quarta-feira, 4 de maio de 2022

Nascimento de Jesus - Considerações sobre Mateus capítulo 1 - Parte 2


Dando continuidade ao nosso estudo inicial do Evangelho de Mateus, vamos fazer aqui uma análise do momento em que Maria, filha de Eli (veja a genealogia materna de Jesus em Lc 3:23) engravida pela ação do Espírito de Deus e se torna mãe de Jesus. Em seguida, também veremos as profecias que se relacionam ao evento presentes no Antigo Testamento.

Vejamos o trecho abaixo:

"Foi assim o nascimento de Jesus Cristo: Maria, sua mãe, estava prometida em casamento a José, mas, antes que se unissem, achou-se grávida pelo Espírito Santo. Por ser José, seu marido, um homem justo, e não querendo expô-la à desonra pública, pretendia anular o casamento secretamente. Mas, depois de ter pensado nisso, apareceu-lhe um anjo do Senhor em sonho e disse: "José, filho de Davi, não tema receber Maria como sua esposa, pois o que nela foi gerado procede do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho, e você deverá dar-lhe o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos seus pecados". Tudo isso aconteceu para que se cumprisse o que o Senhor dissera pelo profeta: "A virgem ficará grávida e dará à luz um filho, e lhe chamarão Emanuel" que significa "Deus conosco". Ao acordar, José fez o que o anjo do Senhor lhe tinha ordenado e recebeu Maria como sua esposa. Mas não teve relações com ela enquanto ela não deu à luz um filho. E ele lhe pôs o nome de Jesus." (Mateus 1:18-25)

O Evangelho de Mateus começa explicando como Maria engravidou de Jesus, dizendo que foi pelo Espírito Santo, mas não explica como isso aconteceu. No entanto, encontramos informações mais detalhadas sobre o evento no Evangelho de Lucas, como veremos a seguir:

"Deus enviou o anjo Gabriel a Nazaré, cidade da Galiléia, a uma virgem prometida em casamento a certo homem chamado José, descendente de Davi. O nome da virgem era Maria. O anjo, aproximando-se dela, disse: "Alegre-se, agraciada! O Senhor está com você!" Maria ficou perturbada com essas palavras, pensando no que poderia significar esta saudação. Mas o anjo lhe disse: "Não tenha medo, Maria; você foi agraciada por Deus! Você ficará grávida e dará à luz um filho, e lhe porá o nome de Jesus. Ele será grande e será chamado Filho do Altíssimo. O Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi, e ele reinará para sempre sobre o povo de Jacó; seu Reino jamais terá fim". Perguntou Maria ao anjo: "Como acontecerá isso, se sou virgem?" O anjo respondeu: "O Espírito Santo virá sobre você, e o poder do Altíssimo a cobrirá com a sua sombra. Assim, aquele que há de nascer será chamado santo, Filho de Deus. Também Isabel, sua parenta, terá um filho na velhice; aquela que diziam ser estéril já está em seu sexto mês de gestação. Pois nada é impossível para Deus". Respondeu Maria: "Sou serva do Senhor; que aconteça comigo conforme a tua palavra". Então o anjo a deixou. (Lucas 1:26-38)

Dá para notar a diferença na abordagem dos dois Evangelhos, pois observamos que Mateus mostra como as coisas aconteceram do ponto de vista de José, enquanto Lucas mostra os fatos do ponto de vista de Maria. Assim, ambos os Evangelhos apontam que tanto o pai adotivo de Jesus quanto sua mãe biológica receberam a visita de um anjo em separado, a fim de avisá-los e prepará-los devidamente para o que iria acontecer.

O Evangelho de Mateus também relata que ao ouvir de Maria o que tinha acontecido, José não conseguiu acreditar nela, e resolveu desistir do casamento, sem, no entanto, expor Maria à humilhação, por ser um homem justo. Com isso percebemos que José honrava os mandamentos da Lei, mas não agia como os fariseus, que se satisfaziam em mostrar superioridade e em humilhar os outros publicamente.

Se, contudo, José tivesse exposto Maria, ela seria vista como uma traidora, alguém que teve relações com outro homem mesmo estando prometida em casamento, e seria condenada à morte pela Lei, que diz:

"Se numa cidade um homem se encontrar com uma jovem prometida em casamento e se deitar com ela, levem os dois à porta daquela cidade e apedrejem-nos até à morte: a moça porque estava na cidade e não gritou por socorro, e o homem porque desonrou a mulher doutro homem. Eliminem o mal do meio de vocês." (Deuteronômio 22:23,24)

Portanto, ao aceitar a maternidade sem ainda estar casada, Maria sabia que era algo arriscado e que poderia lhe custar a vida. Mesmo assim, ela aceitou a proposta que Deus lhe fez e confiou que Ele a livraria. E isso não foi por acaso: o nome de Jesus tem um significado importante, e que fez Maria acreditar que Deus a livraria da morte.

O anjo que falou com Maria e depois com José explica-lhes que eles deveriam chamar o bebê de Emanuel (palavra hebraica que significa "Deus conosco") ou de Jesus. O nome Jesus em grego significa "Josué" que quer dizer "o Senhor salva" e no aramaico significa "Yeshua" que quer dizer "salvar" ou "salvação".

Outra informação importante que Mateus nos passa é que José e Maria viveram como um casal normal após o nascimento de Jesus. 

"Ao acordar, José fez o que o anjo do Senhor lhe tinha ordenado e recebeu Maria como sua esposa. Mas não teve relações com ela enquanto ela não deu à luz um filho. (Mateus 1:24,25)

Essa situação é bastante combatida por alguns, que afirmam ter Maria continuado virgem mesmo casada com José, os dois vivendo como amigos e criando apenas um filho, e que os irmãos e irmãs de Jesus citados nos outros trechos dos Evangelhos seriam primos e primas do Senhor.

No entanto, era inadimiscivel que José estivesse casado com Maria e não vivesse maritalmente com ela, devido aos costumes e valores da época, advindos da própria palavra de Deus. Sem falar que o relacionamento sexual que acontece dentro do casamento não poderia jamais ser algo pecaminoso, ao contrário, ele é uma benção dada por Deus ao casal, pois gera filhos e, depois disso, ele serve para manter nutrida uma profunda intimidade entre os dois ao longo dos anos, além de livrar ambos de tentações. Veja o que o Apóstolo Paulo fala sobre esse assunto em 1 Coríntios 7:1-6.

"Os filhos são herança do Senhor, uma recompensa que ele dá." (Salmos 127:3)

"O homem justo leva uma vida íntegra; como são felizes os seus filhos!" (Provérbios 20:7)

Também, naquele tempo não se fazia controle de natalidade e mulheres casadas não evitavam gravidez, sendo, por isso, uma situação bastante comum que as famílias fossem grandes, com muitos filhos. Na verdade, quanto mais filhos um casal tinha, mais bem vistos na sociedade ele era.

A vontade do Criador para um jovem casal de justos, abençoados por Ele, está expressa nas escrituras, que diz o seguinte:

"Criou Deus o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. Deus os abençoou, e lhes disse: "Sejam férteis e multipliquem-se!" (Gênesis 1:27,28)

"Como é feliz quem teme ao Senhor, quem anda em seus caminhos! Você comerá do fruto do seu trabalho, e será feliz e próspero. Sua mulher será como videira frutífera em sua casa; seus filhos serão como brotos de oliveira ao redor da sua mesa. Assim será abençoado o homem que teme ao Senhor!" (Salmos 128:1-4)

Então, é verdade que Jesus teve meios irmãos e irmãs, e não houve nada mais correto da parte do Pai do que conceder filhos de sangue a José, homem temente a Deus, através de sua esposa, Maria. A confirmação disso está em Mateus 13:55,56 e Marcos 6:3.

Continuando nosso estudo, agora vamos analisar onde e como Jesus Cristo nasceu. No Evangelho de Mateus não encontramos informações sobre o local de nascimento de Cristo e como isso aconteceu, contudo, em Lucas vamos achar essas informações com detalhes:

"Naqueles dias César Augusto publicou um decreto ordenando o recenseamento de todo o império romano. Este foi o primeiro recenseamento feito quando Quirino era governador da Síria. E todos iam para a sua cidade natal, a fim de alistar-se. Assim, José também foi da cidade de Nazaré da Galiléia para a Judéia, para Belém, cidade de Davi, porque pertencia à casa e à linhagem de Davi. Ele foi a fim de alistar-se, com Maria, que lhe estava prometida em casamento e esperava um filho. Enquanto estavam lá, chegou o tempo de nascer o bebê, e ela deu à luz o seu primogênito. Envolveu-o em panos e o colocou numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria. Havia pastores que estavam nos campos próximos e durante a noite tomavam conta dos seus rebanhos. (...) De repente, uma grande multidão do exército celestial apareceu com o anjo, louvando a Deus e dizendo: "Glória a Deus nas alturas, e paz na terra aos homens aos quais ele concede o seu favor". Quando os anjos os deixaram e foram para o céu, os pastores disseram uns aos outros: "Vamos a Belém, e vejamos isso que aconteceu, e que o Senhor nos deu a conhecer". Então correram para lá e encontraram Maria e José, e o bebê deitado na manjedoura. Depois de o verem, contaram a todos o que lhes fora dito a respeito daquele menino, e todos os que ouviram o que os pastores diziam ficaram admirados. Maria, porém, guardava todas essas coisas e sobre elas refletia em seu coração. Os pastores voltaram glorificando e louvando a Deus por tudo o que tinham visto e ouvido, como lhes fora dito." (Lucas 2:1-20)

Então, mais uma vez, assim como foram enviados anjos para avisar a Maria e a José sobre a gravidez sobrenatural, eles também são enviados, só que desta vez, aos pastores que estavam no campo próximo à cidade de Belém, a fim de anunciar-lhes a chegada do Messias a este mundo.

Outra curiosidade sobre o nascimento de Jesus, é que, de acordo com a narrativa de Lucas, José e Maria estavam viajando quando ela deu à luz. E no texto notamos que o casal tinha recursos, pois iam ficar numa hospedaria. 

Acontece que, como a hospedaria estava lotada, na emergência do parto de Maria eles tiveram que se ajeitar num outro ambiente ali perto, provavelmente uma estrebaria, que era o espaço anexo das hospedarias reservado para os viajantes deixarem seus cavalos ou outros animais que usavam na viagem. Dessa forma, José e Maria improvisaram numa das manjedouras que havia ali, o berço para colocar o pequeno Jesus. 

A manjedoura era um recipiente grande de madeira onde os animais se alimentavam.

Portanto, o fato do Senhor ter nascido num estábulo em Belém, e ter sido colocado numa manjedoura após nascer não indica que sua família era pobre, mas isso aconteceu provisoriamente, como um sinal de Deus especialmente para os israelitas. 

De fato, o Rei Jesus Cristo, apesar de sua divindade e, como homem, ser de linhagem real, veio ao mundo exclusivamente para pagar o preço da nossa redenção, e esse preço alto ele pagou por toda a sua vida, desde a hora que nasceu, quando ainda ele mesmo não tinha noção de quem era.

Então, o Pai deu ao mundo através de Seu Filho muitos sinais de que ele cumpriria a promessa de salvação da humanidade, e um deles foi fazer com que o nascimento de Jesus acontecesse num local muito simples, com animais por perto e sem muita limpeza ou conforto, onde nem mesmo uma pessoa muito pobre naquele tempo gostaria de estar ali para dar à luz um filho. E foi essa situação que o Pai fez questão que os pastores de Belém testemunhassem naquele momento.

Por isso, desde o nascimento, Jesus Cristo não poderia ostentar ou aparentar majestade, e em sua vida não poderia possuir nada material que atraísse a atenção dos outros. 

"Ele não tinha qualquer beleza ou majestade que nos atraísse, nada em sua aparência para que o desejássemos." (Isaías 53:2)

As únicas coisas que atrairam mesmo as pessoas a Jesus foram o seu extraordinário ensino sobre o Reino de Deus, e os milagres e prodígios que realizou em seu ministério terreno, e estes últimos para confirmar a existência desse Reino e também o desejo que o Pai tem de ver o homem que Ele criou participando desse lugar novamente, e usufruindo de todas as maravilhas que há nele, como acontecia antes do pecado de Adão. 

Para concluirmos nosso estudo, vejamos as profecias que se relacionam ao nascimento de Jesus e são direta ou indiretamente citadas em Mateus e Lucas. Abaixo, sobre a virgem que conceberia:

"Por isso o Senhor mesmo lhes dará um sinal: a virgem ficará grávida e dará à luz um filho, e o chamará Emanuel." (Isaías 7:14)

Sobre o descendente de Davi que viria a fim de governar para sempre:

"Porque um menino nos nasceu, um filho nos foi dado, e o governo está sobre os seus ombros. E ele será chamado Maravilhoso Conselheiro, Deus Poderoso, Pai Eterno, Príncipe da Paz. Ele estenderá o seu domínio, e haverá paz sem fim sobre o trono de Davi e sobre o seu reino, estabelecido e mantido com justiça e retidão, desde agora e para sempre. O zelo do Senhor dos Exércitos fará isso." (Isaías 9:6,7)

"Quanto a você, sua dinastia e seu reino permanecerão para sempre diante de mim; o seu trono será estabelecido para sempre." (2 Samuel 7:16)

O Messias nasceria em Belém:

"Mas tu, Belém-Efrata, embora sejas pequena entre os clãs de Judá, de ti virá para mim aquele que será o governante sobre Israel. Suas origens estão no passado distante, em tempos antigos." (Miquéias 5:2)

Missionária Oriana Costa.




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