sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

O Filho do homem não veio para ser servido

Durante o breve e intenso ministério de Cristo na terra, apesar dos sinais que deu de seu poder e autoridade, curando enfermos, ressuscitando mortos e fazendo muitos outros milagres e prodígios, poucas pessoas creram que Ele era o Messias. De fato, os judeus não entendiam o que deveria acontecer com o Messias, pois aguardavam um "rei conquistador" e não um "servo sofredor".

A passagem que vamos analisar aqui mostra bem essa situação.

Apesar de serem judeus e estarem crendo em seu mestre, os discípulos de Jesus e seus familiares não tinham entendimento pleno das escrituras e, espiritualmente, suas visões estavam obscurecidas, assim como o restante dos israelitas daquela época. Portanto, muito do que o Senhor lhes falava a seu próprio respeito era difícil de compreender.

Assim sendo, quando Cristo estava deixando a região do outro lado do Jordão – onde teve a conversa com o jovem rico –, indo em direção a Jerusalém, falou aos discípulos:

Estamos subindo para Jerusalém, e o Filho do homem será entregue aos chefes dos sacerdotes e aos mestres da lei. Eles o condenarão à morte e o entregarão aos gentios para que zombem dele, o açoitem e o crucifiquem. No terceiro dia ele ressuscitará! (Mateus 20:18,19)

No entanto, apesar de ouvirem o próprio Jesus lhes dizer o que iria acontecer em breve, os discípulos não compreenderam a gravidade da situação e o porquê de tudo aquilo ter que acontecer daquela forma.

Então, aproximou-se de Jesus a mãe dos filhos de Zebedeu (Tiago e João) com seus filhos e, prostrando-se, fez-lhe um pedido. "O que você quer?", perguntou ele. Ela respondeu: "Declara que no teu Reino estes meus dois filhos se assentarão um à tua direita e o outro à tua esquerda". Disse-lhes Jesus: "Vocês não sabem o que estão pedindo. Podem vocês beber o cálice que eu vou beber?", "Podemos", responderam eles. Jesus lhes disse: "Certamente vocês beberão do meu cálice; mas o assentar-se à minha direita ou à minha esquerda não cabe a mim conceder. Esses lugares pertencem àqueles para quem foram preparados por meu Pai". (Mateus 20:20-23)

Os dois jovens filhos de Zebedeu, Tiago e João, que faziam parte dos doze discípulos de Jesus, estavam interessados em ficar ao lado dele quando iniciasse oficialmente Seu reinado; mas, como já sabemos, eles não tinham noção de como seria o processo para que isso acontecesse. Eles também não entendiam que a realidade e os valores do Reino de Deus são totalmente diferentes daqueles existentes nos reinos do mundo.

Por isso, a mãe desses dois discípulos chegou ao ponto de pedir ao Senhor que fizesse dos seus filhos os dois homens mais influentes de Seu Reino, pois pediu para que Jesus os colocasse um a sua direita e outro a sua esquerda. 

No entanto, o Mestre os advertiu que, para estar ao lado dele na eternidade, era preciso "beber do mesmo cálice" que Ele iria beber: ser preso, humilhado, afrontado, violentado e morto pelos inimigos de Deus, além de ter que aguardar com paciência todo o restante do tempo (que já completou 2.000 anos), depois de sua ressurreição, até que finalmente chegue o dia marcado para que seu governo seja estabelecido sobre todo o planeta, e não somente em Israel. 

Porém, eles não entenderam qual seria o tipo de cálice que precisariam beber. Provavelmente, estavam achando que Cristo salvaria Israel do poder do Império Romano de forma rápida, então subiria ao trono, após expulsar os romanos com o poder que o Pai lhe deu, operando milagres e prodígios.

É interessante notar que em conversas que Jesus teve com seus discípulos, pouco antes desse momento, Ele lhes falou o seguinte:

Por ocasião da regeneração de todas as coisas, quando o Filho do homem se assentar em seu trono glorioso, vocês que me seguiram também se assentarão em doze tronos, para julgar as doze tribos de Israel. (Mateus 19:28)

Isso significa que aqueles discípulos – os quais, após a ressurreição do Senhor, seriam os fundadores do corpo de Cristo na terra –, no Dia do Juízo, iriam estar sentados à direita e à esquerda do Rei Jesus.

Contudo, eles também não compreenderam a recompensa que já lhes estava reservada. Por isso, vendo que seus discípulos ainda não tinham assimilado bem suas palavras, Cristo respondeu a todos que "o assentar-se à minha direita ou à minha esquerda não caberia a Ele conceder, e que esses lugares pertenciam àqueles para quem foram preparados pelo Pai".

Os outros dez discípulos, ao verem e ouvirem aquilo, se indignaram contra Tiago e João. Como eles foram capazes de pedir tal concessão ao Mestre, passando por cima dos outros? (Aqui se nota que nenhum dos doze discípulos tinha entendido claramente o que seu mestre havia lhes ensinado e avisado até aquele instante):

Quando os outros dez ouviram isso, ficaram indignados com os dois irmãos. Jesus os chamou e disse: "Vocês sabem que os governantes das nações as dominam, e as pessoas importantes exercem poder sobre elas. Não será assim entre vocês. Pelo contrário, quem quiser tornar-se importante entre vocês deverá ser servo, e quem quiser ser o primeiro deverá ser escravo; como o Filho do homem, que não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos". (Mateus 20:24-28)

Para concluir, vemos que o Senhor Jesus, mais uma vez, explica que os valores de Seu Reino são diferentes dos valores do mundo. Enquanto nos reinos da terra os cargos de maior influência são conseguidos por indicação dos poderosos, no Reino dos céus, os lugares de maior autoridade são concedidos àqueles indivíduos que se empenham na anunciação da graça da salvação, bem como se oferecem a si mesmos como servos, assim imitando o próprio Cristo.


Texto: Miss. Oriana Costa 

Edição: Pr. Wendell Costa




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