segunda-feira, 5 de novembro de 2018

Depoimento - Parte 2 - Como foi pastorear igrejas sem saber da minha condição dentro do espectro autista


Acredito que muitas pessoas estão sofrendo nesse momento, sem entender o que estão vivenciando, por não saberem de suas reais condições e não se conhecerem bem, achando que nunca vão conseguir "encontrar os seus lugares ao sol". É bem provável que muitos indivíduos, aqui no Brasil, sejam homens e mulheres aspies e não tenham ideia disso, enfrentando situações muito desgastantes para si mesmos e sendo mal interpretados pelos que estão ao redor.

Alguns portadores de TEA leve, principalmente as mulheres, conseguem camuflar o que sentem e se comportar como pessoas neurotípicas quando estão socializando, mas por dentro estão numa luta muito difícil consigo mesmos, sem entenderem o que está acontecendo. O escape para essas pessoas é ocupar a mente com alguma atividade que lhes agrade (geralmente com artes, jogos ou mesmo estudos) para esquecerem por alguns momentos de seus dilemas. Alguns parágrafos à frente vou relatando um pouco dessa luta com detalhes. 

Não são poucas as vezes que, por causa da limitação perceptiva, dificuldade de mudar rapidamente de uma tarefa para outra e dificuldade de socializar, tais pessoas são desqualificadas para diversas vagas de emprego e acabam ficando na dependência dos familiares, ou mesmo passando necessidade. Quando têm sorte e conseguem encontrar trabalhos onde possam focar numa só tarefa, cujo assunto lhes interesse muito, fazem um sucesso gigantesco, superando os resultados de qualquer pessoa normal que desempenhe a mesma tarefa.

Os aspies tem o chamado "hiper-foco", que lhes permite realizar tarefas que exigem extrema concentração com uma precisão invejável, no entanto, eles precisam se interessar pelo assunto da tarefa. Quando o serviço está relacionado a um assunto que não é de seu interesse, o aspie até se esforça para aprender e fazer, no entanto, não terá muito êxito. Quando se interessam por um determinado assunto ou tema, sozinhos pesquisam muito sobre ele e são capazes de armazenar muito conhecimento a respeito, chegando até mesmo ao ponto de palestrarem sobre o tema escolhido com muita facilidade.

Antes de prosseguir com meu depoimento, quero que os leitores saibam que as informações que se seguem estão relacionadas a minha pessoa somente, em como as coisas se passaram dentro de mim mesma. O foco deste texto está em meus próprios sentimentos, e não no todo do que aconteceu. Para expor os resultados de uma forma global, farei um outro texto em seguida, mostrando como as pessoas que interagiram comigo reagiram e o que aconteceu a elas.

Depois que comecei a seguir a Cristo e frequentar o meio evangélico junto com meu esposo, conheci melhor a Bíblia Sagrada e seu conteúdo se tornou meu objeto de interesse particular; desse modo, passei a fazer muitas pesquisas sobre vários assuntos contidos nela e, especialmente, passei a me dedicar a conhecer a Deus através das escrituras. Concomitantemente, também passei a compartilhar as informações que estava obtendo tanto em pregações nas igrejas como na internet.

Buscando ao Senhor me surpreendi com tantas informações maravilhosas e que fizeram toda a diferença na minha vida, como também sei que Deus usou e tem usado o conhecimento que tenho compartilhado até agora para abençoar as vidas de outras pessoas. O feed-back das pessoas que acompanham nosso trabalho (Ministério Águios) tem sido muito positivo.

Em contrapartida, meu envolvimento com os irmãos nas igrejas sempre foi muito desgastante (especialmente para mim), pois quando meu relacionamento tomava o caminho para deixar de ser superficial e se tornar mais próximo, eu simplesmente retrocedia, devido à estranheza da minha parte e não aceitação de muitas coisas; eu desejava continuar na minha solidão e no meu silêncio de sempre, pois é desta forma que eu ficava - e fico - tranquila. Apesar de tentar parecer uma pessoa normal e me esforçar para praticar o ensino de Cristo, a minha condição aspie sempre estava lá para me atrapalhar, e eu não tinha ideia disso.

Muitas vezes, fui interpretada como carnal, como se eu estivesse bloqueando ou me afastando das pessoas por prazer ou por gostar de fazer isso, mas, de fato, não é isso que acontece; meu bem-estar e minha tranquilidade dependem do silêncio e do isolamento. Dessa forma, por estar sendo mal interpretada, e também porque não entendia minha real condição, acabei aceitando que eu estava errada no meu comportamento e fiz um esforço sobre-humano para me socializar como uma pessoa normal o faz, chegando até a assumir um trabalho pastoral. O que eu não sabia era que essa atitude ia me desgastar até me deixar depressiva, sem que eu entendesse o porquê.

Atender a chamada pastoral foi para mim como seria para uma criança de dois anos tentar alcançar a prateleira mais alta da estante de sua casa: enquanto para um adulto isso é absolutamente fácil, para a criança exige um esforço bem maior, pois terá que subir numa cadeira ou em outros objetos que lhe sirvam de degraus, para, enfim, alcançar a prateleira. No início, a criança está compelida pela curiosidade ou por conquistar para si seu objeto de desejo; no entanto, isso é perigoso para ela, pois tentando alcançar seu objetivo, fatidicamente, ela poderá levar uma queda de um lugar alto e se prejudicar com isso. Foi o que aconteceu comigo.

Tenho que deixar claro aqui que Deus não tem culpa alguma do que me aconteceu. De fato, Ele avisou antes e de diversas formas que aquilo não era para mim, só que eu não entendi, muito menos meu esposo. Na realidade, a chamada pastoral foi para ele e não para mim, só que nós interpretamos como se fosse para os dois, pois no momento que ele assumisse, inevitavelmente, eu teria que dar um suporte mais intenso, visto que íamos iniciar duas congregações a partir do zero, como missionários, e sem muita ajuda. Portanto, a responsabilidade de decidir prosseguir com esse trabalho foi inteiramente minha, e ninguém, muito menos Deus, teve culpa de nada. 

No íntimo do meu ser, eu sabia que meu marido estava plenamente apto para lidar com as pessoas e assumir o chamado, mas eu, por algum motivo que não discernia ainda, não estava. Mas, resolvi passar por cima de mim mesma e achei que suportaria tudo o que estava por vir, pois eu entendia que apenas tinha alguns defeitos dos quais eu poderia me arrepender e me livrar com o tempo, que eu era uma pessoa normal e estava certíssima que Deus me capacitaria para fazer tudo o que teria que fazer.

Realmente, apesar de eu estar executando um trabalho que não era para mim, Deus me livrou muitas vezes e me capacitou sobrenaturalmente para trabalhar no meio eclesiástico e suportar situações que eu mesma, na minha condição real, não teria suportado por muito tempo (eu ainda consegui passar seis anos no trabalho pastoral ao lado do meu esposo). Deus sabia que a minha intenção era dar suporte ao meu marido naquele chamado, mesmo que ainda eu sentisse que não tinha condições de estar fazendo aquilo. Eu não poderia vê-lo precisando de ajuda e ficar de braços cruzados.

Como as igrejas estavam iniciando, e não tínhamos muita ajuda para fazer todos os serviços nas duas congregações, eu me sentia na obrigação de colaborar em tudo o que eu podia, inclusive, assumindo eu mesma a liderança de uma das duas igrejas que tínhamos fundado.

Dentre todos os trabalhos que tínhamos a realizar no exercício pastoral, além de fazer a parte de louvor, pregação, limpar e abrir a igreja, receber as pessoas na porta, ensinar os obreiros suas atribuições etc., o que eu achava mais desgastante era ter que lidar diretamente com as pessoas, ter que ouvi-las e dar atenção, ter que visitar e também recebê-las na minha casa; esses são, sem dúvida alguma, os principais serviços de um pastor. Eu deveria ficar muito alegre por poder servir à igreja do Senhor Jesus Cristo dessa maneira e, no início, eu realmente me sentia muito feliz, fazia tudo com muito prazer.

Mas, após alguns meses, eu estava pedindo ao Senhor para não pastorear mais, pois, antes mesmo de ir encontrar os irmãos, eu já ficava angustiada. Quando eu estava com eles, não via a hora de ir embora, ou que eles fossem embora, para eu me sentir bem novamente. Essa situação me deixava muito confusa e me levava a pensar que eu era uma pessoa muito má, e que precisava mesmo me arrepender daquilo. 

Congregar deve ser uma coisa prazerosa para os que estão em Cristo, mas, para mim, se tornou um pesadelo, eu não entendia o porquê, nem tinha como desabafar isso com ninguém. Se eu dissesse ao meu marido muito provavelmente ele iria me corrigir, pois iria interpretar que eu estava desdenhando o chamado ou desanimando de prosseguir na obra de Deus. O tempo foi passando e eu fui prosseguindo nesse dilema, calada, e cada vez mais me frustrando comigo mesma e entrando num estado depressivo, sem saber.

Quando eu assumi a liderança da segunda igreja que fundamos, já não estava bem de saúde, apresentando muitos sintomas de ansiedade e procurando tratá-los com medicamentos paliativos. Eu orava para ser curada, mas os sintomas não saiam. E não saiam porque eu não tivesse fé, mas porque eu não deveria estar fazendo aquilo. Eu não fui projetada para cuidar de muitas pessoas e fazer muitas tarefas e sim, para ajudar uma ou, no máximo, duas pessoas por vez, focando somente nelas, e não por muito tempo. O excesso de barulho e informação me desgasta e me leva a estressar mais rápido que pessoas neurotípicas.

Sempre gostei de crianças e amo estar com elas, mas, com o tempo, cheguei a um ponto que só de pensar que eu ia ficar no departamento infantil, já me dava desespero. Eu não suportava mais o barulho que elas faziam. Por causa disso, não demorou muito para eu passar a coordenação do departamento infantil para outras pessoas. Isso foi um desastre em alguns aspectos, pois as pessoas para as quais eu passei o cargo não tinham condição de assumi-lo, contudo, era o que eu tinha à disposição.

Quando minha filha, que ainda era bem jovem, assumiu o trabalho infantil na primeira igreja que fundamos, fiquei muito aliviada e feliz. Ela sempre teve vocação para lidar com crianças e, apesar de ser ainda bem jovem, isso se notava no bom desempenho dela no trabalho naquela área. Todas as crianças a amavam. Ainda hoje ela ajuda no departamento infantil da igreja que congrega.

No meio de tantos trabalhos que eu tinha para executar, eu me esforçava ao máximo para dar o meu melhor, pois não estava fazendo aquilo tudo por minha causa ou somente por causa das pessoas e sim, primeiramente, por causa de Jesus: eu queria atender ao chamado e servir como podia.

Ao assumir a liderança da segunda igreja que fundamos, era necessário que eu estivesse lá todos os fins-de-semana para administrá-la. Para tanto, tinha que sair da cidade que eu residia para outro município que distava cerca de 50 minutos de viagem, todas as sextas-feiras pela manhã, e só voltar para casa nos domingos à noite ou nas segundas-feiras pela manhã. E isso foi a gota d'água que faltava para eu iniciar o estado depressivo, que começou no meio do ano de 2016 e culminou num "meltdown" no início do ano de 2017.

Ao fim do ano de 2016, infelizmente, fomos forçados a fechar as duas igrejas, por falta de condições de exercer o pastoreio. Naquele momento eu já não podia mais assumir a liderança da segunda igreja por estar enfrentando uma crise muito forte, chorando diariamente sem uma causa aparente e sentindo muitos sintomas ruins em meu corpo: labirintite (com tonturas todos os dias e várias vezes ao dia), urticária (todos os dias), digestão ruim (frequente acúmulo de gases), insônia persistente, mal-humor, taquicardias frequentes (todos os dias, várias vezes por dia) - eu me assustava com qualquer coisa e com frequência, e cada susto era uma palpitação que me dava, dores nas articulações, engasgos frequentes (todos os dias e todas as vezes que eu me alimentava), dentre outros. Todos os sintomas juntos caracterizavam o quadro de meltdown em que eu me encontrava.

Por causa do meu estado, que se agravava dia a dia, e sem ter quem nos substituísse, meu marido não viu outra saída senão terminar com os trabalhos nas duas igrejas, para que pudesse me dar maior atenção e cuidar de mim. Nós achávamos que ao parar o trabalho pastoral minha saúde iria melhorar, mas isso não aconteceu. Como continuei piorando, mesmo estando somente em casa, fui buscar ajuda profissional. Em março de 2017 iniciei um tratamento para depressão, que foi muito bom para mim, aliado ao descanso que fui obrigada a ter.

O tratamento durou cerca de um ano e, em abril de 2018, eu já estava completamente curada da depressão, sem mais nenhum dos sintomas do meltdown (eles pararam completamente com cerca de três meses após o início do tratamento) e não precisei mais continuar com a medicação. No entanto, minha condição asperger não havia sido diagnosticada, mesmo que ainda durante as consultas eu falasse como me sentia e o que acontecia comigo. Hoje eu sei o motivo: a pessoa que estava fazendo o meu tratamento, apesar de ser uma excelente profissional, não era capacitada para dar um diagnóstico de TEA. 

Descobri que os profissionais capacitados para isso são os que fazem cursos específicos na área do espectro autista (nem todos fazem!), e que o laudo não pode ser emitido por um profissional apenas, mas por uma equipe multidiciplinar, formada por, pelo menos, um psicólogo, um neurologista e um psiquiatra, todos já com experiência no diagnóstico dessa condição.

Foi durante o tempo do tratamento que comecei a pesquisar sobre neuroatipias, pois eu desconfiava que meu caso era especial. Quando terminei a medicação, eu já estava ciente de que era aspie, mesmo sem ter feito o diagnóstico com um profissional, pois passei todo aquele tempo do tratamento assistindo vídeos e lendo artigos médicos sobre várias condições até me identificar com o quadro do portador de TEA. 

Quando eu finalmente disse ao meu marido o que achava que tinha, ele não aceitou. Ele me achava normal, embora uma pessoa um tanto difícil de conviver. Só que, eu não me sentia normal, quando me comparava com os outros. Por fim, ele mesmo foi pesquisar sobre o assunto e chegou à conclusão que eu estava mesmo dentro do espectro autista.

Foi preciso toda uma série de acontecimentos para que, enfim, descobríssemos que havia algo diferente no meu corpo e que, ao contrário do que pensávamos, eu não estava de má vontade para servir a Deus. Saiu um peso de mim e hoje estou em paz com relação ao que posso ou não fazer, sem me condenar por não poder fazer alguma coisa. Meu desejo é que pessoas que possam estar na situação em que eu me encontrava e que hoje estão sofrendo sem entender o que se passa com elas possam saber a verdade sobre si mesmas e finalmente levarem uma vida tranquila.

Muitas vezes pensei em desistir de servir ao Senhor, por não entender o que se passava comigo. No entanto, Ele sempre levantou pessoas para me ajudar a continuar, e meu esposo, apesar de sofrer com meu comportamento estranho, foi a pessoa que mais Deus usou e continua usando para me animar e ensinar. Sou muito grata ao Senhor pela vida dele.



Tenho consciência que durante todo esse processo de auto-descoberta, Deus estava ao meu lado, me livrando e cuidando de mim. Ele mesmo me mostrou claramente como eu deveria proceder, especialmente no momento da crise, pois fiquei num estado em que não sabia mais o que fazer, com quem falar ou para onde ir. Nós não dizíamos a ninguém o que estava se passando comigo, para não escandalizar as pessoas. Eu podia ser mal interpretada, visto que as demais pessoas do nosso convívio me viam como alguém aparentemente normal.

Posso atestar que Jesus Cristo realmente nos guiou no meio de toda essa experiência. Sei que Ele não desejava que tivéssemos passado por todo esse sofrimento, mas, de certa forma, foi necessário para que finalmente compreendêssemos como deveríamos atender corretamente ao nosso chamado. Ele é bom e paciente!

Missionária Oriana Costa

quarta-feira, 31 de outubro de 2018

Depoimento - Parte 1 - O TEA na minha vida...

Este é um texto especial. Ainda em toda a minha vida não escrevi nada do gênero. Venho tratar aqui de algo que está em minha mente, mais precisamente em meu cérebro, desde que fui gerada no útero da minha mãe, contudo, nem ela e nem eu sabíamos disso: sou portadora de TEA (Transtorno do Espectro Autista).

Minha vida sempre foi um grande dilema. Muitas coisas que aconteciam comigo e aconteciam ao meu redor eu não entendia. Sempre me achei muito diferente da maioria das pessoas, mas não compreendia o porquê. Às vezes, me achava muito capaz para algumas coisas, outras vezes me achava uma tola, uma idiota, uma excluída. Meus pais nunca me disseram nada a respeito, apesar de eu notar um certo esforço da minha mãe em querer saber porque eu me comportava de maneira tão diferente do resto das crianças no tempo de escola.

Sofri a minha infância, adolescência e juventude inteiras, me sentindo incompreendida pelos meus pais e por outras pessoas, me sentindo mal quando estava perto de muita gente ou em lugares com muito barulho (eu era obrigada a estar nesses lugares), passando meus dias enclausurada no meu quarto e sem amigos - estar sozinha, ou com pouca gente perto de mim, me fazia muito bem e ainda hoje me faz.

Creio que as pessoas na escola e na faculdade deviam me achar muito estranha, mas não tinham coragem de me dizer. Quando eu era adolescente, tinha mais amizade com crianças do que com pessoas da minha idade. Eu achava mais fácil me relacionar com elas. Elas não exigiam muito e gostavam de mim do jeito que eu era. Eu realmente não tinha assunto para as pessoas da minha idade. Se fosse para falar de coisas relacionadas à escola, de estudos, até conseguia conversar, mas, quando passava disso, já não me interessava mais e assim eu tendia a fugir de conversas mais maduras.

Eu amava poesia (e cheguei a fazer várias), artes plásticas de uma forma geral, música e teatro. No entanto, por ser criada de uma forma muito presa, não podia ir fundo com nenhuma das coisas que gostava. Meus pais não me deixavam sair para passear com amigos, e eles mesmos não gostavam de sair. Os únicos lugares que eu podia ir eram: escola, dentista, médico, às compras, sozinha ou na companhia deles. Minha família sempre foi muito reservada e o passeio que eles faziam sempre era para um pequeno sítio situado num município vizinho à cidade que morávamos, para o qual iam todos os fins de semana. Foi nesse ambiente "de claustro" que eu cresci.

Hoje, graças a Deus, consigo enxergar porque fui criada tão presa: percebi que meu pai está dentro do espectro autista, sendo dele que herdei tal condição.

Meu pai sempre foi um homem muito solitário e amargo, só se sentia bem longe de tudo e de todos. Nos fins de semana, se retirava para o seu pequeno sítio de três hectares. Após fazer um concurso para escriturário em um banco, passando em segundo lugar no ano de 1977, ainda quando eu era pequena, trabalhou ali até se aposentar, cerca de trinta anos depois. Ele sempre foi fascinado por matemática e lógica, o que ajudou para que ele se desse muito bem no seu trabalho. O hiperfoco é uma das características de pessoas que se enquadram no perfil do TEA; porém, no meu caso, sempre tive um foco onde eu podia usar minhas habilidades criativas.

Então, de segunda a sexta, meu pai passava o dia trabalhando, fazendo cálculos no banco e, à noite, voltava para casa para jantar e dormir; ao voltar para casa não falava muito com ninguém, simplesmente se isolava. Não tinha amigos, a não ser os colegas de trabalho, que vez perdida apareciam para nos visitar.

Meus pais muito dificilmente saiam para visitar outras pessoas, mesmo seus parentes. E muito dificilmente estes apareciam em nossa casa, pois geralmente as pessoas gostam de ir fazer visitas umas às outras nos fins de semana e, nesses dias, nós estávamos longe, isolados num sítio, onde meu pai gostava de estar. Geralmente, as pessoas que costumavam ir ao sítio vez ou outra e ficar nos fins de semana conosco eram as irmãs do meu pai, minhas tias.

Uma delas ficou viúva muito cedo e uma outra era casada com um marido esquizofrênico, de forma que encontravam nesses passeios em família uma forma de abrandarem aquele vazio da ausência dos maridos. A presença do meu pai servia para suprir a falta dos pais dos meus primos.

Dessa forma, me acostumei a ficar só a maior parte do tempo e, quando muito, na companhia da minha família, sem muito papo com meus pais, vivendo num mundo de sonhos, cores, formas e sons, um mundo só meu, que eu não compartilhava com absolutamente ninguém.

Quando eu e meus pais conversávamos, sempre era para resolver alguma coisa, tomar alguma decisão e só. Eles não demonstravam nenhum tipo de afeto com pessoas, nem mesmo comigo ou com minha irmã; especialmente o meu pai só conseguia demonstrar afeto pelos bichos de estimação que criava. Quando eu questionava minha mãe sobre isso ela respondia que não precisávamos ser carinhosos uns  com os outros para estarmos bem; e também sempre me dizia: "amigos só põem a gente a perder, não precisamos de amigos", talvez numa tentativa de me consolar. Foi nesse contexto que passei toda a minha infância, adolescência e parte da minha juventude. Essa era a minha normalidade.

No entanto, apesar das minhas limitações, eu sentia que não era bom levar a vida daquele jeito. De fato, aquela maneira de viver me oprimia e eu me sentia sempre desvalorizada e incompreendida pelos meus pais. Por não conversarmos muito, em muitas ocasiões eu acabava tomando minhas decisões sem comunicar a eles e fazia muitas coisas às escondidas. Na escola e na faculdade, ninguém tinha ideia do estilo de vida que eu tinha.

A partir dos 14 anos, iniciava e terminava namoros (muitas vezes, sem que meus pais soubessem), sempre na tentativa de que algum deles desse certo e eu finalmente saísse daquela prisão. Mas, eu me aborrecia rapidamente com os comportamentos dos rapazes e logo abandonava os relacionamentos. O que eu não sabia era que eu tinha um problema neurológico e, mesmo que eu casasse e saísse de casa, o fato de eu estar casada e morando longe dos meus pais não iria melhorar muito minha vida. Fatidicamente, descobri isso passando por mais sofrimentos depois de me casar, ainda muito jovem, com 20 anos. Aos 21 anos, alguns meses antes de descobrir minha primeira gravidez, deixei Jesus Cristo entrar em meu coração e passei a aprender Sua palavra. Este é o motivo de eu ainda estar viva hoje e conseguir superar os sintomas do TEA, o que me faz parecer uma pessoa normal.

Por não ter muita noção de perigo, muitas vezes me envolvi em situações que poderiam ter terminado tragicamente, se não fosse a intervenção de Deus me protegendo, pois, como eu não tinha amigos e não dizia nada a ninguém, qualquer coisa poderia me acontecer e muito provavelmente as pessoas só iriam saber quando já fosse tarde demais. Com o tempo, fui aprendendo a não ficar sozinha em todo o tipo de lugar, porque, antigamente, eu não sentia medo de absolutamente nada.

Fui tratada como uma pessoa normal (neurotípica) esses anos todos da minha vida e isso me custou muito sofrimento e frustrações. Certamente, se eu tivesse sido diagnosticada na infância, muitos transtornos e situações desgastantes que passei teriam sido evitados e eu teria tido uma melhor qualidade de vida. Vejo que o que realmente está fazendo a diferença hoje é saber a verdade sobre mim mesma. Antes tarde do que nunca, mas ainda considero que não seja tão tarde, apesar de já ter passado dos quarenta. Pelo menos agora estou mais consciente de quem realmente sou e das minhas limitações e posso dizer alguma coisa concreta às pessoas se precisar explicar minha conduta.

Os vizinhos da casa onde morávamos durante minha adolescência estranhavam minha maneira de ser e achavam que eu era orgulhosa, porque, ao sair na rua, não cumprimentava as pessoas que passavam perto de mim. E ainda hoje, pode ser que algum vizinho do lugar onde moro me ache estranha, visto que nem sempre saio de casa disposta a falar ou cumprimentar as pessoas, mas tenho me esforçado para agir como uma pessoa normal e educada.

Tenho sempre que me policiar ao sair de casa, pois como meu jeito de ser é diferente, posso ferir alguém com minhas palavras ou meu comportamento sem perceber. Tento parecer o mais normal possível, mas isso é muito cansativo para mim, demanda muita renúncia e paciência. Por isso reluto tanto para sair de casa às vezes, especialmente quando é para socializar. Preciso sempre tomar muito cuidado com o que digo ou faço para não ser mal interpretada, ainda assim, vez por outra, escorrego nas ações e nas palavras e aí, já era.

Festas, reuniões, locais com muita gente e muito barulho são sempre muito desgastantes para mim, tanto por causa da vigilância que eu tenho que ter com meu próprio comportamento, quanto pelos estímulos sensoriais ao meu redor (mudanças climáticas, cheiros, sons, luz, movimentos, cores, formas, etc.), que muitas vezes me incomodam e até me assustam. 

Até para ir à igreja ou visitar meus pais, preciso fazer um esforço extra, pois, inacreditavelmente, apesar de gostar muito dos meus irmãos e dos meus pais, eu não sinto falta; mas, ainda que eu não me sinta muito confortável, eu procuro estar lá por crer em Deus e saber, pela palavra d'Ele, que é necessário congregar para manter a fé e que também não devo abandonar meus pais. Minha forma de ver o mundo é muito diferente do normal, mais aguçada em alguns aspectos e deficiente em outros; meus sentimentos são diferentes, isso muitas vezes me atrapalha e se apresenta como um obstáculo gigantesco na hora de realizar algumas tarefas, mas não me impede de fazer o que é certo quando eu sou instruída sobre o que é certo fazer. 

Com toda a certeza, eu acabo fazendo um esforço muito maior do que uma pessoa normal precisa fazer para executar trabalhos comuns, mas procuro ser perseverante. Isso não significa que, muitas vezes, eu não desista de continuar com algumas coisas. Se for para o meu bem ou para o bem da minha família, certamente, desistirei. Isso ocorreu, por exemplo, quando precisei interromper a faculdade que eu amava, a fim de conciliar outras situações importantes na minha vida.

Não conseguia estudar e conciliar isso com os cuidados que tinha que ter com a saúde do meu marido, que na época chegou a ficar muito tempo doente, de cadeira de rodas, e acabei renunciando minha vaga na universidade. Estou há nove anos longe do meu curso do coração (Artes Visuais, UFRN), mas ainda sonho em retomá-lo e terminá-lo. E creio que este sonho está mais perto de se realizar agora.

Tenho problemas com relação a discernir fisionomias; não foram poucas as vezes que senti repulsa com os rostos e comportamentos de algumas pessoas, em vários lugares diferentes, que para outros indivíduos ao meu redor (como para meu marido, por exemplo) são percebidas como pessoas absolutamente normais. Ou seja, uma pessoa de aparência normal pode parecer monstruosa (exagerando aqui na palavra para que me possa fazer entender) ou bem estranha para mim, dependendo de como eu a percebo.

Consigo discernir quando uma pessoa está triste ou está alegre, se está cansada ou está pensativa/preocupada, mas certos de tipos de posturas e jeitos de olhar podem me causar estranheza e podem me fazer ficar bem afastada de alguns indivíduos, sem que estas pessoas sequer tenham interagido comigo. 

Não tenho muito sucesso ao fazer leitura labial, seria um desastre eu estar numa situação difícil em que alguém tente me comunicar alguma coisa apenas mexendo os lábios, sem emitir nenhum som: nada entenderia e a pessoa perderia seu tempo.

Também não me apego a pessoas ou coisas facilmente; só sinto falta de alguém se tal pessoa estiver convivendo comigo há muitos anos diariamente, ou se o indivíduo estiver ligado a mim de uma forma mais forte, como meu marido e meus dois filhos. E mesmo assim, a saudade ainda é um sentimento que não conheço muito bem. Não sou de ficar mandando mensagens para as pessoas ou querendo saber da vida delas; isso pode soar como indiferença, mas o fato é que, em todo o tempo, estou envolta na minha rotina, sempre silenciosa (eu não falo muito) e buscando me concentrar nos meus afazeres. Este é um motivo pelo qual tenho dificuldade de manter amizades, mas Deus realmente tem me ajudado com isso.

Às vezes, para mim, ficar em filas é bem complicado, especialmente se estiverem conversando atrás de mim ou muito próximos a mim. Sinto cócegas com alguns tipos de sons emitidos nas minhas costas e isso incomoda bastante. Esse é um tipo de percepção sonora que eu acho bem estranho em mim. 

Se faço apenas um tipo de serviço (ainda que minucioso) em que preciso me concentrar bem nele, me sinto confortável, no entanto, se tenho que fazer muitos serviços um atrás do outro, ou tenho que mudar de um para outro rapidamente, isso já me desgasta, me trava, pois minha mente sobrecarrega rápido - por isso sou tão lenta para serviços domésticos (essa é uma característica bem masculina que tenho). Contudo, amo cozinhar, pois nesse serviço posso usar bastante minha criatividade. Quase sempre estou inventando novas receitas de bolos e outras guloseimas, para a alegria dos que me cercam.

Um dos momentos mais difíceis da minha vida foi quando eu tive que cuidar dos serviços da casa e dos meus dois filhos, quando eram pequenos, coisa que eu realmente não conseguia fazer; deste modo, acabava optando somente por cuidar deles e deixava a casa sempre para depois (por isso a casa vivia bagunçada a maior parte do tempo).

Eu não sabia como explicar o motivo de eu me sentir tão cansada o tempo todo apenas por cuidar dos meus dois filhos, se eu não estava doente. Fui mal interpretada muitas vezes pela minha própria mãe, que me dizia que eu estava de má vontade para cuidar da casa; durante toda a minha adolescência e início da minha juventude, ela me chamou por várias vezes de imprestável e de inútil, por não conseguir fazer tudo o que ela me pedia, na velocidade que ela queria, e isso me entristecia muito. Mas, ao aprender o ensino de Cristo, eu a perdoei, pois sei que ela me interpretou mal por não entender o que se passava comigo.

Aconteceu que, por três anos seguidos, enquanto meus filhos ainda eram pequenos (eles tinham apenas um ano de diferença de um para o outro), eu só conseguia cuidar deles dois e não conseguia cuidar de mim (especialmente não conseguia descansar ou dormir o suficiente, nem me alimentar direito). Não havia quem me ajudasse na maior parte do tempo, meu marido passava muito tempo fora de casa por causa da faculdade e do trabalho e meus pais moravam longe.

À medida que o tempo foi passando, fui ficando fraca e um dia fui levada para o hospital às pressas com uma grave infecção que quase me levou a óbito. Não morri naquele momento porque fui livrada por Deus. Passei uma semana internada até ter condições de receber alta e ir para casa. Depois disso, vendo meu estado de saúde fragilizado, meus pais resolveram me ajudar contratando uma pessoa para me auxiliar nos serviços domésticos, pois naquele tempo eu não podia pagar. Ninguém desconfiava que aquilo tudo estava acontecendo por causa de uma limitação neurológica que eu tinha. Esse foi, sem dúvida, um dos piores momentos que passei em minha vida por causa do TEA.

Sair da rotina sempre foi muito desgastante para mim, isso inclui toda e qualquer mudança no andamento natural das minhas coisas cotidianas. Quando sei que vou ter que viajar (mesmo que seja a passeio) ou ir visitar alguém (dependendo do motivo da visita), geralmente fico muito ansiosa e perco o sono antes e durante todo o decorrer do evento. É muito comum eu voltar de viagens exausta, se não tomar medicamentos para aliviar a ansiedade, pois só consigo dormir bem ao chegar em casa.

Não entendo todo tipo de piadas e muitas coisas ou situações que fazem as pessoas rirem, para mim, são indiferentes ou não têm graça nenhuma. Não consigo achar pessoas se acidentando algo engraçado - é assim que soa para mim as famosas "videocassetadas" -, enquanto os outros estão rolando de rir, eu fico séria.

Essas são algumas das situações que passei, e continuo passando, no meu dia-a-dia, desde a minha infância até agora. Muitas pessoas não entendem minhas reações diante de algumas situações, mas creio que se alguém que me conhece estiver lendo esse texto vai passar a me entender melhor a partir de agora. 

São muitas as limitações de uma pessoa que está dentro do espectro autista, por causa da sua percepção diferente das coisas ao redor, e realmente não sei se estaria casada por todos esses anos (24 anos) com a mesma pessoa, se Deus não tivesse agido em nossas vidas para nos fazer aceitar um ao outro. Também não sei se suportaria atender ao chamado de Deus na minha vida, sendo uma pessoa anti-social por natureza, e tendo que lidar com pessoas, trabalhar em equipe, ouvir sons altos e ter que passar muitas situações difíceis para mim, se o Senhor Jesus não me ajudasse muito e poderosamente.

Muitas vezes fiquei sem entender, ou entendi errado, comportamentos e falas do meu marido e, tantas outras vezes, meu marido ficou sem me entender ou entendeu errado minhas falas e meu comportamento. Isso resultou em muito desgaste em nosso casamento, creio que se não fosse a intervenção do nosso Criador, certamente não estaríamos mais juntos. Pelo conhecimento de Cristo aprendemos a perdoar e suportar um ao outro e praticamos o perdão mútuo mais do que um casal normal o faz em seu cotidiano, e digo com todas as letras que é isso que nos tem ajudado a prosseguir em paz e alegria.

Hoje estamos indo em busca de um acompanhamento profissional, pois o próprio Deus nos abriu os olhos para a existência do TEA em minha vida e tem nos direcionado a lidar com essa situação da forma correta. Graças ao cuidado do Senhor para conosco, meu marido está me compreendendo melhor e agora eu estou me sentindo mais segura; quando alguém é constantemente incompreendido pelos outros, tal pessoa se torna um ser que vive insatisfeito, inseguro e frustrado o tempo todo (era assim que eu me sentia).

O que posso dizer, enfim, é que Deus muda quadros e contraria as situações para que Seu Nome seja glorificado. Estamos vencendo! Em breve vou publicar outro texto com mais detalhes de como foi enfrentar o pastoreio de igrejas sem saber da minha condição, e como isso me afetou. Até lá!  

Oriana Costa

terça-feira, 16 de outubro de 2018

Rastros e resultados


É muito comum na nossa vida cotidiana tomarmos decisões com base na aparência das coisas ou com base no que sentimos no momento. Isso é absolutamente natural e até nos livra de acidentes e outras coisas que atentam contra o nosso bem-estar. Muitas das nossas reações, se não forem rápidas, podem custar caro para nossas vidas ou para as vidas dos que nos rodeiam, podendo até mesmo finalizá-las.

No entanto, algumas vezes precisamos de um tempo a mais para agir ou para fazer uma escolha. Nós precisamos analisar os rastros e os resultados daquilo que vamos nos associar, apoiar ou usar. Precisamos saber se nossas decisões serão de fato boas não somente naquele momento em que estamos optando, mas também nos dias futuros.

Um dos problemas que enfrentamos nesses momentos é que em algumas situações não temos como saber ou discernir se as informações que chegam até nós sobre aquele assunto são mesmo verdadeiras, outras vezes, não temos como ter acesso às informações que precisamos. Em certas ocasiões, porém, nós somos levados a tomar decisões embasados pelo que ouvimos falar, mas não pesquisamos sobre o assunto; é muito comum, para a maioria das pessoas, seja por comodismo ou por falta de tempo, ou até mesmo por falta de paciência para pesquisar, aceitar de imediato a opinião de pessoas influentes ou mais letradas como sendo corretas do que ouvir ou ler a respeito e depois ir estudar um pouco sobre o tal assunto.



Pessoas que tomam como verdade ou acreditam de imediato na primeira coisa que ouvem ou leem, e não procuram analisar depois as informações que tiveram acesso, são enganadas e tomam decisões erradas para suas vidas mais facilmente do que aquelas que ouvem ou leem, mas em seguida procuram se informar mais sobre o que ficaram sabendo, na medida do possível.

É claro que existem pessoas nas quais depositamos nossa confiança cegamente, por assim dizer, pois sabemos que elas jamais mentiriam ou passariam a nós quaisquer informações equivocadas. A opinião dessas pessoas para nós é muito importante, e porque não dizer, até crucial, nos momentos de decidirmos alguma coisa. Porém, somos limitados e falhos: ninguém sabe de tudo e, muitas vezes, apesar da muita vivência, indivíduos podem se enganar ao emitir suas opiniões na tentativa de ajudar. Sem esquecer, obviamente, que nem tudo o que serve para uma pessoa, necessariamente, servirá para outra.

Por este motivo, não devemos ficar somente com uma opinião sobre um assunto, ou com a opinião de um grupo isolado, especialmente quando a decisão a ser tomada vai interferir de maneira forte em nossos futuros. E não somente isso, mas devemos procurar, sozinhos, nos informar melhor sobre o assunto. Temos hoje a internet à nossa disposição e, fazendo bom uso dela, podemos acessar com rapidez as informações que necessitamos, analisando racionalmente todos os lados possíveis das histórias ou todas as facetas, boas e más, que os assuntos possam apresentar.

Essas ações devem estar ancoradas num parâmetro importante: precisamos ter à disposição uma fonte absolutamente confiável de informações, onde possamos, a partir dela fazer, comparações com as demais fontes que nos emitem conhecimento. Deve ser uma fonte precisa, imutável, justa, imparcial, universal. Mas, onde encontrar tal fonte? Será que essa fonte existe? 

Bem, a resposta é que a fonte existe e é fácil de encontrar. Seu nome é "Bíblia Sagrada", também conhecida como a "Palavra de Deus". Ela não é somente um conjunto de livros religiosos. Antes disso, é um livro histórico. As informações contidas nela têm a capacidade de nortear nossas vidas da maneira correta, nos livrando de muitos males e prejuízos. O conteúdo da Bíblia é absolutamente íntegro e confiável, ao contrário do que muitos imaginam, e pode ser tomado como padrão de comparação em qualquer situação.



A Palavra de Deus apresenta centenas de situações e seus resultados, mostrando como elas aconteceram e porque aconteceram. Também mostra que desde o princípio da criação as coisas continuam se sucedendo da mesma maneira, só mudando a roupagem ou, a tecnologia. Ela realmente aguça o discernimento de quem investe tempo em buscar nela conhecimento e entendimento sobre os mais variados assuntos.

O conteúdo bíblico nos socorre prontamente na hora de enxergar o que é verdadeiramente bom e o que é de fato ruim para nós. Quem toma decisões adotando como parâmetro o conhecimento de Deus não se decepciona, é livrado do mal e tem sucesso em tudo o que faz. A própria palavra de Deus diz o seguinte:

"Como são felizes os que andam em caminhos irrepreensíveis, que vivem conforme a lei do Senhor! Como são felizes os que obedecem aos seus estatutos e de todo o coração o buscam! Não praticam o mal e andam nos caminhos do Senhor. Tu mesmo ordenaste os teus preceitos para que sejam fielmente obedecidos. Quem dera fossem firmados os meus caminhos na obediência aos teus decretos. Então não ficaria decepcionado ao considerar todos os teus mandamentos.” (Salmos 119:1-6)

"A tua palavra, Senhor, para sempre está firmada nos céus. A tua fidelidade é constante por todas as gerações; estabeleceste a terra, que firme subsiste. Conforme as tuas ordens, tudo permanece até hoje, pois não há nada que não esteja a teu serviço. Se a tua lei não fosse o meu prazer, o sofrimento já me teria destruído. Jamais me esquecerei dos teus preceitos, pois é por meio deles que preservas a minha vida." (Salmos 119:89-93)

"Tenho constatado que toda perfeição tem limite; mas não há limite para o teu mandamento. Como eu amo a tua lei! Medito nela o dia inteiro. Os teus mandamentos me tornam mais sábio que os meus inimigos, porquanto estão sempre comigo. Tenho mais discernimento que todos os meus mestres, pois medito nos teus testemunhos. Tenho mais entendimento que os anciãos, pois obedeço aos teus preceitos." (Salmos 119:96-100)

Os três trechos acima grafados estão localizados no Salmo 119, constante no Antigo Testamento da Bíblia Sagrada. Eles constituem a fala do Rei Davi, onde ele, ao mesmo tempo em que dá seu depoimento com relação ao que comprovou através do uso da instrução de Deus, também conversa com Ele. E não é somente ele que chega a estas conclusões ao tomar como padrão para sua vida os princípios estabelecidos por Deus, mas todos aqueles que acessam este conhecimento de todo o coração concordam unânimes com o parecer desse famoso rei.


Oriana Costa - Missionária

quinta-feira, 11 de outubro de 2018

Um sentimento puxa outro, um conhecimento leva a outro, uma atitude leva a outra


Nestes meus 44 anos de caminhada na Terra, tenho aprendido muito a cada dia, especialmente depois que passei dos trinta. E graças ao conhecimento da palavra de Deus, tenho discernido melhor as coisas ao meu redor.

Atualmente, vivendo ainda no meu país, e observando tudo o que vem acontecendo, não somente em minha nação, como também em muitas outras, percebo como os pensamentos e desejos individuais das pessoas tem passado por cima da verdade que as rodeia e levado muitos a mergulharem numa grande confusão gerada por conceitos egoístas e imediatistas. Valores imutáveis e constantes que antes norteavam as pessoas em suas decisões, e lhes traziam equilíbrio e paz, não só individualmente como socialmente falando, hoje, são colocados de lado para dar lugar a valores inconstantes, que mudam a cada instante dependendo da aparência das situações, das emoções e das formas de pensar muito pessoais de cada indivíduo.

Cada pessoa tem sua maneira de pensar e ver as coisas, como também nossas emoções variam de acordo com cada circunstância que enfrentamos diariamente, e isso não é ruim. O problema é que fatores que mudam com facilidade não podem servir de base para se criar leis e se tomar decisões, pois leis são criadas (ainda que aqui na terra elas mudem de acordo com nossas vontades) e decisões são tomadas para interferir em nossos futuros para sempre, de uma forma ou de outra.

Algumas leis e decisões não têm tanta força para mudar nossas rotinas a ponto de nos fazer modificar a forma de viver e de se relacionar com os outros, mas outras têm muito poder para fazer isso acontecer, de forma a interferir tanto para o nosso bem quanto para o nosso mal, seja individualmente seja coletivamente. E essas coisas eu observei estudando a Bíblia e usando como fator de comparação a Palavra de Deus, que não muda e não falha, e não usando apenas os acontecimentos ao meu redor ou meus próprios sentimentos e desejos pessoais. Aliás, percebi, pelo conhecimento da Palavra de Deus, que muitas decisões que tomei, levada por meus próprios sentimentos, me fizeram sofrer muito mais na vida do que se, simplesmente, eu tivesse conhecido e colocado em evidência a verdade de Cristo no momento de agir.

Muitas vezes criei regras para mim mesma, como por exemplo: "agora só vou amar apenas quem me ama e só vou valorizar quem me valoriza"; comecei a praticar tais regras, contudo, elas se basearam em sofrimentos passei. O resultado foi mais sofrimento, pois isso me levou a guardar mágoas, ficar sempre lembrando o que as pessoas fizeram de ruim comigo e não perdoar de verdade o meu próximo, mesmo que eu falasse que já tinha perdoado. Cristo nos ensina exatamente o contrário do que eu pensava levada por meus sentimentos e experiências ruins: "Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus." (Mateus 5:44, ACF)



O que Cristo falou não é somente um bom conselho, mas é a lei que opera em seu Reino, e é a forma como os verdadeiros filhos de Deus se comportam. Filhos de Deus não vão se comportar de maneira diferente da que Cristo ensina e, se por acaso contrariam essa conduta, logo se arrependem, pois lembram e colocam a Palavra de Deus em primeiro lugar em suas vidas. Somente ela pode representar um fator de ensino e correção justos na vida de alguém, para que tal pessoa seja livrada de sofrimentos vãos, esteja em paz consigo mesma e "esteja em paz com os outros ao seu redor" (na medida do possível, pois como falei no início "cada pessoa pensa de uma forma diferente", e por isso tem formas diferentes de interpretar os fatos; por este motivo há tanta perseguição aos cristãos - os que não conhecem o ensino de Cristo muitas vezes interpretam as atitudes dos cristãos de forma equivocada).

Observei, ao longo desses anos de vida, que existem coisas que, por mais que as pessoas neguem movidas por seus sentimentos e desejos pessoais, sempre serão o que são e nada poderá mudá-las; como exemplo temos: a terra girando em torno do sol, o sol trazendo calor à terra, a terra produzindo ervas verdes, animais e plantas formando ecossistemas perfeitos, a lua girando em torno da terra, seres vivos nascendo e seres vivos morrendo. Para todas essas coisas acontecerem sem falhar, existem leis que foram criadas, estabelecidas em seus devidos locais e nunca mudam, como por exemplo, a lei da gravidade. Quem criou essa lei perfeita e muito poderosa, como também todo o universo, não foi o homem nem o acaso, mas Deus.

A lei da gravidade não foi criada pelo homem e sim, descoberta e pesquisada por ele, para ser melhor entendida e usada. E ela é tão perfeita e tão bem estabelecida que, se qualquer ser humano tentar mudá-la não conseguirá. A única coisa que os seres humanos podem fazer é se adaptarem a ela em cada lugar que ela age. Quando alguém tenta desafiá-la sem se proteger adequadamente, achando que nada lhe acontecerá, fica à mercê de seus efeitos, pois ela não para da funcionar onde está estabelecida em nenhum momento.

Agora faço a seguinte pergunta: como alguém pode saber que roubar é errado de fato e parar de roubar para nunca mais voltar a fazê-lo? Somente por alguém lhe dizer que roubar é errado? Somente por saber dos danos que roubar causam ao próximo? Somente por que sabe que se roubar poderá ser penalizado ou castigado por isso? Se essas afirmações fossem suficientes para fazer com que as pessoas que roubam parassem definitivamente de roubar, então não teríamos tantos ladrões agindo hoje em nosso país e no mundo, e as penitenciarias, especialmente no Brasil, não estariam tão cheias de ladrões de todas as classes sociais.

Alguém que rouba precisa comparar o ato de roubar com algum outro comportamento ou conceito que lhe faça mais sentido ou, desta forma, tal pessoa não verá vantagem alguma em parar de tomar à força, ou às escondidas, as coisas dos outros. Quem rouba não se envergonha do que faz, a menos que diante de tal indivíduo seja colocado um fator verdadeiro, imutável e constante, com resultados totalmente benéficos, que conduza ao arrependimento sincero de sua prática. O único parâmetro de comparação capaz de fazer alguém repensar sua conduta e se arrepender realmente é o ensino de Cristo - a Verdade de Deus -, não há outro. Não é pela força que se converte realmente o mal pensamento de alguém em um bom pensamento e sim pelo conhecimento da verdade das coisas.



A verdade das coisas vem do nosso Criador e este nos apresenta um padrão de justiça puro e que não varia conforme as situações, que está manifesto em Cristo. E Cristo, por sua vez, nos revela tal informação por seu ensino.

Oriana Costa - Missionária

Quer assistir um bom vídeo explicativo sobre o Reino de Deus? Clique no link a seguir:
https://youtu.be/S7x-GYma9zY - clicando nesse link você terá acesso ao canal do Ministério Águios.

sexta-feira, 28 de setembro de 2018

Meu devocional - Salmo segundo

Muitas pessoas entre as nações e seus governos investem contra Jesus Cristo perseguindo os cidadãos de seu Reino, desprezando sua palavra e ridicularizando sua autoridade, sem, no entanto, entenderem bem porque estão fazendo isso. 

Equivocadamente acusam a Cristo, culpando-o de agir com relação ao mundo com um julgo duro e colocar sobre as pessoas um fardo pesado. Porém, estão enganados pelo príncipe desse  mundo, Satanás. 

O Senhor Jesus, que vive e reina eternamente, está vendo e ouvindo essas coisas, e fazendo chacota de tudo isso. A verdade é que Ele foi estabelecido no trono do governo das nações para sempre, e ninguém pode tirá-lo de lá. O Pai entregou a Ele este encargo, dando-lhe todo o poder sobre a terra e os céus, para decidir acerca de tudo e julgar todas as coisas com rigor e imparcialidade, de acordo com os decretos estabelecidos pelo Pai Criador antes da fundação do mundo. 

Essa é a realidade que aterroriza os principados e potestades nas regiões celestiais, e que no dia do juízo será vista claramente em ação. 

Os que se tornam cidadãos do Reino de Deus discernem perfeitamente essas coisas e tem feito a sua parte, advertindo as lideranças da terra que reconsiderem e sejam prudentes; que procurem se aproximar de Deus e conhecer a Cristo, adorando-o e alegrando-se por causa dEle, pois nele está o livramento da destruição que se aproxima: aqueles que, se submetendo ao Maligno, não se arrependem da maldade e negam esta realidade, estão contra Cristo e já estão condenados para sempre. 

Felizes são os que nele se refugiam.

quinta-feira, 27 de setembro de 2018

Meu devocional - Salmo primeiro

Não seguirei os conselhos da impiedade nem me deixarei influenciar pela conduta pecaminosa, e nem irei me juntar aos que apontam o dedo para criticar e zombar.

Sou filha de Deus, amo a Sua justiça e por causa disso serei feliz para sempre, abençoada em todas as áreas da minha vida.

Minha plena satisfação está na justiça do Reino de Deus, e nela penso dia e noite. Neste mundo, andar na retidão da justiça de Deus faz com que eu seja como uma árvore frutífera plantada na margem de um rio que nunca seca: dou meus frutos no tempo certo e minhas folhas nunca murcham; sou próspera em tudo o que faço.

De modo contrário, quem segue a impiedade, fazendo suas próprias vontades, vive como a palha que o vento carrega e no fim de todas as coisas não sobreviverão ao julgamento.

Por isso, os que consentem com a maldade não permanecerão juntos para sempre dos que foram justificados pelo sangue de Jesus.

A diferença entre os que foram justificados por Cristo e os que não foram, é esta: os primeiros buscam conhecer a Cristo e alcançam vida para sempre, e os que vivem conforme seus próprios desejos somente aumentam dia a dia a maldade dentro de seus corações e seguem para a destruição sem se darem conta. 

sábado, 8 de setembro de 2018

O melhor sonho

Quando somos crianças nós queremos brincar, queremos comer algodão doce e ir ao parque; nessa época da vida o que mais queremos é diversão e muito movimento. E então, nós sonhamos em brincar o dia todo em todos os brinquedos do parque; nós também sonhamos em ganhar o brinquedo mais maravilhoso para nós, e também com os presentes que vamos receber no aniversário e no Natal. Os sonhos de uma criança são assim.

Aí, um dia nos tornamos adolescentes. Nossos sonhos mudam. Passamos a querer escolher nossas próprias roupas, e não queremos mais varrer a casa e lavar a louça como queríamos quando éramos crianças. Agora nós sonhamos em ir passear com nossos amigos no shopping, e o parque já não nos interessa mais. Sonhamos também em não ter que arrumar o quarto quando chegarmos em casa, e sonhamos com o momento em que vamos poder sair com os amigos para passear e voltar para casa a hora que bem quisermos. Os sonhos de um adolescente são assim.

Então, o tempo passa e nos tornamos jovens. Saímos do ensino médio e entramos na faculdade. Os que não entram na faculdade vão trabalhar. Agora, os sonhos são outros. Começamos a pensar em ter nossa própria vida, nossa independência. Então, sonhamos em conseguir um diploma universitário, um bom trabalho, um salário decente. Sonhamos encontrar alguém para casar e constituir família. E sonhamos também em viver grandes aventuras pelo mundo afora. Pois é, jovens sonham assim.

Depois, mais uns anos se passam, e ficamos mais velhos. Entramos na casa dos "enta" e outros sonhos começam a ocupar o lugar dos sonhos anteriores. Estamos cansados de muitas coisas, e sonhamos em parar um pouco para respirar, porque trabalhamos tanto e temos tão pouco tempo para descansar. Nós começamos a sonhar com a aposentadoria. Sonhamos com aquela viagem de férias prolongadas. Sonhamos com uma velhice tranquila.

Entre uma fase e outra da vida, muitos outros sonhos se formam dentro das mentes das pessoas. As que passam fome, sonham em poder comer bem todos os dias. As que não tiveram oportunidade de estudar, sonham em um dia poderem ir à escola e à universidade. As que não se deram bem no casamento, em encontrar alguém que lhe complete. As que não conseguiram ter filhos, sonham em um dia tê-los.

Outros sonham em ir assistir ao show do seu ídolo e poder conhecê-lo pessoalmente. Outros ainda sonham em poder viajar o mundo inteiro. Alguns sonham com o momento de reencontrar seus parentes distantes, outros não vêem a hora de ir embora e acabar com o sofrimento. Outros sonham em ficar curados e se verem livres das medicações, e outros sonham em conseguir pagar suas dívidas.

Nós passamos a vida inteira querendo, sonhando com muitas coisas. Se pararmos para pensar, vamos perceber que nossos sonhos vivem mudando, conforme mudam as fases e situações das nossas vidas. Eles mudam, e passam, assim como as circunstâncias. Podem se tornar mais intensos ou perderem a força de uma hora para outra. E eles podem se realizar ou não.

Ter sonhos e estabelecer metas faz parte da mente humana desde a infância. Porém, muitas vezes vamos precisar abrir mão deles, seja por um motivo seja por outro, porque, como disse há pouco, eles mudam conforme mudam as situações. O importante não é realizar todos os sonhos e cumprir todas as metas. O que mais importa em todo o processo da vida é saber lidar com a mudança de situação, pois elas mudam e com elas os sonhos e as metas. Se a nossa felicidade estiver em realizar sonhos e ter necessariamente que ver nossas metas cumpridas sempre, então seremos infelizes por toda a vida, e insatisfeitos com tudo.

O verdadeiro sábio põe sua confiança não em si mesmo ou em sua própria força, mas em algo que não mude, não pereça e seja eterno; ele põe sua confiança em algo que seja estável e que lhe dê segurança.

Já sabemos que o mundo e tudo o que há nele, inclusive nós mesmos, está mudando o tempo todo e é instável por natureza. Assim sendo, quem é de fato sábio constrói o alicerce da sua vida em Deus, pois esse é o único que não muda e não falha.

Quem está seguro em Deus, ainda que venha a adversidade, pois ela sempre acontece (mesmo que nos cerquemos de muitos esquemas para impedí-la), se mantém confiante, e seu principal objetivo não muda: pois o sonho único e constante dos que acreditam e confiam em Deus é poderem se encontrar com Ele, e estarem com Ele para sempre vendo-o face a face.

Missionária Oriana Costa.



quinta-feira, 28 de junho de 2018

Experiências ministeriais

Tudo começou há alguns anos atrás, quando eu e meu esposo entregamos nossas vidas a Jesus. Foi a melhor decisão de nossas vidas, nós realmente provamos do amor de Deus e estamos tendo experiências incríveis com o Senhor Jesus até agora.

Aconteceram muitas mudanças, muitas vezes nós fomos quebrantados, e de fato até hoje ainda estamos nos arrependendo dos erros que cometemos e aprendendo a ser mais parecidos com Cristo.

No decorrer desse processo de conversão das nossas almas, que se iniciou no momento em que deixamos Jesus entrar em nossos corações, iniciamos um crescimento no conhecimento do Reino de Deus e começamos a receber do Senhor muitas bençãos; também recebemos dons que nos ajudam a trabalhar na anunciação da mensagem de salvação e também a servir nos trabalhos eclesiásticos, colaborando na manutenção da fé verdadeira em Cristo Jesus entre os irmãos até sua volta.

No entanto, como nós não somos perfeitos e as demais pessoas que fazem parte da igreja também não são, muitas provas acontecem durante o percurso desse trabalho. Nós enfrentamos muitos desafios, situações difíceis e angustiantes; alguns sofrimentos foram tão pesados que nos levaram a diminuir ou parar algumas de nossas funções até que estivéssemos totalmente recuperados para continuar seguindo em frente.

Nós sabemos pelas escrituras bíblicas que ao entrarmos no Reino de Deus pela fé em Jesus Cristo nos tornamos herdeiros da vida eterna e, apesar de qualquer sofrimento que venhamos passar durante o tempo que estamos aqui, não temos mais nada a perder, pois não pertencemos mais a este mundo e TODAS AS COISAS  SEMPRE VÃO CONTRIBUIR PARA O NOSSO BEM. Isso quer dizer que, se o nosso coração não mais nos condena diante do nosso Criador (pois ainda que cometamos erros, há um arrependimento sincero e mudança de atitude que nos adequa à justiça do Reino do qual fazemos parte) o Senhor converte tudo em benção e vai nos conduzindo em paz.

Realmente, para aqueles que vivem a realidade da redenção, não há mais nada a perder neste mundo. Porém, apesar de estarmos cientes disso, sempre nos momentos de dificuldades acabamos esquecendo da perfeita realidade espiritual à qual pertencemos, e ficamos abatidos ou entristecidos, com a sensação de que estamos perdendo alguma coisa ou que não somos capazes de continuar o trabalho que começamos.

Nós ficamos entregues aos nossos sentimentos quando não lembramos o que Cristo fez por nós, em qual lugar habitamos espiritualmente e quem realmente somos agora. Nos primeiros anos do nosso processo de crescimento na fé, meu marido e eu passamos por esses momentos de vulnerabilidade diversas vezes; hoje, graças à firmeza que já alcançamos devido ao entendimento correto das escrituras concedido a nós pelo nosso amado Pai, não estamos mais tão vulneráveis.

Certamente Cristo sabe das nossas fraquezas e sonda nossos corações; ele conhece nossas limitações e sabe até onde nós podemos ir. De fato, ele não deseja nosso sofrimento, e sim quer que demos frutos provenientes da justiça de seu Reino; e esses frutos nós damos quando obedecemos a sua palavra e ao chamado dele para nossas vidas.

Uma das primeiras coisas que aprendemos na igreja é que ela é perfeita espiritualmente, mas fisicamente é formada de pessoas imperfeitas, e nem todas estão interessadas em ficar parecidas com Cristo ou se adequarem à justiça de seu Reino. E essa é uma realidade da qual participamos diariamente e não temos como fugir, e que nos obriga a aprender a paciencia e a pratica da pacificação, sem, no entanto, deixarmos de exortar nossos irmãos quando necessário e sermos também exortados por eles quando erramos em alguma coisa.

No início, achávamos que todos os crentes eram pessoas totalmente perfeitas e que especialmente os pastores eram infalíveis em seu procedimento. Nós ficávamos indignados quando víamos irmãos na fé ou as lideranças das congregações onde participávamos não se portarem sempre conforme aquilo que entendíamos ser o correto, segundo o conhecimento das escrituras que havíamos adquirido.

Com o tempo começamos a perceber que nós mesmos somos falhos e que precisamos da ajuda do Senhor para poder deixar de agir conforme nossa carne e passar a agir pelo novo espírito recriado em Cristo que recebemos. Até hoje estamos sendo confrontados pela palavra por causa das nossas imperfeições e tendo que nos arrepender das nossas faltas perante o nosso Deus.

Um tempo depois que decidimos adequar nossas almas à justiça do Reino, começamos a entender que nossa carne não se converteria jamais à retidão desse maravilhoso lugar e que ela precisava ser mantida cativa pelo conhecimento dessa justiça, se realmente quiséssemos viver como verdadeiros cidadãos do Reino de Deus nesse mundo.

Aprendemos que a conversão das nossas almas na realidade material se dará durante toda a nossa permanência nela, e que muitas vezes vai se mostrar um processo dolorido. Mas, apesar de ser sofrida, a conversão à justiça do Reino de Deus é totalmente benéfica e necessária, conforme o Senhor nos ensina por sua palavra. É muito bom quando podemos enxergar onde estamos errando e podemos mudar nossas condutas, confirmando e tornando visível aos que nos rodeiam a graça da justificação que foi concedida à humanidade espiritualmente; e essa oportunidade única e preciosa nos foi dada pelo Pai através do incrível e incomparável sacrifício de Jesus. A honra e a glória sejam dadas a ele para sempre por essa graça tamanha.

Então, até aqui relatei de maneira superficial o que todas as experiências que passamos nas várias congregações evangélicas cristãs das quais participamos nos fizeram aprender. Ao contrário do que acontece com algumas pessoas, as dificuldades e sofrimentos nos impulsionaram a continuar buscando a Deus em vez de parar totalmente essa busca.

É claro que muitas vezes (falo por mim mesma) pensei em desistir de congregar diante das decepções que passei, mas, quando analisava minha vida percebia que o mundo não poderia mais me satisfazer como antes e que convivendo com meus irmãos na fé, ainda que eu soubesse que muitas vezes iria sofrer, tanto por causa de meus próprios defeitos e limitações como por causa dos outros, aquilo era o ideal par mim. Somente fazendo parte da igreja do Senhor Jesus eu sou realmente útil em sua obra, por causa dos dons que ele me deu para cumprir as tarefas para as quais ele mesmo me chamou.

Agora vou pontuar alguns casos que de uma forma ou de outra, serviram de alerta e de fator de aprendizado em alguma área das nossas vidas.

Nessas mais de duas décadas de caminhada com Jesus que vivenciamos, vimos irmãos das igrejas que congregamos entrarem em processos depressivos (no qual estão há muitos anos), desistirem de seus casamentos e também desistirem da fé.

Quando falo em irmãos que se entregaram à depressão, desistiram de seus casamentos e/ou abandonaram a fé cristã, não falo de pessoas que estavam nos bancos somente assistindo aos cultos, mas falo daquelas que PARECIAM ESTAR FIRMES NO CONHECIMENTO DA VERDADE QUE LIBERTA e que ministraram profundamente em nossas vidas, falo de indivíduos que nos impactaram e foram instrumentos preciosos nas mãos do Pai para auxiliar no nosso crescimento espiritual; pela forma como aquelas pessoas eram usadas, nós não poderíamos de maneira alguma imaginar que um dia elas se deixariam levar por crises emocionais, optariam por se separarem de seus cônjuges, ou mesmo deixariam o convívio com os irmãos para voltarem a viver longe de Deus.

Hoje percebemos que aquelas pessoas ainda não estavam firmes na fé como aparentavam e que precisavam conhecer mais ao Senhor e serem tradadas; foram líderes, ministros de louvor, diáconos, discipuladores, dentre outros que serviam de forma intensa no meio eclesiástico. Não sei como estão vivendo agora, mas, espero sinceramente que aqueles que caíram em estado depressivo se recuperem e voltem a trabalhar na obra dando o seu melhor, que aqueles que dividiram suas famílias possam se arrepender sinceramente e não voltem a fazer isso de novo (se deram início a outras), e aqueles que se afastaram da igreja e deixaram de perseverar na fé possam fazer as pazes com o Senhor novamente.

Vimos também certos irmãos dando espaço para a operação de espíritos malignos ou aceitando doutrinas diabólicas como se fossem vindos de Deus. Isso nos indignou e nos entristeceu muito. Meu marido e eu, inclusive, pudemos experimentar o que é estar num ministério onde as lideranças aparentam serem tementes a Deus, mas, na verdade, estão distorcendo a palavra dele e seguindo suas próprias paixões.

No início não conseguíamos perceber o espírito de engano, por causa do nosso pouco conhecimento das escrituras, mas, meses depois de uma convivência intensa com tais pessoas (que gerou dúvidas e nos fez sentir uma certa instabilidade espiritual, de tal maneira que nos impulsionou a orar especificamente sobre isso), tivemos nossos olhos abertos pelo Senhor e nos arrependemos profundamente de termos concordado com algumas das perversões da justiça de Deus que eles nos estavam ensinando.

Por causa do nosso envolvimento com tal ministério, nosso casamento quase acabou. Esse sofrimento nos vacinou para que mais tarde pudéssemos discernir com rapidez trabalhos ou lideranças que se diziam cristãos, mas não estavam em aliança com Cristo. 

Enfim, no meio de tantas experiências, a que mais me marcou, e creio que marcou também toda a família, foi a experiência pastoral. Liderar duas igrejas em dois locais distintos do RN foi realmente algo desafiador e diferente de tudo o que já tínhamos passado até aquele momento; foram seis anos de muito aprendizado e crescimento em todas as áreas das nossas vidas.

Coisas que até então eu apenas sabia de ouvir falar, eu vi diante dos meus olhos. Conheci as rotinas de pessoas carentes; vi de perto o sofrimento delas, como percebi que assim como há soberba e egoísmo entre as pessoas de melhor condição financeira, também essas duas coisas existem nos corações de muitos daqueles que passam necessidade.

As igrejas que pastoreamos estavam em locais onde haviam pessoas de vários níveis sociais, mas a maioria dos frequentadores eram pessoas de baixa renda, até porque os locais onde estávamos estabelecidos não tinham muito conforto e beleza exterior: essa condição atraía o público mais carente.

Por sermos pastores, participávamos das vidas das pessoas mais ativamente; ficávamos sabendo de problemas pessoais e de muitas situações difíceis que as pessoas enfrentavam sem terem como resolvê-las a curto prazo. Nós sofríamos juntos com elas, e eu particularmente, pois, no início, não me acostumava com o fato de ver as pessoas necessitadas e somente orar por elas: eu tinha que fazer algo para ajudá-las, e quando eu não podia agir ficava profundamente entristecida. Tive que me acostumar com a realidade de que não poderia ajudar a todos, e entendi finalmente que o único que pode fazer isso é Deus.

Separamos brigas, fizemos reconciliação entre pessoas intrigadas umas com as outras, ajudamos casais a não desistirem de seus matrimônios, doamos roupas, alimentos, remédios e até dinheiro para pagar o gás e contas de água e luz vencidas dos irmãos. Aconselhamos muitos em situações difíceis a fim de ajudá-los a tomar decisões que protegessem suas vidas e preservassem a paz de seus lares; e vimos também alguns irmãos partirem para o merecido descanso do Senhor.

Muitas vezes precisamos chamar a atenção dos irmãos que agiam movidos por seus sentimentos ou viviam ao sabor das circunstâncias, em vez de atentarem para o que Cristo ensinou. Uns ouviam e consideravam, outros não. Presenciamos milagres maravilhosos de cura e provisão acontecerem, como também pessoas recebendo juízo sobre ações que cometeram insensatamente, sem atentarem para os conselhos e ensino que estavam recebendo à luz da palavra.

Considero que toda essa vivência foi uma faculdade especial que o Senhor nos ajudou a entrar e frequentar para que aprendêssemos coisas que fora dela jamais teríamos aprendido. Durante esse tempo de liderança corrigimos pessoas usando a palavra de Deus, como também fomos confrontados por ela. Não estávamos imunes ao quebrantamento, porque somos seres humanos falhos como qualquer outra pessoa; apesar de termos um pouco mais de conhecimento que as pessoas com as quais estávamos lidando, também tínhamos defeitos que precisavam ser corrigidos e só o Senhor poderia fazer esse trabalho, pois ele vê o que os outros não estão vendo e age de forma que os outros não podem agir: ele nos criou e é infinitamente sábio e poderoso.

Conforme as situações iam acontecendo, Cristo ia me apresentando detalhes da minha própria vida que eu desconhecia, e então passei a enxergar defeitos e limitações que não sabia ou não entendia que tinha. Quando chegou o tempo de encerrar o trabalho pastoral, em 2016, eu já estava exausta: e quem ao final de uma faculdade inteira não está? Então, foi penoso fechar aquelas duas congregações e encerrar os trabalhos naqueles dois locais em definitivo, mas, tivemos que fazê-lo, para o nosso próprio bem e para o bem daqueles que estavam debaixo das nossas lideranças.

Não tínhamos quem nos substituísse e especialmente eu necessitava parar naquele momento para buscar tratamento médico, pois minha saúde precisava de reparos devido à sobrecarga mental e emocional que enfrentei durante aqueles anos. Se continuássemos, muito provavelmente minha situação de saúde iria piorar e quando eu estivesse afastada precisando de cuidados, meu esposo também não ia poder pastorear devidamente; sem pastores presentes, os trabalhos teriam que ser parados por um longo tempo de qualquer forma e as pessoas iam precisar procurar outras congregações para não ficarem dispersas e esfriarem na fé.

De qualquer maneira, o próprio Deus nos deixou cientes que não reabriríamos as congregações, e que após meu tratamento retomaríamos o chamado itinerante que tínhamos antes de assumir o pastoreio das duas igrejas. Enfim, tudo acabou bem e cada um seguiu seu caminho, atendendo cada qual o chamado do Senhor para suas vidas. O trabalho foi intenso, desgastante, sofrido mesmo, mas valeu à pena. Vidas foram edificadas em Cristo, almas foram salvas e libertas da escravidão do pecado. Agradeço imensamente ao Senhor por tudo isso e peço que ele me capacite a continuar enfrentando os desafios da nova chamada ministerial. 

       


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terça-feira, 12 de junho de 2018

Já ouviu falar do Reino de Deus? - Parte 2

Na primeira parte desse texto informativo sobre o Reino de Deus observamos sua existência na dimensão eterna, suas características como nação independente e soberana sobre as demais nações que conhecemos na terra, e iniciamos uma explicação sobre como fazemos para adquirir a cidadania nesse lugar.

Agora vamos conhecer um pouco mais sobre a aquisição da cidadania no Reino observando outros pontos importantes, que vão proporcionar um maior entendimento no que se refere ao empoderamento de tal cidadania.

Como vimos no texto anterior, para ser um cidadão do Reino de Deus é preciso literalmente NASCER lá, e, inclusive, esta é a única forma de entrar lá. Em nosso mundo material, podemos sair e entrar de outros países apresentando um passaporte (em alguns casos com devida autorização: o visto), e adquirir cidadania em outras nações diferentes daquelas onde nascemos ao cumprirmos os requisitos estabelecidos pelas leis de cada uma. 

Porém, nascer dentro do melhor de todos os lugares (um evento chamado por Jesus de "nascer de novo", ou "novo nascimento") se tornou possível graças ao acordo especial firmado entre o Criador e toda a humanidade através da morte e ressurreição de Jesus Cristo. 

A cidadania no Reino de Deus, após adquirida, passa a ser ANTERIOR à cidadania no mundo; ela é considerada a primeira cidadania de alguém, pois o Reino de Deus foi concebido antes da nossa realidade material ser criada - esse foi o lugar de onde o nosso universo e tudo quanto há nele vieram.

Seguindo um protocolo único e simples, mas necessário, podemos ser justificados e posteriormente nascer no Reino, ser afiliados ao Pai Criador e ser seus herdeiros ou "herdeiros da vida eterna".

A legalização da cidadania no Reino de Deus não exige nenhum pagamento em dinheiro, como também não vai exigir o pagamento de nenhum imposto ou taxa mensal para a manutenção do lugar. O Reino de Deus é mantido pela palavra do Criador, que se manifesta pelo poder de sua autoridade e soberania.

Ao nascermos no Reino de Deus, automaticamente nós passamos a ser seus representantes enquanto estamos na terra, e sabendo que a realidade desse lugar é totalmente diferente da nossa realidade terrena. Porém, sendo cidadãos do Reino, devemos estar submissos às suas leis em primeiro lugar, e isso significa obedecer às ordens e instruções do Rei Jesus no que se refere à maneira como devemos nos comportar entre nossos concidadãos e também entre aqueles que não fazem parte do Reino, para que especialmente os que não conhecem o lugar saibam que realmente agora pertencemos a essa maravilhosa nação, e que ela é sim tão REAL quanto todo o nosso universo físico.

O protocolo para se nascer no Reino de Deus consiste em declarar, na presença de uma ou mais testemunhas (que já sejam cidadãs do Reino de Deus) a fé no Senhor Jesus Cristo, aceitando o seu governo sobre si e aceitando também a justificação disponibilizada por ele a toda humanidade, acordo este que limpa totalmente a quem a ele aderir de toda transgressão à justiça de Deus. Portanto, é o cumprimento desse requisito que nos faz nascer ali.

Essa declaração falada deve em seguida ser confirmada com um rápido mergulho em água (em qualquer lugar que tenha água onde se possa mergulhar e submergir em segurança). No entanto, essa parte do protocolo, se não puder ser cumprida por motivo de força maior, não invalida a declaração falada diante de uma ou mais testemunhas, que é o principal ponto a se cumprir.

Após essa declaração e confirmação de fé, o indivíduo deve sempre lembrar que aderiu a esse acordo participando de uma ceia junto com outros cidadãos do Reino de Deus (chamados também de irmãos em Cristo). A ceia é um ato simbólico (executada com um pequeno pedaço de pão e um pouco de suco de uva), que não é uma refeição: apenas serve para confirmar que foi estabelecido um acordo eterno através da morte e ressurreição de Cristo, até que Ele retorne e seja visto pelas nações da terra, assim como prometeu.

O mandamento da ceia não deve ser quebrado para a nossa própria proteção, pois ele está sempre nos trazendo à memória a realidade eterna à qual pertencemos e ainda não estamos vendo com nossos olhos naturais; por não podermos vê-la ainda, somos sempre levados a esquecer dela pelos entretenimentos da vida na terra, e assim, ficarmos à mercê das situações ao nosso redor, deixando de usufruir da boa, agradável e perfeita vontade de Deus para nós. 

É importante que a ceia (também chamada de "Santa ceia") seja feita pelo menos uma vez por mês, pois através dela trazemos à memória a validade e o cumprimento desse acordo ou aliança, até que o tempo da permanência dos cidadãos do Reino de Deus na terra termine e todos sejam levados de volta definitivamente para seu lugar de origem (esse evento é chamado também de "arrebatamento").

Existem muitos ajuntamentos de pessoas que decidiram se tornar cidadãs do Reino de Deus, cada um com um nome em particular (dentre cristãos católicos e evangélicos) de acordo com os costumes locais e também de acordo com o entendimento que possuem das escrituras bíblicas. Então, quando alguém entende a mensagem do Reino de Deus e decide se tornar um cidadão de lá, deve procurar um desses ajuntamentos e aderir ao acordo com Deus publicamente.

Também é importante que o ajuntamento de pessoas procurado esteja obedecendo fielmente ao protocolo para a legalização da cidadania no Reino de Deus citado acima, ou tais pessoas não estarão em unidade com o Rei Jesus Cristo; não estar em unidade com Cristo implica numa grave transgressão contra a justiça de Deus, o que levará essas pessoas a serem julgadas por suas obras, e isso é condenação certa!

É bom lembrar que mesmo após aceitar a Cristo como seu único e suficiente salvador, o indivíduo ainda pode pecar involuntariamente, por  não conseguir impedir o tempo todo a influência de sua carne, que ainda está separada de Deus. E, por isso, se alguém não tiver a justificação dada gratuitamente por Cristo e for julgado por suas obras, será fatidicamente condenado, e perderá o direito à entrada no Reino por descumprir os mandamentos imutáveis e perfeitos da justiça de Deus.

As informações sobre o Reino de Deus contidas neste texto são verdadeiras e confiáveis; elas estão acessíveis para todos no Novo Testamento da Bíblia Sagrada cristã.

Missionária Oriana Costa

quinta-feira, 7 de junho de 2018

Você já tem Jesus no coração?

(Testo repostado!)

Nesses 23 anos de caminhada na fé, enquanto evangelizo, tenho ouvido muito a frase "já tenho Jesus no meu coração", quando pergunto se a pessoa deseja aceitar Jesus Cristo como seu Senhor e suficiente salvador, depois que a palavra de Deus e as boas novas do Reino são anunciadas.

O Brasil é considerado um país cristão, pois a maioria dos habitantes se declara católica ou evangélica. Contudo, dizer que é católico ou evangélico não confirma que Cristo está mesmo dentro do coração de alguém. 

A maioria das pessoas que dizem "já tenho Jesus em meu coração" não o conhecem de fato; e isso é bem simples de notar, pois uma boa parte delas nem sequer sabe realmente porque Jesus teve que morrer crucificado e ressuscitar em seguida, quando abordadas sobre o assunto, por exemplo.

De fato, muitos são cristãos por causa da tradição cultural, e nem sequer acreditam que o conteúdo bíblico é verdadeiro e que Jesus Cristo realmente EXISTE

Muitos desconhecem que Deus é UMA PESSOA e ESTÁ VIVO, algo que está claramente expresso nas escrituras (leia Jó 19:25 e Atos 10:38-43); desconhecem também que para Ele estar dentro do coração de alguém, ou fazer parte da vida de alguém, é necessário seguir um "protocolo". Ele é simples, contudo, se não for feito, de maneira alguma Jesus Cristo poderá entrar no coração de um indivíduo. Este importante protocolo está devidamente publicado nas escrituras bíblicas e falarei sobre ele a seguir.

Precisamos ter o conhecimento de que Deus não trabalha aleatoriamente, ou movido por aparências e sentimentos. Ele estabeleceu alianças ou acordos com os homens, que tem como base leis e regras para cada caso dentro desses "contratos", e estas leis e regras são cumpridas à risca por Ele. De fato, Ele não age sem cumprí-las. Foi assim na Antiga Aliança (ou Antigo Testamento), e está sendo assim na Nova (Novo Testamento).

E é aí onde mora o problema! A maioria das pessoas que dizem ter Jesus dentro de seus corações não conhecem estes acordos e nem cumprem nenhum deles; elas são apenas SIMPATIZANTES de Jesus Cristo, e não SALVAS/REMIDAS por Ele e SUBMISSAS a Ele, ou ainda, não são HERDEIRAS DA VIDA ETERNA.

Segundo a nova aliança estabelecida entre Deus e os homens, o Senhor Jesus Cristo só se encontra nos corações das pessoas que o aceitaram como Rei (ou Único Senhor, ou Principal Governo) sobre suas vidas e como Salvador (ou redentor/justificador) diante do Pai, tendo declarado conscientemente essa condição perante alguma testemunha ou em público!

Claro, que, podem acontecer situações onde o sujeito não declarou Jesus Cristo seu Senhor e Salvador diante de testemunhas físicas, mas, ACREDITOU n'Ele e fez isso em pensamento após ter tido contato com a mensagem de salvação antes de morrer, por exemplo, num leito de hospital ou em uma outra condição onde não tivesse como falar com alguém, ou não pudesse falar. Nesse caso, as testemunhas são o Espírito de Deus e os anjos d'Ele. O Pai leva isso em consideração também, e aceita a confissão, se for feita de todo o coração.

O primeiro acordo estabelecido por Deus com os homens (chamado de Antiga Aliança) foi feito entre Deus e Abrão, e a adesão a esta primeira aliança exigia o cumprimento do seguinte protocolo:

"Quando Abrão estava com noventa e nove anos de idade o Senhor lhe apareceu e disse: Eu sou o Deus Todo-poderoso; ande segundo a minha vontade e seja íntegro. (...) Não será mais chamado Abrão; seu nome será Abraão, porque eu o constituí pai de muitas nações.(...) Esta é a minha aliança com você e com os seus descendentes, aliança que terá que ser guardada: Todos os do sexo masculino entre vocês serão circuncidados na carne. Terão que fazer essa marca, que será o sinal da aliança entre mim e vocês. Da sua geração em diante, todo menino de oito dias de idade entre vocês terá que ser circuncidado, tanto os nascidos em sua casa quanto os que forem comprados de estrangeiros e que não forem descendentes de vocês. Sejam nascidos em sua casa, sejam comprados, terão que ser circuncidados. Minha aliança, marcada no corpo de vocês, será uma aliança perpétua. Qualquer do sexo masculino que for incircunciso, que não tiver sido circuncidado, será eliminado do meio do seu povo." (Gênesis 17:1-14, NVI)

Deus só fez esta aliança com Abrão por que este ACREDITOU n'Ele, quando o Senhor disse que daria a Abrão uma grande descedência MIRACULOSAMENTE, visto que Abrão e Sarai já eram idosos e não podiam mais ter filhos (e, antes de ser idosa, Sarai era também estéril!):

"O Senhor falou a Abrão numa visão: 'Não tenha medo, Abrão! Eu sou o seu escudo; grande será a sua recompensa!' Mas Abrão perguntou: 'Ó Soberano Senhor, que me darás, se continuo sem filhos e o herdeiro do que possuo é Eliézer de Damasco?' E acrescentou: 'Tu não me deste filho algum! Um servo da minha casa será o meu herdeiro!' Então o Senhor deu-lhe a seguinte resposta: 'Seu herdeiro não será esse. Um filho gerado por você mesmo será o seu herdeiro'. Levando-o para fora da tenda, disse-lhe: 'Olhe para o céu e conte as estrelas, se é que pode contá-las'. E prosseguiu: 'Assim será a sua descendência'. Abrão creu no Senhor, e isso lhe foi creditado como justiça." (Gênesis 15:1-6, NVI)

O segundo acordo que Deus fez com os homens (chamado de Nova Aliança), que logicamente, substitui o primeiro, pois, foi feito entre Deus e toda a humanidade (pois o desejo de Deus não é somente salvar algumas pessoas, mas a todos que crerem e se submeterem as leis deste novo acordo de todo o coração), obedece ao seguinte protocolo:

  • Crer que Jesus Cristo homem, ou o Filho do homem, foi feito Filho unigênito de Deus na condição de ser humano sem pecado para ser morto em sacrifício a fim de pagar o preço pelas transgressões de toda a humanidade diante do Pai (Leia João 1:14João 3:16-18Romanos 5:8-9);
  • Crer que Jesus Cristo homem tomou posse da autoridade sobre toda a terra ao ressuscitar (ou tomou posse do domínio que Adão perdeu ao pecar contra Deus e que foi entregue a Satanás), tornando-se governo supremo eternamente sobre tudo e todos, o que lhe dá o título de Rei Soberano ou de Senhor Soberano, tornando-o único mediador entre Deus e os homens, ou o único caminho para que um indivíduo se reconcilie com seu Criador e se torne herdeiro da vida eterna (Leia 2Coríntios 5:18Filipenses 2:9-111Timóteo 2:4-6Tito 3:7)
  • Declarar publicamente esta fé, na presença de testemunhas (salvo as condições citadas no sexto parágrafo deste texto), batizando-se nas águas (Leia Romanos 10:9,10Mateus 28:19).

Lembrando que a Bíblia mostra uma exceção no cumprimento das condições deste novo acordo, que encontra-se no trecho a seguir:

"Havia uma inscrição acima dele, que dizia: ESTE É O REI DOS JUDEUS. Um dos criminosos que ali estavam dependurados lançava-lhe insultos: 'Você não é o Cristo? Salve-se a si mesmo e a nós!' Mas o outro criminoso o repreendeu, dizendo: 'Você não teme a Deus, nem estando sob a mesma sentença? Nós estamos sendo punidos com justiça, porque estamos recebendo o que os nossos atos merecem. Mas este homem não cometeu nenhum mal'. Então ele disse: 'Jesus, lembra-te de mim quando entrares no teu Reino'. Jesus lhe respondeu: 'Eu lhe garanto: Hoje você estará comigo no paraíso'." (Lucas 23:38-43, NVI)

Dá para perceber que bastou apenas o criminoso deixar claro com suas palavras que acreditava que aquele homem crucificado ao seu lado era o justificador dele diante do Pai e era o Senhor, na presença do outro que escarneceu a Cristo, dos guardas e outras pessoas que ali estavam, que imediatamente recebeu d'Ele o perdão de seus pecados e a herança da vida eterna.

Aquele homem não teve tempo de se batizar nas águas e tampouco de se juntar aos que creram, a fim de cultuar ao Senhor, ou participar da Santa Ceia, pois morreu pouco tempo depois de sua confissão. Isso não quer dizer, absolutamente, que podemos viver como quisermos depois que recebemos Jesus Cristo como Senhor e Salvador das nossas vidas; se estamos ainda neste mundo, teremos que congregar com pessoas que professem a mesma fé (Leia Mateus 18:20Hebreus 10:23-25), confirmar a confissão de fé com o batismo nas águas e celebrar a Santa Ceia (1Coríntios 11:23-26) conforme o Senhor Jesus Cristo ordenou.    

Então, temos liberdade de acreditar em Deus a nossa maneira e de dizer que Jesus está dentro dos nossos corações, contudo, isso não quer dizer que somos submissos a Ele e somos herdeiros da vida eterna que Ele promete dar. Não é Deus quem tem de se adaptar as nossas condições, e sim, nós as d'Ele, se realmente quizermos estar com Ele aqui e na eternidade, para sempre.

Uma curiosidade: quando Jesus falou as palavras abaixo, Ele não estava se dirigindo a pessoas que não acreditavam n'Ele, e sim, para uma igreja chamada Laodicéia!

"Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo." (Apocalipse 3:20)


Missionária Oriana Costa