficará, durante o tempo do anticristo, será semelhante a das ovelhas confinadas com bodes num curral, onde correm o risco de serem atacadas, feridas e mortas, sem terem como se defender.

O grande dia do Senhor está próximo; está próximo e logo vem. Ouçam! O dia do Senhor será amargo; até os guerreiros gritarão. Aquele dia será um dia de ira, dia de aflição e angústia, dia de sofrimento e ruína, dia de trevas e escuridão, dia de nuvens e negridão, dia de toques de trombeta e gritos de guerra contra as cidades fortificadas e contra as torres elevadas. (Sofonias 1:14-16)

Nessa passagem bíblica, as "cidades fortificadas" (Jeremias 1:18, Salmos 28:8) e as "torres elevadas" (Provérbios 18:10, Cânticos 7:4), ditas pelo profeta, se referem ao povo de Deus.

Naquela ocasião Miguel, o grande príncipe que protege o seu povo, se levantará. Haverá um tempo de angústia tal como nunca houve desde o início das nações e até então. Mas naquela ocasião o seu povo, todo aquele cujo nome está escrito no livro, será liberto.(Daniel 12:1)

Portanto, essa situação complicada já está predita e vai acontecer, apesar de não ser a perfeita vontade de Deus para os seus filhos, e a igreja realmente terá que passar por essa fase.

Mas, graças à intervenção do Pai, será por pouco tempo! Por isso, é muito importante que antes desses momentos difíceis começarem a acontecer, que os cristãos se fortaleçam no conhecimento do Reino e da Justiça de Deus, contidos no ensino de Cristo, para que não entrem em desespero e continuem em paz até seu retorno.

Prosseguindo com nosso estudo, após dizer que vai separar seu povo dentre as nações, o Mestre deixa claro, falando da maneira como fará tal separação, que negligenciar conscientemente a assistência necessária aos que se dedicam ao trabalho de anunciação do Reino resulta em condenação.

Para o Pai, quem escolhe não ajudar um servo d'Ele em suas necessidades, podendo fazê-lo, está deixando de colaborar com sua obra voluntariamente, ou seja, está deixando de servir ao próprio Rei Jesus. E é essa a característica que condenará os "bodes", que estarão à esquerda do Rei Jesus:

Então ele dirá aos que estiverem à sua esquerda: ‘Malditos, apartem-se de mim para o fogo eterno, preparado para o diabo e os seus anjos. Pois eu tive fome, e vocês não me deram de comer; tive sede, e nada me deram para beber; fui estrangeiro, e vocês não me acolheram; necessitei de roupas, e vocês não me vestiram; estive enfermo e preso, e vocês não me visitaram’.

O Apóstolo Tiago esclarece bem esse assunto, onde um dos trechos mais marcantes de sua carta trata exatamente disso. Vejamos a seguir:

Falem e ajam como quem vai ser julgado pela lei da liberdade; porque será exercido juízo sem misericórdia sobre quem não foi misericordioso. A misericórdia triunfa sobre o juízo! De que adianta, meus irmãos, alguém dizer que tem fé, se não tem obras? Acaso a fé pode salvá-lo? Se um irmão ou irmã estiver necessitando de roupas e do alimento de cada dia e um de vocês lhe disser: "Vá em paz, aqueça-se e alimente-se até satisfazer-se", sem porém lhe dar nada, de que adianta isso? Assim também a fé, por si só, se não for acompanhada de obras, está morta. (Tiago 2:12-17)

O Apóstolo João também discorre sobre esse tema, porém, explicando-o pelo ângulo do "amor de Deus", que é a Sua Justiça – o conjunto de leis e preceitos que regem o Seu Reino. Abaixo seguem dois trechos importantes de sua primeira carta dirigida aos cristãos de sua época. O primeiro é este:

Quem afirma estar na luz mas odeia seu irmão, continua nas trevas. Quem ama seu irmão permanece na luz, e nele não há causa de tropeço. Mas quem odeia seu irmão está nas trevas e anda nas trevas; não sabe para onde vai, porque as trevas o cegaram. (1 João 2:9-11)

E logo depois, vemos o segundo:

Desta forma sabemos quem são os filhos de Deus e quem são os filhos do diabo: quem não pratica a justiça não procede de Deus; e também quem não ama seu irmão.

Esta é a mensagem que vocês ouviram desde o princípio: que nos amemos uns aos outros. (...) Sabemos que já passamos da morte para a vida porque amamos nossos irmãos. Quem não ama permanece na morte. Quem odeia seu irmão é assassino, e vocês sabem que nenhum assassino tem vida eterna em si mesmo.

Nisto conhecemos o que é o amor: Jesus Cristo deu a sua vida por nós, e devemos dar a nossa vida por nossos irmãos. Se alguém tiver recursos materiais e, vendo seu irmão em necessidade, não se compadecer dele, como pode permanecer nele o amor de Deus?

Filhinhos, não amemos de palavra nem de boca, mas em ação e em verdade. (1 João 3:10-18)


Missionária Oriana Costa