segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

Bendito é o que vem em nome do Senhor.

Provavelmente, a última vez que Jesus deveria ter posto os pés em Jerusalém, antes de sua crucificação, teria sido no ano anterior, na festa da Páscoa, de acordo com o costume dos judeus. De fato, no trecho que vamos analisar aqui (Mateus 21:1-17), essa festa já estava próxima, e Jesus sabia que, por causa disso, o dia em que seria crucificado e morto já estava às portas.

Algumas coisas, porém, ainda precisavam acontecer, antes do sacrifício e ascensão do Filho do homem, para que se cumprisse tudo o que havia sido dito pelos profetas sobre Ele.

Quando se aproximaram de Jerusalém e chegaram a Betfagé, ao monte das Oliveiras, Jesus enviou dois discípulos, dizendo-lhes: "Vão ao povoado que está adiante de vocês; logo encontrarão uma jumenta amarrada, com um jumentinho ao lado. Desamarrem-nos e tragam-nos para mim. Se alguém lhes perguntar algo, digam-lhe que o Senhor precisa deles e logo os enviará de volta". Isso aconteceu para que se cumprisse o que fora dito pelo profeta: "Digam à cidade de Sião: ‘Eis que o seu rei vem a você, humilde e montado num jumento, num jumentinho, cria de jumenta’". Os discípulos foram e fizeram o que Jesus tinha ordenado. Trouxeram a jumenta e o jumentinho, colocaram sobre eles os seus mantos, e sobre estes Jesus montou. (Mateus 21:1-7)

De forma prodigiosa, o Senhor disse exatamente onde a jumenta estaria amarrada com seu filhote no povoado de Betfagé, sem ter estado ali recentemente. Ainda ordena aos discípulos que, se alguém perguntasse porque os animais estavam sendo levados, eles deveriam responder: "o Senhor precisa deles e logo os enviará de volta".

Com certeza, Jesus sabia quem era o dono dos jumentos e que a pessoa "cria nele", a ponto de confiar na resposta dos discípulos.

No Antigo Testamento, no livro do profeta Zacarias, se encontra o trecho onde está predito como o Messias se apresentaria em Jerusalém antes de ser sacrificado:

Alegre-se muito, cidade de Sião! Exulte, Jerusalém! Eis que o seu rei vem a você, justo e vitorioso, humilde e montado num jumento, um jumentinho, cria de jumenta. (Zacarias 9:9)

Porém, como já sabemos, o messias que os judeus estavam esperando seria um indivíduo que libertaria o povo da opressão da nação que os dominava naquela época: o Império Romano. Eles não imaginavam que o seu rei não viria para fazer guerra contra seres humanos, mas sim contra as obras das trevas, para vencê-las, da forma como o Pai havia determinado. Por isso, o povo enxergava Cristo apenas como um profeta, apesar dos sinais que dava de seu poder e autoridade.

Uma grande multidão estendeu seus mantos pelo caminho, outros cortavam ramos de árvores e os espalhavam pelo caminho. A multidão que ia adiante dele e os que o seguiam gritavam: "Hosana ao Filho de Davi!" "Bendito é o que vem em nome do Senhor!" "Hosana nas alturas!"" Quando Jesus entrou em Jerusalém, toda a cidade ficou agitada e perguntava: "Quem é este?" A multidão respondia: "Este é Jesus, o profeta de Nazaré da Galileia". (Mateus 21:8-11)

A palavra "hosana" é de origem hebraica, e quer dizer "salve-nos"; porém, nesse caso, a palavra estava sendo usada com o sentido de louvor, aclamação. O que a multidão dizia era algo como "salve o Filho de Davi" (Hosana ao Filho de Davi) e "louvado seja desde os altos céus" (Hosana nas alturas). 

De fato, a multidão cumpriu uma profecia feita há muito tempo atrás pelo Rei Davi, que diz:

"Bendito é o que vem em nome do Senhor. Da casa do Senhor nós os abençoamos. O Senhor é Deus, fez resplandecer sobre nós a sua luz. Juntem-se ao cortejo festivo, levando ramos até as pontas do altar." (Salmos 118:26,27)

É importante notar que essa multidão foi se formando desde Jericó, e o grupo cresceu ainda mais quando Jesus chegou em Betfagé. Toda aquela gente ia à frente de Cristo, gritando alto, antes mesmo de Jesus entrar em Jerusalém, o que agitou os moradores da cidade.

No capítulo 12 do Evangelho de João esse episódio é contado com outros detalhes, como veremos abaixo:

Seis dias antes da Páscoa Jesus chegou a Betânia, onde vivia Lázaro, a quem ressuscitara dos mortos. Ali prepararam um jantar para Jesus. Marta servia, enquanto Lázaro estava à mesa com ele. (...) Enquanto isso, uma grande multidão de judeus, ao descobrir que Jesus estava ali, veio, não apenas por causa de Jesus, mas também para ver Lázaro, a quem ele ressuscitara dos mortos. Assim, os chefes dos sacerdotes fizeram planos para matar também Lázaro, pois por causa dele muitos estavam se afastando dos judeus e crendo em Jesus. No dia seguinte, a grande multidão que tinha vindo para a festa ouviu falar que Jesus estava chegando a Jerusalém. Pegaram ramos de palmeiras e saíram ao seu encontro, gritando: "Hosana! " "Bendito é o que vem em nome do Senhor! " "Bendito é o Rei de Israel!" Jesus conseguiu um jumentinho e montou nele, como está escrito: "Não tenhas medo, ó cidade de Sião; eis que o seu rei vem, montado num jumentinho". A princípio seus discípulos não entenderam isso. Só depois que Jesus foi glorificado, perceberam que lhe fizeram essas coisas, e que elas estavam escritas a respeito dele. (João 12:1-16)

A entrada de Jesus Cristo em Jerusalém antes de seu sacrifício foi mesmo digna de um rei muito querido, ainda que Ele não estivesse montado num lindo cavalo e acompanhado de soldados bem armados. 

Jesus entrou no templo e expulsou todos os que ali estavam comprando e vendendo. Derrubou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos que vendiam pombas, e lhes disse: "Está escrito: ‘A minha casa será chamada casa de oração’; mas vocês estão fazendo dela um ‘covil de ladrões’". Os cegos e os mancos aproximaram-se dele no templo, e ele os curou. (Mateus 21:12-14)

O fato de certos animais serem usados nos sacrifícios determinados na Lei atraia o interesse dos negociantes, que não satisfeitos em fazer seu comércio no centro de Jerusalém também se instalaram no pátio do templo, visando um lucro maior. No entanto, o templo era um lugar que deveria ser utilizado somente para o culto a Deus, não como um espaço para o comércio.

Essa situação era um tremendo insulto ao Nome de Deus e caracterizava uma grande falta de reverência ao Criador, especialmente por parte daqueles que deveriam trabalhar nos serviços do templo, que eram os sacerdotes e os levitas.

Por isso, o Senhor se aborreceu com a presença dos comerciantes, expulsando-os dali. Essa reação de Cristo havia sido predita no livro de Salmos:

O zelo pela tua casa me consome, e os insultos daqueles que te insultam caem sobre mim. (Salmo 69:9)

A passagem citada por Cristo, no momento em que expulsava os negociantes do templo, se encontra no livro do profeta Isaías:

A minha casa será chamada casa de oração para todos os povos. (Isaías 56:7)

Após esse ocorrido, o Senhor ainda operou milagres, curando os deficientes que lá se encontravam. E agora, mais uma vez, os discípulos, os chefes dos sacerdotes, os mestres da Lei e a multidão que seguia Jesus puderam testemunhar o poder e a autoridade que o Pai havia entregue a Ele, ainda que não estivessem entendendo o que estavam presenciando.

Enquanto os vendedores eram expulsos e os cegos e mancos eram sarados, as crianças que estavam ali louvavam o Senhor Jesus gritando "Hosana ao Filho de Davi". Tudo isso deixou os chefes dos sacerdotes e mestres da Lei com muita raiva, pois sem discernirem que Jesus era o Messias, tinham inveja da popularidade e da fama que Ele tinha alcançado em toda a Israel.

Mas quando os chefes dos sacerdotes e os mestres da lei viram as coisas maravilhosas que Jesus fazia e as crianças gritando no templo: "Hosana ao Filho de Davi", ficaram indignados, e lhe perguntaram: "Não estás ouvindo o que estas crianças estão dizendo?" Respondeu Jesus: "Sim, vocês nunca leram: ‘dos lábios das crianças e dos recém-nascidos suscitaste louvor’?" E, deixando-os, saiu da cidade para Betânia, onde passou a noite. (Mateus 21:15-17)

O Senhor Jesus, mais uma vez, usa um trecho das Escrituras, para mostrar as pessoas quem realmente Ele era:

Tu ordenaste força da boca das crianças e dos que mamam, por causa dos teus inimigos, para fazer calar ao inimigo e ao vingador. (Salmos 8:2)

Contudo, as autoridades de Israel não conseguiam enxergar o óbvio, apesar de todos os sinais que estavam acontecendo diante deles. Essa circunstância também já havia sido predita pelo profeta Isaías:

Então ouvi a voz do Senhor, conclamando: "Quem enviarei? Quem irá por nós?" E eu respondi: "Eis-me aqui. Envia-me!" Ele disse: "Vá, e diga a este povo: Estejam sempre ouvindo, mas nunca entendam; estejam sempre vendo, e jamais percebam. Torne insensível o coração desse povo; torne surdos os ouvidos dele e feche os seus olhos. Que eles não vejam com os olhos, não ouçam com os ouvidos, e não entendam com o coração, para que não se convertam e sejam curados". (Isaías 6:8-10)

Encerrando a conversa com as lideranças israelitas, o Mestre foi a um povoado que ficava ali próximo, chamado Betânia, para descansar e dormir, a fim de voltar a Jerusalém no dia seguinte, para continuar seu trabalho de anunciação do Reino.


Texto: Miss. Oriana Costa 

Edição: Pr. Wendell Costa

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