Neste texto faremos a conclusão do estudo do capítulo 23 do Evangelho de Mateus, que vai do versículo 29 até o 39. Na primeira parte, entre os versículos 29 e 36, vamos observar os dois últimos julgamentos feitos pelo Senhor Jesus em relação aos líderes religiosos de Israel, enquanto ainda estava no templo de Jerusalém.
Em seguida, a partir do versículo 37, vamos analisar o desfecho do discurso de Cristo, onde Ele declara a sentença que já havia sido decretada para a nação de Israel, séculos antes daquele momento, pelos profetas que Deus lhes havia enviado.
Ai de vocês, mestres da lei e fariseus, hipócritas! Vocês edificam os túmulos dos profetas e adornam os monumentos dos justos. E dizem: ‘Se tivéssemos vivido no tempo dos nossos antepassados, não teríamos tomado parte com eles no derramamento do sangue dos profetas’. Assim, vocês testemunham contra si mesmos que são descendentes dos que assassinaram os profetas. Acabem, pois, de encher a medida do pecado dos seus antepassados! Serpentes! Raça de víboras! Como vocês escaparão da condenação ao inferno? Por isso, eu lhes estou enviando profetas, sábios e mestres. A uns vocês matarão e crucificarão; a outros açoitarão nas sinagogas de vocês e perseguirão de cidade em cidade. E, assim, sobre vocês recairá todo o sangue justo derramado na terra, desde o sangue do justo Abel, até o sangue de Zacarias, filho de Baraquias, a quem vocês assassinaram entre o santuário e o altar. Eu lhes asseguro que tudo isso sobrevirá a esta geração.
A sexta acusação feita contra os mestres da Lei e fariseus foi, portanto, a falta de compromisso deles com suas palavras, ao declararem "se tivéssemos vivido no tempo dos nossos antepassados, não teríamos tomado parte com eles no derramamento do sangue dos profetas".
Acontecia que, literalmente, eles diziam à sociedade que jamais iriam fazer o que seus antepassados fizeram, prendendo e matando os profetas que Deus estava enviando a eles para os advertir. Porém, eles estavam sendo levianos, dizendo essas palavras sem seriedade, sem o compromisso de cumpri-las.
E desta forma, para manter as aparências e provar ao povo que estavam mesmo falando sério, eles cuidavam dos túmulos dos profetas e dos monumentos feitos em homenagem a alguns deles.
A situação que aqueles homens falavam – de que jamais participariam no assassinato de profetas de Deus –, realmente não havia acontecido ainda com eles, pois João Batista foi o último profeta da Antiga Aliança, e ele foi preso e morto a mando de Herodes Antipas, o tetrarca romano que comandava as regiões da Galiléia e Pereia. Assim, (extraordinariamente!) não houve a intervenção dos israelitas no processo da prisão e morte desse profeta específico.
O último profeta enviado por Deus aos israelitas, antes de João Batista, foi há aproximadamente 450 anos antes de seu nascimento, cujo nome era Malaquias (Clique aqui para saber mais). Desta forma, os israelitas passaram quase 500 anos sem receber mensageiro algum da parte de Deus (pelo menos, registrado através das Escrituras), até que, por fim, Ele enviou João e Jesus.
A geração de israelitas do tempo de Jesus, portanto, sabia da matança dos profetas, por causa dos registros contidos nas Escrituras e em outros documentos que ainda existiam na época, mas não tinham vivenciado tal fato por eles mesmos.
Contudo, antecipadamente, por causa da ação do Espírito Santo e também respaldado nas próprias Escrituras, o Senhor Jesus, ao final de seu discurso, declarou, diante de todos os presentes, aquilo que os mestres da Lei e fariseus iriam fazer: eles iam acabar de encher a medida do pecado dos seus antepassados, perseguindo, açoitando, crucificando e matando o próprio Cristo, e depois os Apóstolos e muitos de seus discípulos. Então, essa foi a sétima e última acusação de Jesus contra aqueles homens: homicídio.
O último assassinado feito pelos líderes religiosos israelitas a um profeta, aconteceu séculos antes da vinda de João Batista. O profeta Zacarias, conforme fala Cristo, foi morto entre o santuário e o altar. Isso quer dizer que eles invadiram o templo e provavelmente mataram o profeta em frente à sala chamada de Santo dos santos.
No Antigo Testamento não há o relato da morte do profeta Zacarias, assim como descreveu o Senhor, nem tampouco há a citação acerca de como outros profetas morreram (só encontramos informações de que muitos foram feridos por espadas), contudo, em alguns trechos vemos denúncias desses tristes acontecimentos:
Os israelitas rejeitaram a tua aliança, quebraram os teus altares, e mataram os teus profetas à espada. (1 Reis 19:14)
Mas foram desobedientes e se rebelaram contra ti; deram as costas para a tua Lei. Mataram os teus profetas, que os tinham advertido que se voltassem para ti; e te fizeram ofensas detestáveis. (Neemias 9:26)
De nada adiantou castigar o seu povo, eles não aceitaram a correção. A sua espada tem destruído os seus profetas como um leão devorador. (Jeremias 2:30)
Prosseguindo com o raciocínio do nosso estudo, vamos agora para a finalização desse dramático discurso do Senhor Jesus, que conclui dizendo estas palavras:
Jerusalém, Jerusalém, você, que mata os profetas e apedreja os que lhe são enviados! Quantas vezes eu quis reunir os seus filhos, como a galinha reúne os seus pintinhos debaixo das suas asas, mas vocês não quiseram. Eis que a casa de vocês ficará deserta. Pois eu lhes digo que vocês não me verão desde agora, até que digam: ‘Bendito é o que vem em nome do Senhor’.
Ao falar da galinha que reúne seus pintinhos debaixo de suas asas, Cristo está se referindo à proteção e ao cuidado que Deus sempre desejava dar à nação de Israel, e que, inclusive, é uma das promessas dele para aquele povo:
Ele o cobrirá com as suas penas, e sob as suas asas você encontrará refúgio; a fidelidade dele será o seu escudo protetor. (Salmos 91:4)
Porém, por causa da incredulidade e desobediência dos israelitas, ao longo dos séculos, eles acabaram por várias vezes dominados por outras nações e suas cidades eram destruídas. Antes de Roma, que foi a última nação a assumir o controle dos israelitas, eles já tinham sido conquistados pelos assírios, persas, gregos e macedônicos (império selêucida).
No momento que Jesus foi enviado, Israel estava novamente colhendo mais um juízo de sua conduta reprovável diante de Deus, desta vez submissa ao Império romano, que 40 anos depois, iria destruir totalmente a cidade de Jerusalém e arrasar todas as outras cidades israelenses.
Ao julgar a nação de Israel, Jesus faz menção ao que fora dito pelo profeta Jeremias, séculos antes de seu tempo:
A terra deles ficará deserta e será tema de permanente zombaria. Todos os que por ela passarem ficarão chocados e balançarão a cabeça. Como o vento leste, eu os dispersarei diante dos inimigos; eu lhes mostrarei as costas e não o rosto, no dia da sua derrota.(Jeremias 18:16,17)
E quando o Senhor Jesus diz "eu lhes digo que vocês não me verão desde agora, até que digam: ‘Bendito é o que vem em nome do Senhor', Ele está dizendo que os judeus israelitas somente tornariam a vê-lo novamente quando reconhecessem a Ele como seu Salvador e cressem na mensagem do Reino, aceitando o governo de Cristo sobre eles e humilhando-se diante de Deus, arrependendo-se verdadeiramente de seus pecados. Essa fala de Jesus está predita no livro de Salmos, como leremos a seguir:
Esta é a porta do Senhor, pela qual entram os justos. Dou-te graças, porque me respondeste e foste a minha salvação. A pedra que os construtores rejeitaram tornou-se a pedra angular. Isso vem do Senhor, e é algo maravilhoso para nós. Este é o dia em que o Senhor agiu; alegremo-nos e exultemos neste dia. Salva-nos, Senhor! Nós imploramos. Faze-nos prosperar, Senhor! Nós suplicamos. Bendito é o que vem em nome do Senhor. Da casa do Senhor nós os abençoamos. (Salmos 118:20-26)
De fato, depois de ressurreto, os primeiros para os quais Jesus apareceu pessoalmente foram os Apóstolos e alguns de seus discípulos (que eram judeus), e, mais tarde, também o fariseu romano Paulo de Tarso experimentou um momento especial com o Rei Jesus enquanto viajava para Damasco, quando perseguia os cristãos.
Então, praticamente todos os que estavam seguindo o Senhor Jesus até Sua crucificação, com exceção do Apóstolo Paulo, conseguiram vê-lo em pessoa após sua ressurreição.
Até os dias de hoje, muitos judeus que buscam conhecer a mensagem do Evangelho têm tido experiências sobrenaturais únicas com a presença de Deus. Alguns têm visões do Reino de Deus e do próprio Cristo, ainda que não possam ver seu rosto com clareza.
No Evangelho de João há também um trecho com informações complementares em relação a esse episódio do templo, que veremos a seguir:
"Entre os que tinham ido adorar a Deus na festa da Páscoa, estavam alguns gregos. Eles se aproximaram de Filipe, que era de Betsaida da Galiléia, com um pedido: "Senhor, queremos ver Jesus". Filipe foi dizê-lo a André, e os dois juntos o disseram a Jesus. Jesus respondeu: "Chegou a hora de ser glorificado o Filho do homem. Digo-lhes verdadeiramente que, se o grão de trigo não cair na terra e não morrer, continuará ele só. Mas se morrer, dará muito fruto. Aquele que ama a sua vida, a perderá; ao passo que aquele que odeia a sua vida neste mundo, a conservará para a vida eterna. Quem me serve precisa seguir-me; e, onde estou, o meu servo também estará. Aquele que me serve, meu Pai o honrará. "Agora meu coração está perturbado, e o que direi? Pai, salva-me desta hora? Não; eu vim exatamente para isto, para esta hora. Pai, glorifica o teu nome! " Então veio uma voz do céu: "Eu já o glorifiquei e o glorificarei novamente". A multidão que ali estava e a ouviu, disse que tinha trovejado; outros disseram que um anjo lhe tinha falado. Jesus disse: "Esta voz veio por causa de vocês, e não por minha causa. Chegou a hora de ser julgado este mundo; agora será expulso o príncipe deste mundo. Mas eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a mim". Ele disse isso para indicar o tipo de morte que haveria de sofrer. A multidão falou: "A Lei nos ensina que o Cristo permanecerá para sempre; como podes dizer: ‘O Filho do homem precisa ser levantado’? Quem é esse ‘Filho do homem’?" Disse-lhes então Jesus: "Por mais um pouco de tempo a luz estará entre vocês. Andem enquanto vocês têm a luz, para que as trevas não os surpreendam, pois aquele que anda nas trevas não sabe para onde está indo. Creiam na luz enquanto vocês a têm, para que se tornem filhos da luz". Terminando de falar, Jesus saiu e ocultou-se deles. Mesmo depois que Jesus fez todos aqueles sinais miraculosos, não creram nele. Isso aconteceu para se cumprir a palavra do profeta Isaías, que disse: "Senhor, quem creu em nossa mensagem, e a quem foi revelado o braço do Senhor?" Por esta razão eles não podiam crer, porque, como disse Isaías noutro lugar: "Cegou os seus olhos e endureceu os seus corações, para que não vejam com os olhos nem entendam com o coração, nem se convertam, e eu os cure". Isaías disse isso porque viu a glória de Jesus e falou sobre ele. Ainda assim, muitos líderes dos judeus creram nele. Mas, por causa dos fariseus, não confessavam a sua fé, com medo de serem expulsos da sinagoga; pois preferiam a aprovação dos homens do que a aprovação de Deus. Então Jesus disse em alta voz: "Quem crê em mim, não crê apenas em mim, mas naquele que me enviou. Quem me vê, vê aquele que me enviou. Eu vim ao mundo como luz, para que todo aquele que crê em mim não permaneça nas trevas. "Se alguém ouve as minhas palavras, e não as guarda, eu não o julgo. Pois não vim para julgar o mundo, mas para salvá-lo. Há um juiz para quem me rejeita e não aceita as minhas palavras; a própria palavra que proferi o condenará no último dia. Pois não falei por mim mesmo, mas o Pai que me enviou me ordenou o que dizer e o que falar. Sei que o seu mandamento é a vida eterna. Portanto, o que eu digo é exatamente o que o Pai me mandou dizer". (João 12:20-50)
Provavelmente, esse foi o fechamento do trabalho de Cristo enquanto ensinava no templo em Jerusalém pela última vez.
Texto: Missionária Oriana Costa
Edição: Pr. Wendell Costa
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Seja bem vindo(a) ao Blog Sala Gospel. Sua mensagem será avaliada e se obedecer aos critérios de boa conduta será postada em breve. Agradecemos a compreensão.