A perseguição sofrida por aqueles que se mantêm firmes na esperança do cumprimento da promessa feita por Deus a Abraão é algo real, algo que continua através dos séculos. Os primeiros a sofrerem por causa dessa fé, onde muitos foram assassinados por indivíduos de seu próprio povo, foram os profetas israelitas.
No Antigo Testamento é possível encontrar vários trechos, onde podemos ler sobre esses infelizes acontecimentos; no Novo Testamento, através do discurso de Jesus no Templo de Jerusalém, também observamos o que sucedia aos profetas que Deus enviava para exortar o povo de Israel (veja em Considerações sobre Mateus 23 - Parte 6).
Após a morte e ressurreição de Jesus Cristo, com a formação da igreja cristã, o foco da perseguição saiu dos profetas israelitas e foi em direção àqueles que possuem a mesma esperança de Abraão. Assim como Abraão esperava herdar a terra de Canaã no Oriente, os cristãos esperam o cumprimento da promessa, a fim de entrar definitivamente na Canaã celestial: o Reino de Deus.
Enquanto estava em Jerusalém, ensinando seus discípulos no monte das oliveiras, alguns dias antes de sua prisão e morte, o Senhor Jesus foi claro quanto à situação de rejeição e repúdio que a Sua igreja sofreria através dos tempos, até a sua volta.
Desta forma, testemunhando que os avisos de Jesus Cristo são verdadeiros, está bem documentado na Bíblia como se deu o início da perseguição à fé cristã (veja no livro de Atos dos Apóstolos). Também percebemos, a partir de outros registros feitos ao longo da história da humanidade, até os dias de hoje, que a perseguição aos cristãos é uma realidade que vai se intensificando, conforme se aproxima o dia do retorno do Senhor.
Há também uma peculiaridade associada à perseguição: ela é o único sinal predito pelo Senhor Jesus que consta, ao mesmo tempo, nos quatro evangelhos, por esta razão, devemos prestar bastante atenção a ele. O fato desse sinal em particular ser citado nos quatro evangelhos mostra que é o mais forte de todos, acontece com maior frequência e é aquele que marcará o ápice da grande tribulação, sobre a qual Cristo alertou.
Em cada trecho dos evangelhos onde Cristo fala sobre a perseguição, há informações que se confirmam e também são complementares umas às outras. Então, vamos começar nossa análise pelo Evangelho de Mateus:
Então eles os entregarão para serem perseguidos e condenados à morte, e vocês serão odiados por todas as nações por minha causa. Naquele tempo muitos ficarão escandalizados, trairão e odiarão uns aos outros, e numerosos falsos profetas surgirão e enganarão a muitos. Devido ao aumento da maldade, o amor de muitos esfriará, mas aquele que perseverar até o fim será salvo. E este evangelho do Reino será pregado em todo o mundo como testemunho a todas as nações, e então virá o fim. (Mateus 24:9-14)
Nesse momento, Jesus está passando uma visão do que acontecerá com a igreja através dos tempos. Ele mostra a existência de um ódio mortal, em todas as nações do mundo, com relação à fé cristã. Assim também como aconteceria com relação à apostasia, o ódio contra os seguidores de Cristo também será nutrido pelo aumento da maldade na Terra.
Portanto, além do surgimento de indivíduos que vão distorcer a mensagem do Reino e dar falso testemunho de Jesus, dificultando a pregação do verdadeiro Evangelho da salvação, pessoas que são de confiança e se mostram amigas, de repente, podem se tornar inimigas. Então, devido a esse cenário tão complicado, o Senhor adverte que será necessário perseverar, para não nos deixarmos levar pela aparência das situações e não deixarmos "o amor esfriar", ou seja, vamos precisar perseverar e ter muito cuidado para não apostatar da fé n'Ele.
Vejamos o que está escrito no Evangelho de Marcos sobre isso:
Fiquem atentos, pois vocês serão entregues aos tribunais e serão açoitados nas sinagogas. Por minha causa vocês serão levados à presença de governadores e reis, como testemunho a eles. E é necessário que antes o evangelho seja pregado a todas as nações. Sempre que forem presos e levados a julgamento, não fiquem preocupados com o que vão dizer. Digam tão-somente o que lhes for dado naquela hora, pois não serão vocês que estarão falando, mas o Espírito Santo. O irmão trairá seu próprio irmão, entregando-o à morte, e o mesmo fará o pai a seu filho. Filhos se rebelarão contra seus pais e os matarão. Todos odiarão vocês por minha causa; mas aquele que perseverar até o fim será salvo. (Marcos 13:9-13)
Esse repúdio e rejeição à igreja vem se manifestando através dos séculos de diversas formas, contudo as mais comuns são aquelas às quais Cristo se refere, que são a discriminação, o preconceito, as calúnias e a violência, que muitas vezes acontecem dentro da própria família. Traições, prisões, condenações sem justa causa e assassinatos também estão na lista do que pode acontecer em meio às perseguições, como Jesus nos avisa.
Foi em meio a todas essas situações difíceis que a mensagem do Reino de Deus começou a ser anunciada em Israel, e esse trabalho continuará sendo feito, envolto nesse clima tenso, em todo o mundo, até que venha o fim. Esse "fim" ao qual Cristo se refere é o auge da grande tribulação, que acontecerá um pouco antes da Sua vinda, no qual se manifestará o "homem do pecado" (2Ts 2:1-4), que impedirá que o testemunho do Evangelho continue sendo dado.
No Evangelho de Lucas também encontramos um trecho que confirma as duas passagens de Mateus e Marcos citadas acima:
Mas antes de tudo isso, prenderão e perseguirão vocês. Então os entregarão às sinagogas e prisões, e vocês serão levados à presença de reis e governadores, tudo por causa do meu nome. Será para vocês uma oportunidade de dar testemunho. Mas convençam-se de uma vez de que não devem preocupar-se com o que dirão para se defender. Pois eu lhes darei palavras e sabedoria a que nenhum dos seus adversários será capaz de resistir ou contradizer. Vocês serão traídos até por pais, irmãos, parentes e amigos, e eles entregarão alguns de vocês à morte. Todos odiarão vocês por causa do meu nome. Contudo, nenhum fio de cabelo da cabeça de vocês se perderá. É perseverando que vocês obterão a vida. (Lucas 21:12-19)
Assim como o fez Marcos, Lucas também descreve o alerta de Cristo, sobre o fato de que, em determinados momentos, alguns de seus discípulos seriam levados à presença de autoridades a fim de testemunharem acerca do Reino de Deus. Apesar de representar uma situação desconfortável e de alto risco, testemunhar o Evangelho de Jesus Cristo para autoridades é uma grande oportunidade que Deus dá a alguns e que sempre atrai muitos a Ele.
Geralmente, a ignorância acerca da realidade do Reino dos céus faz com que os indivíduos enxerguem os cristãos como uma ameaça às suas religiões, seus costumes e tradições. Equivocadamente, essa falta de entendimento faz alguns líderes pensarem que a fé cristã desvia as pessoas da submissão aos governos de suas nações, devido à mensagem do Evangelho se referir a um outro governo, ao qual todos devem se submeter e que é superior aos governos do mundo.
Esse é o motivo pelo qual alguns discípulos de Jesus foram, e ainda são, detidos e levados a explicar sua fé diante de autoridades, pois especialmente em nações que ainda adotam sistemas de governos totalitários em nosso tempo, como ocorre no comunismo, por exemplo, é inadmissível a existência de qualquer crença, ensino, filosofia ou pensamento que faça o povo entender a existência de um outro governo que seja superior ao de sua nação.
Após os dias em que Cristo ficou acampado no Monte das Oliveiras, ensinando os discípulos, o Senhor Jesus voltou para a cidade e fez com eles a última ceia. Naquele momento, Ele os avisou, mais uma vez, sobre o que lhes aconteceria após sua morte e ressurreição. Esse episódio está descrito no Evangelho de João:
Quando vier o Conselheiro, que eu enviarei a vocês da parte do Pai, o Espírito da verdade que provém do Pai, ele testemunhará a meu respeito. E vocês também testemunharão, pois estão comigo desde o princípio. (João 15:26,27)
Tenho-lhes dito tudo isso para que vocês não venham a tropeçar. Vocês serão expulsos das sinagogas; de fato, virá o tempo quando quem os matar pensará que está prestando culto a Deus. Farão essas coisas porque não conheceram nem o Pai, nem a mim. Estou lhes dizendo isto para que, quando chegar a hora, lembrem-se de que eu os avisei. (João 16:1-4)
De fato, antes que os Apóstolos e demais discípulos começassem a anunciar a mensagem de salvação, e a perseguição aos cristãos se iniciasse oficialmente, o Espírito de Deus foi derramado sobre aqueles que creram na mensagem do Reino de Deus (veja em Atos 2:1-12).
Em seguida, as Escrituras mostram o primeiro registro de repúdio à mensagem do Evangelho, em Jerusalém, com a prisão dos Apóstolos Pedro e João (Atos 4:1-21). Naquele momento, a mensagem do Reino de Deus proclamada por Cristo agora estava sendo anunciada com o acréscimo da informação de que os israelitas tinham rejeitado o Messias que lhes fora enviado pelo Pai, e que Sua morte e ressurreição foi o verdadeiro pagamento por seus pecados e também era a única forma de entrar no Reino dos céus.
O segundo registro dessa perseguição se dá com a prisão dos apóstolos, ainda em Jerusalém, onde, depois de serem açoitados, foram postos em liberdade (Atos 5:17-42).
Tanto no primeiro quanto no segundo ocorrido, muitos milagres haviam acontecido e muitas pessoas estavam se reconciliando com Deus pela fé em Jesus Cristo. Isso perturbava as lideranças religiosas em Jerusalém, deixando-os com inveja da fama, da popularidade e do respeito que os Apóstolos estavam conquistando no meio do povo.
Nesses dois episódios, os Apóstolos foram movidos pelo Espírito Santo para discursarem diante das autoridades em defesa do Evangelho. Então, vê-se claramente o cumprimento dos alertas dados pelo Senhor Jesus aos discípulos, antes de sua morte e ressurreição.
Após a morte de Estêvão por apedrejamento (veja a história completa nos capítulos 6 e 7 de Atos dos Apóstolos), o ódio aos cristãos foi crescendo entre as lideranças religiosas de Israel, onde o fariseu Saulo era o maior perseguidor dos que pertenciam ao "Caminho". Depois da conversão de Saulo – que, posteriormente, tornou-se mais conhecido por seu nome grego "Paulo" –, este passou de perseguidor a perseguido (veja em Atos 9:1-30).
Especialmente Saulo, antes de sua conversão, acreditava que exterminando os cristãos estava fazendo um favor à sociedade e honrando o nome de Deus, pois ele entendia que os seguidores de Cristo eram hereges. Ele perseguia os cristãos pelo zelo de sua fé e não por inveja, como os demais fariseus. Eis porque o Senhor, enquanto ensinava aos discípulos, falou "de fato, virá o tempo quando quem os matar pensará que está prestando culto a Deus".
O fato é que, seja por meio da inveja ou por meio do zelo religioso, o Maligno sempre encontrará espaço dentre as pessoas que não conhecem ou não entendem a mensagem de salvação para atacar e, se possível, destruir a igreja do Senhor Jesus. No entanto, ela não pode ser destruída, pois está alicerçada na eternidade, em Cristo.
Para concluir, é importante entender que o corpo de Cristo na terra precisa estar ciente de que, à medida que o retorno do Rei Jesus Cristo se aproxima, mais difícil ficará a situação para os cidadãos do Reino de Deus no mundo. Isso exigirá dos que creem muito mais perseverança em relação à busca pelo conhecimento do Reino de Deus e de sua Justiça, como também um maior esforço, a fim de colocar esse conhecimento em prática, pois é isso o que manterá os corações dos filhos de Deus em paz e focados na volta de Jesus.
Texto: Missionária Oriana Costa
Edição: Pr. Wendell Costa
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