sábado, 22 de maio de 2021

O início das dores - Mateus 24 - Parte 3


Vocês ouvirão falar de guerras e rumores de guerras, mas não tenham medo. É necessário que tais coisas aconteçam, mas ainda não é o fim. Nação se levantará contra nação, e reino contra reino. Haverá fomes e terremotos em vários lugares. Tudo isso será o início das dores. (Mateus 24:6-8)

Para fazermos a análise desse trecho do Evangelho de Mateus é necessário compará-lo com os trechos que se referem ao mesmo assunto nos outros evangelhos, para entendermos melhor sobre o que Cristo está alertando.

No Evangelho de Marcos, encontramos um trecho que está no capítulo 13, entre os versículos 7 e 8, que praticamente usa as mesmas palavras escritas no Evangelho de Mateus para falar do "princípio das dores". No entanto, no Evangelho de Lucas, encontramos um pequeno acréscimo às informações que Mateus nos passa:

"Quando ouvirem falar de guerras e rebeliões, não tenham medo. É necessário que primeiro aconteçam essas coisas, mas o fim não virá imediatamente". Então lhes disse: "Nação se levantará contra nação, e reino contra reino. Haverá grandes terremotos, fomes e pestes em vários lugares, e acontecimentos terríveis e grandes sinais provenientes do céu. (Lucas 21:9-11)

De fato, três décadas após a morte e ressurreição de Jesus, iniciou-se um descontentamento do povo judeu com relação ao domínio que o Império Romano exercia sobre eles. Isso resultou em rebeliões, onde os israelitas se recusaram a pagar os impostos e também agrediram cidadãos romanos que viviam em Israel.

A situação se agravou de tal forma que culminou em guerra, onde, inicialmente, Jerusalém foi destruída  e, anos depois, toda a nação de Israel foi atingida e tomada pelos ataques dos exércitos romanos (clique aqui para saber mais). Quem conseguiu escapar acabou fugindo para as nações vizinhas. Esse acontecimento também foi previsto pelo Senhor, e podemos ler sobre ele no capítulo 24 de Mateus:

Assim, quando vocês virem ‘o sacrilégio terrível’, do qual falou o profeta Daniel, no lugar santo — quem lê, entenda — então, os que estiverem na Judéia fujam para os montes. Quem estiver no telhado de sua casa não desça para tirar dela coisa alguma. Quem estiver no campo não volte para pegar seu manto. Como serão terríveis aqueles dias para as grávidas e para as que estiverem amamentando! Orem para que a fuga de vocês não aconteça no inverno nem no sábado. Porque haverá então grande tribulação, como nunca houve desde o princípio do mundo até agora, nem jamais haverá. Se aqueles dias não fossem abreviados, ninguém sobreviveria; mas, por causa dos eleitos, aqueles dias serão abreviados. (Mateus 24:15-22)

O sacrilégio terrível, ao qual se refere o Senhor Jesus, aconteceu na última fase da guerra judaico romana (clique aqui para saber mais), onde o imperador Adriano, após construir sobre os escombros de Jerusalém uma nova cidade romana, se apossou do monte do templo e mandou construir sobre ele um santuário para o culto do deus Júpiter Capitolino (clique aqui para saber mais).

No Evangelho de Lucas, há uma outra descrição do aviso dado por Jesus Cristo aos discípulos sobre a destruição de Jerusalém e a tomada de Israel pelo Império Romano, que confirma e complementa as informações contidas no Evangelho de Mateus:

Quando virem Jerusalém rodeada de exércitos, vocês saberão que a sua devastação está próxima. Então os que estiverem na Judéia fujam para os montes, os que estiverem na cidade saiam, e os que estiverem no campo não entrem na cidade. Pois esses são os dias da vingança, em cumprimento de tudo o que foi escrito. Como serão terríveis aqueles dias para as grávidas e para as que estiverem amamentando! Haverá grande aflição na terra e ira contra este povo. Cairão pela espada e serão levados como prisioneiros para todas as nações. Jerusalém será pisada pelos gentios, até que os tempos deles se cumpram. (Lucas 21:20-24)

No entanto, apesar de sabermos pelos dados históricos o que aconteceu em Israel após a ressurreição do Senhor, observamos que Ele adverte aos seus discípulos que eles veriam fomes, terremotos, pestes e outros acontecimentos terríveis "em vários lugares", dando a entender que não seria somente em Israel, mas no mundo inteiro, antes de Seu retorno.

Portanto, em se tratando dos principais sinais que antecedem a volta de Jesus Cristo, sem contar com as fomes, pestes, desastres ambientais provocados pelo homem e grandes catástrofes naturais, que continuam acontecendo em todo o mundo, o pontapé inicial para o princípio das dores foi a destruição total de Jerusalém. Depois disso, muitas outras guerras e rumores de guerras (tensões entre as nações) aconteceram através dos séculos e essa situação se continua até agora. Essa é a "grande tribulação" sobre a qual o Senhor Jesus se refere (clique aqui para saber mais).

Conforme a tecnologia bélica foi se aprimorando com o passar do tempo, as guerras passaram a ficar cada vez mais perigosas e mortais, como podemos observar quando comparamos os resultados das primeira e segunda guerras mundiais com aqueles de guerras anteriores. Até hoje, o planeta e os seres humanos sofrem com os danos provocados por esses dois infelizes acontecimentos do século XX. 

Assim como foi com a destruição de Jerusalém e a tomada de Israel, as outras guerras que foram acontecendo através dos tempos, especialmente as guerras mundiais, foram tempos terríveis e, se o nosso Criador não tivesse interferido, realmente a humanidade não teria subsistido.

Precisamos lembrar também que, permeando esse clima tenso entre os povos, falsos cristos e falsos profetas deverão aparecer, a fim de persuadir e enganar aqueles indivíduos que ignoram as advertências de Cristo nos evangelhos, ou ainda não têm entendimento claro da mensagem do Evangelho do Reino (clique aqui para ler o texto sobre os falsos cristos).

Sobre os "grandes sinais provenientes do céu", que está escrito no Evangelho de Lucas, capitulo 21, tratam-se de acontecimentos incomuns relacionados aos judeus e aos cristãos. 

São eventos já preditos profeticamente nas escrituras sagradas, os quais, apesar de serem de natureza sobrenatural, vão soar como situações comuns para o mundo. Tais sinais só podem ser discernidos pela igreja, através do conhecimento das Escrituras e da revelação do Espírito Santo. 

Um desses sinais foi presenciado no século XX, em todo o mundo, com o inusitado ressurgimento da nação de Israel e, em seguida, na guerra dos seis dias, onde muitos dos que faziam parte dos exércitos que batalhavam contra aquele país recém-inaugurado viram fenômenos sobrenaturais acontecendo como forma de livramento de suas investidas, levando, inclusive, à vitória dos israelenses contra as nações inimigas nesse acontecimento (clique aqui para saber mais).

Podemos ler no livro do profeta Amós um trecho que se refere a esse evento:

Trarei de volta Israel, o meu povo exilado, eles reconstruirão as cidades em ruínas e nelas viverão. Plantarão vinhas e beberão do seu vinho; cultivarão pomares e comerão do seu fruto. Plantarei Israel em sua própria terra, para nunca mais ser desarraigado da terra que lhe dei", diz o SENHOR, o seu Deus. (Amós 9:14,15)

Outro sinal que pode ser considerado proveniente do céu é a publicação da Bíblia Sagrada, um livro que, além de ter sido o primeiro impresso no mundo, continua sendo o mais vendido e o mais lido de todos até hoje.

O fato desse livro ainda continuar sendo o mais lido e o mais difundido no mundo, desde o dia em que foi feita sua primeira impressão e publicação, apesar das tentativas de alguns movimentos de religiões não-cristãs ou ateístas de destruí-la e impedir sua divulgação, é um grande sinal do céu para todas as nações.

E na própria Bíblia aparece um trecho, no livro de Apocalipse, que muito provavelmente se refere a ela. Lembrando que o livro de Apocalipse foi escrito há cerca de dois mil anos atrás, muito antes da Bíblia que conhecemos hoje existir:

Depois falou comigo mais uma vez a voz que eu tinha ouvido falar do céu: "Vá, pegue o livro aberto que está na mão do anjo que se encontra de pé sobre o mar e sobre a terra". Assim me aproximei do anjo e lhe pedi que me desse o livrinho. Ele me disse: "Pegue-o e coma-o! Ele será amargo em seu estômago, mas em sua boca será doce como mel". Peguei o livrinho da mão do anjo e o comi. Ele me pareceu doce como mel em minha boca; mas, ao comê-lo, senti que o meu estômago ficou amargo. Então me foi dito: "É preciso que você profetize de novo acerca de muitos povos, nações, línguas e reis". (Apocalipse 10:8-11)

Todos os sinais preditos por Jesus estão acontecendo e deverão manifestar-se no mundo até o último deles, que é a aparição e o empoderamento do anticristo, chamado de "o homem do pecado" pelo Apóstolo Paulo em sua segunda carta aos cristãos de Tessalônica (veja em 2Ts 2).

Sabemos, portanto, que o ápice dessas dores – o auge dessa grande tribulação, que se dará com a manifestação pública do anticristo –, ainda não aconteceu, pois de acordo com as escrituras, antes que ele se manifeste o mundo chegará a uma situação de "apostasia total".

Isso quer dizer que chegará o tempo em que o mundo desdenhará ou rejeitará o Deus bíblico totalmente, de forma que não haverá mais condições de se testemunhar sobre Ele, nem pelo judaísmo nem pelo cristianismo. O nome do Senhor será impedido de ser pronunciado e o Evangelho do Reino não poderá mais ser anunciado em quaisquer nações da Terra, caracterizando que o tempo do "filho da perdição" se iniciou.

Missionária Oriana Costa

domingo, 16 de maio de 2021

Muitos virão em meu nome, dizendo: Eu sou o Cristo! - Mateus 24 - Parte 2


Tendo Jesus se assentado no monte das Oliveiras, os discípulos dirigiram-se a ele em particular e disseram: "Dize-nos, quando acontecerão essas coisas? E qual será o sinal da tua vinda e do fim dos tempos?" Jesus respondeu: "Cuidado, que ninguém os engane. Pois muitos virão em meu nome, dizendo: ‘Eu sou o Cristo!’ e enganarão a muitos. (Mateus 24:3-5)

Após sair do templo em Jerusalém e chegar ao Monte das oliveiras, Jesus começa a explicar mais detalhadamente aos seus discípulos alguns assuntos sobre os quais Ele conversara com eles anteriormente.

Antes mesmo de chegar ao monte, enquanto estava do lado de fora do templo, o Mestre havia começado a falar novamente sobre as coisas que aconteceriam antes da segunda vinda dele, um desses acontecimentos seria a destruição de Jerusalém (leia em Não ficará aqui pedra sobre pedra).

Curiosos para compreender melhor o que estavam ouvindo, os discípulos começaram a perguntar ao Senhor sobre qual seria o tempo em que os eventos preditos por Ele aconteceriam. Eles desejavam discernir, através dos acontecimentos, que o dia da Sua volta estava próximo, bem como o que aconteceria no exato dia do seu retorno.

Desta forma, o Senhor começa explicando que, antes de qualquer coisa, eles deveriam ter cuidado com os "falsos cristos". Jesus alertou os discípulos que, após a Sua ressurreição e até o momento da Sua volta, surgiriam pessoas se passando pelo Messias, e tais indivíduos conseguiriam enganar muita gente, especialmente por causa dos prodígios que realizariam, somados, é claro, à lábia e ao carisma que apresentariam.

Assim sendo, um dos sinais que deverá permear os demais, e que aparecerá com frequência, segundo o alerta de Jesus, mostrando que se iniciou a contagem regressiva para a volta do Senhor, é o aparecimento de usurpadores do nome dele.

Isso acontecerá especialmente porque, à medida que o tempo passa, é comum que as pessoas se desesperem, devido aos acontecimentos infelizes desse mundo, e assim acabem esquecendo, ou mesmo não mais tendo acesso ao conteúdo das escrituras bíblicas. Essa situação deixa as pessoas vulneráveis, necessitadas de algo bom em que possam se apegar a fim de se consolarem em meio as suas angustias. E esta será a oportunidade que certos indivíduos terão de agir de má fé, a fim de conquistarem seguidores e sugar-lhes dinheiro.

Então, para não sermos enganados com relação a segunda vinda de Cristo, temos que saber como ela acontecerá. O próprio Senhor explicou aos discípulos como seria: Ele virá do céu, atravessando as nuvens e envolto em muita luz, e todos os habitantes da terra verão quando isso acontecer.

Portanto, no dia de seu retorno, o Messias não reaparecerá dentre as pessoas, vivendo num corpo mortal, e sim surgirá, de surpresa, nas alturas, num glorioso espetáculo de luzes e sons, cercado pelos seus exércitos celestiais.

É por isso que, mais à frente, Ele avisa:

Se, então, alguém lhes disser: ‘Vejam, aqui está o Cristo! ’ ou: ‘Ali está ele! ’, não acreditem. Pois aparecerão falsos cristos e falsos profetas que realizarão grandes sinais e maravilhas para, se possível, enganar até os eleitos. Vejam que eu os avisei antecipadamente. Assim, se alguém lhes disser: ‘Ele está lá, no deserto! ’, não saiam; ou: ‘Ali está ele, dentro da casa! ’, não acreditem. Porque assim como o relâmpago sai do Oriente e se mostra no Ocidente, assim será a vinda do Filho do homem. (...) todas as nações da terra se lamentarão e verão o Filho do homem vindo nas nuvens do céu com poder e grande glória. E ele enviará os seus anjos com grande som de trombeta, e estes reunirão os seus eleitos dos quatro ventos, de uma a outra extremidade dos céus. (Mateus 24:23-31)

Neste maravilhoso Dia, quando nosso Cristo surgir nas nuvens, onde toda a Terra o verá, também haverá um grande lamento geral em todo o planeta, pois será perfeitamente visível para todas as pessoas o momento da separação da nação do Reino de Deus dos demais povos do mundo. Os cidadãos do Reino serão levados para cima, com a ajuda dos anjos, e reunidos, nas alturas, à vista de todos, e isso causará um grande transtorno aos que ficarem.

No Antigo Testamento há alguns relatos desse acontecimento. Eles não mostram com clareza como será o momento da reaparição de Jesus, contudo dão pistas de que será um evento sobrenatural. Vejamos nos três trechos abaixo:

Naquela ocasião Miguel, o grande príncipe que protege o seu povo, se levantará. Haverá um tempo de angústia tal como nunca houve desde o início das nações e até então. Mas naquela ocasião o seu povo, todo aquele cujo nome está escrito no livro, será liberto. Multidões que dormem no pó da terra acordarão: uns para a vida eterna, outros para a vergonha, para o desprezo eterno. Aqueles que são sábios reluzirão como o brilho do céu, e aqueles que conduzem muitos à justiça serão como as estrelas, para todo o sempre. (Daniel 12:1-3)

O Senhor reina! Exulte a terra e alegrem-se as regiões costeiras distantes. Nuvens escuras e espessas o cercam; retidão e justiça são a base do seu trono. Fogo vai adiante dele e devora os adversários ao redor. Seus relâmpagos iluminam o mundo; a terra os vê e estremece. Os montes se derretem como cera diante do Senhor, diante do Soberano de toda a terra. Os céus proclamam a sua justiça, e todos os povos contemplam a sua glória.(Salmos 97:1-6)

Então o Senhor, o meu Deus, virá com todos os seus santos. Naquele dia não haverá calor nem frio. Será um dia único, no qual não haverá separação entre dia e noite, porque quando chegar a noite ainda estará claro. Um dia que o Senhor conhece. Naquele dia águas correntes fluirão de Jerusalém, metade delas para o mar do leste e metade para o mar do oeste. Isto acontecerá tanto no verão quanto no inverno. O Senhor será rei de toda a terra. Naquele dia haverá um só Senhor e o seu nome será o único nome. (Zacarias 14:5-9)

Já no Novo Testamento, tanto Jesus quanto os Apóstolos deixam claro que o momento da reaparição do Rei Jesus será um evento sobrenatural, jamais visto antes na terra. Nas cartas dos Apóstolos Pedro (2Pe 3:10) e Paulo (1Ts 4:15-18), observamos relatos esclarecedores desse acontecimento.

Quem não buscar verdadeiramente o entendimento do Reino de Deus certamente será enganado pelos falsos cristos e falsos profetas, que, à medida que o dia do retorno do Senhor se aproxima, irão surgir em todo o mundo com maior intensidade.


Texto: Missionária Oriana Costa 

Edição: Pr. Wendell Costa

segunda-feira, 10 de maio de 2021

Não ficará aqui pedra sobre pedra - Mateus 24 - Parte 1


O Senhor Jesus estava em Jerusalém, tendo despedido a multidão, a qual ouviu seu último discurso público (veja o estudo sobre esse discurso nas seis publicações anteriores a esta). Nesse momento, Ele havia saído do templo e ia com os seus discípulos para o Monte das oliveiras, a fim de continuar os ensinando em particular.

Chegando ao monte, Jesus começa a preparar seus discípulos para presenciarem, alguns dias adiante, a Sua prisão e crucificação. Além disso, Ele explica alguns eventos que aconteceriam em Jerusalém e no mundo, após a Sua ressurreição e antes da Sua segunda vinda.

Iniciando nosso estudo, vamos analisar o começo da conversa que Jesus teve com seus discípulos, logo após Sua saída do templo, antes de chegar ao monte. Vejamos o trecho a seguir:

Jesus saiu do templo e, enquanto caminhava, seus discípulos aproximaram-se dele para lhe mostrar as construções do templo. "Vocês estão vendo tudo isto?", perguntou ele. "Eu lhes garanto que não ficará aqui pedra sobre pedra; serão todas derrubadas". (Mateus 24:1,2)

Naquele tempo, o tetrarca Herodes Antipas, desejando manter boas relações com os israelitas e fazer com que se submetessem ao seu governo passivamente (pois, na época, a nação de Israel perdera, mais uma vez, sua autonomia e estava sob o domínio do Império Romano), deu ordens para que o templo dos judeus fosse restaurado.

Este era o Segundo Templo, que havia sido reconstruído depois que os israelitas foram libertados do cativeiro na Babilônia, e fora consagrado por volta de 516 a.C. Esse novo templo tinha duas diferenças do anterior: a primeira é que na sua corte exterior foi acrescentada uma área para prosélitos (simpatizantes da fé judaica), que eram adoradores de Deus, mas que não desejavam se submeter às leis do Judaísmo.

A segunda é que lá não tinha a Arca da Aliança, o Urim e Tumim, o óleo sagrado, o fogo sagrado, as tábuas dos Dez Mandamentos, os vasos com Maná, nem o cajado de Aarão. Todos esses objetos foram saqueados ou destruídos durante a invasão que a nação de Israel sofreu na ascensão do Império Babilônico.

No tempo de Herodes, esse Segundo Templo já havia completado cinco séculos de existência. Com o passar do tempo, ele foi sofrendo vários desgastes em sua estrutura e, com certeza, precisava de muitos reparos.

Assim, aquela obra de restauração foi muito bem vinda e foi um sucesso: depois de sua finalização, passou a ser admirada por todos os que a contemplavam. Por isso, quando os discípulos foram para fora daquele lugar junto com o Senhor, começaram a chamar a atenção dele para a imponência e beleza daquela grande construção. 

No entanto, para a surpresa deles, tudo o que ouviram de Cristo sobre o belíssimo edifício que viam foi "garanto que não ficará aqui pedra sobre pedra; serão todas derrubadas". Certamente os discípulos não entenderam bem o porquê daquelas palavras e que tipo de acontecimento poderia levar à destruição de uma construção grande e bela como aquela, erigida para adorar a Deus.

Nas entrelinhas, o que o Mestre estava avisando era que tudo o que havia sido estabelecido na Lei Mosaica e tinha sido avisado pelos profetas, caso o povo continuasse desonrando a aliança que tinham com Deus, se cumpriria. Também que todos os que cressem nele não precisariam mais de templos, tais como aquele, para cultuar e adorar ao Criador, como realmente Ele merece.

No Antigo Testamento há vários trechos alertando sobre a destruição de Jerusalém no futuro, caso eles continuassem a desagradar a Deus e não se arrependessem. Vejamos algumas passagens bíblicas nesse sentido:

(...) eu mesmo os castigarei sete vezes mais por causa dos seus pecados. Vocês comerão a carne dos seus filhos e das suas filhas. Destruirei os seus altares idólatras, despedaçarei os seus altares de incenso e empilharei os seus cadáveres sobre os seus ídolos mortos, e rejeitarei vocês. Deixarei as cidades de vocês em ruínas e arrasarei os seus santuários, e não terei prazer no aroma das suas ofertas. Desolarei a terra a ponto de ficarem perplexos os seus inimigos que vierem ocupá-la. Espalharei vocês entre as nações e desembainharei a espada contra vocês. Sua terra ficará desolada, e as suas cidades, em ruínas. (Levítico 26:28-33)

Derrubaste todos os seus muros e reduziste a ruínas as suas fortalezas. Todos os que passam o saqueiam; tornou-se motivo de zombaria para os seus vizinhos. Tu exaltaste a mão direita dos seus adversários e encheste de alegria todos os seus inimigos. Tiraste o fio da sua espada e não o apoiaste na batalha. Deste fim ao seu esplendor e atiraste ao chão o seu trono. Encurtaste os dias da sua juventude; com um manto de vergonha o cobriste.(Salmos 89:40-45)

Vi o Senhor junto ao altar, e ele disse: "Bata no topo das colunas para que tremam os umbrais. Faça que elas caiam sobre todos os presentes; e os que sobrarem matarei à espada. Ninguém fugirá, ninguém escapará. Ainda que escavem até às profundezas, dali a minha mão irá tirá-los. Se subirem até os céus, de lá os farei descer. Mesmo que se escondam no topo do Carmelo, lá os caçarei e os prenderei. Ainda que se escondam de mim no fundo do mar, ali ordenarei à serpente que os morda. Mesmo que sejam levados ao exílio por seus inimigos, ali ordenarei que a espada os mate. Vou vigiá-los para lhes fazer o mal e não o bem." (Amós 9:1-4)

De fato, Cerca de 40 anos após a morte e ressurreição de Cristo, iniciou-se um período de guerras entre Israel e o Império Romano, que aconteceu em três etapas. Esse período é chamado de Guerra judaico-romana. Esse conflito foi motivado a princípio pelas tensões religiosas, evoluindo para protestos contra o pagamento de tributos, que culminou em ataques a cidadãos romanos.

Na primeira etapa, chamada de Grande revolta judaica (66-73 d.C.), Jerusalém foi tomada pelas forças do comandante romano, Tito. Outra vez, as muralhas e o Templo de Jerusalém foram destruídos, e o resto da cidade voltou a ficar em ruínas. A destruição de Jerusalém, também conhecida como Cerco de Jerusalém, ocorreu durante o governo do imperador romano Vespasiano.

O historiador judeu Flávio Josefo descreveu com detalhes como aconteceu essa primeira etapa da Guerra judaico-romana. Alguns trechos dos textos que ele escreveu estão acessíveis na internet, servindo como uma fonte importante de pesquisa e também de prova incontestável desse acontecimento (clique aqui).


Texto: Missionária Oriana Costa 

Edição: Pr. Wendell Costa


quarta-feira, 5 de maio de 2021

A sentença - Considerações sobre Mateus 23 - Parte 6


Neste texto faremos a conclusão do estudo do capítulo 23 do Evangelho de Mateus, que vai do versículo 29 até o 39. Na primeira parte, entre os versículos 29 e 36, vamos observar os dois últimos julgamentos feitos pelo Senhor Jesus em relação aos líderes religiosos de Israel, enquanto ainda estava no templo de Jerusalém.

Em seguida, a partir do versículo 37, vamos analisar o desfecho do discurso de Cristo, onde Ele declara a sentença que já havia sido decretada para a nação de Israel, séculos antes daquele momento, pelos profetas que Deus lhes havia enviado.

Ai de vocês, mestres da lei e fariseus, hipócritas! Vocês edificam os túmulos dos profetas e adornam os monumentos dos justos. E dizem: ‘Se tivéssemos vivido no tempo dos nossos antepassados, não teríamos tomado parte com eles no derramamento do sangue dos profetas’. Assim, vocês testemunham contra si mesmos que são descendentes dos que assassinaram os profetas. Acabem, pois, de encher a medida do pecado dos seus antepassados! Serpentes! Raça de víboras! Como vocês escaparão da condenação ao inferno? Por isso, eu lhes estou enviando profetas, sábios e mestres. A uns vocês matarão e crucificarão; a outros açoitarão nas sinagogas de vocês e perseguirão de cidade em cidade. E, assim, sobre vocês recairá todo o sangue justo derramado na terra, desde o sangue do justo Abel, até o sangue de Zacarias, filho de Baraquias, a quem vocês assassinaram entre o santuário e o altar. Eu lhes asseguro que tudo isso sobrevirá a esta geração.

A sexta acusação feita contra os mestres da Lei e fariseus foi, portanto, a falta de compromisso deles com suas palavras, ao declararem "se tivéssemos vivido no tempo dos nossos antepassados, não teríamos tomado parte com eles no derramamento do sangue dos profetas".

Acontecia que, literalmente, eles diziam à sociedade que jamais iriam fazer o que seus antepassados fizeram, prendendo e matando os profetas que Deus estava enviando a eles para os advertir. Porém, eles estavam sendo levianos, dizendo essas palavras sem seriedade, sem o compromisso de cumpri-las. 

E desta forma, para manter as aparências e provar ao povo que estavam mesmo falando sério, eles cuidavam dos túmulos dos profetas e dos monumentos feitos em homenagem a alguns deles. 

A situação que aqueles homens falavam – de que jamais participariam no assassinato de profetas de Deus –, realmente não havia acontecido ainda com eles, pois João Batista foi o último profeta da Antiga Aliança, e ele foi preso e morto a mando de Herodes Antipas, o tetrarca romano que comandava as regiões da Galiléia e Pereia. Assim, (extraordinariamente!) não houve a intervenção dos israelitas no processo da prisão e morte desse profeta específico.

O último profeta enviado por Deus aos israelitas, antes de João Batista, foi há aproximadamente 450 anos antes de seu nascimento, cujo nome era Malaquias (Clique aqui para saber mais). Desta forma, os israelitas passaram quase 500 anos sem receber mensageiro algum da parte de Deus (pelo menos, registrado através das Escrituras), até que, por fim, Ele enviou João e Jesus.

A geração de israelitas do tempo de Jesus, portanto, sabia da matança dos profetas, por causa dos registros contidos nas Escrituras e em outros documentos que ainda existiam na época, mas não tinham vivenciado tal fato por eles mesmos.

Contudo, antecipadamente, por causa da ação do Espírito Santo e também respaldado nas próprias Escrituras, o Senhor Jesus, ao final de seu discurso, declarou, diante de todos os presentes, aquilo que os mestres da Lei e fariseus iriam fazer: eles iam acabar de encher a medida do pecado dos seus antepassados, perseguindo, açoitando, crucificando e matando o próprio Cristo, e depois os Apóstolos e muitos de seus discípulos. Então, essa foi a sétima e última acusação de Jesus contra aqueles homens: homicídio.

O último assassinado feito pelos líderes religiosos israelitas a um profeta, aconteceu séculos antes da vinda de João Batista. O profeta Zacarias, conforme fala Cristo, foi morto entre o santuário e o altar. Isso quer dizer que eles invadiram o templo e provavelmente mataram o profeta em frente à sala chamada de Santo dos santos.

No Antigo Testamento não há o relato da morte do profeta Zacarias, assim como descreveu o Senhor, nem tampouco há a citação acerca de como outros profetas morreram (só encontramos informações de que muitos foram feridos por espadas), contudo, em alguns trechos vemos denúncias desses tristes acontecimentos:

Os israelitas rejeitaram a tua aliança, quebraram os teus altares, e mataram os teus profetas à espada. (1 Reis 19:14)

Mas foram desobedientes e se rebelaram contra ti; deram as costas para a tua Lei. Mataram os teus profetas, que os tinham advertido que se voltassem para ti; e te fizeram ofensas detestáveis. (Neemias 9:26)

De nada adiantou castigar o seu povo, eles não aceitaram a correção. A sua espada tem destruído os seus profetas como um leão devorador. (Jeremias 2:30)

Prosseguindo com o raciocínio do nosso estudo, vamos agora para a finalização desse dramático discurso do Senhor Jesus, que conclui dizendo estas palavras:

Jerusalém, Jerusalém, você, que mata os profetas e apedreja os que lhe são enviados! Quantas vezes eu quis reunir os seus filhos, como a galinha reúne os seus pintinhos debaixo das suas asas, mas vocês não quiseram. Eis que a casa de vocês ficará deserta. Pois eu lhes digo que vocês não me verão desde agora, até que digam: ‘Bendito é o que vem em nome do Senhor’.

Ao falar da galinha que reúne seus pintinhos debaixo de suas asas, Cristo está se referindo à proteção e ao cuidado que Deus sempre desejava dar à nação de Israel, e que, inclusive, é uma das promessas dele para aquele povo:

Ele o cobrirá com as suas penas, e sob as suas asas você encontrará refúgio; a fidelidade dele será o seu escudo protetor. (Salmos 91:4)

Porém, por causa da incredulidade e desobediência dos israelitas, ao longo dos séculos, eles acabaram por várias vezes dominados por outras nações e suas cidades eram destruídas. Antes de Roma, que foi a última nação a assumir o controle dos israelitas, eles já tinham sido conquistados pelos assírios, persas, gregos e macedônicos (império selêucida).

No momento que Jesus foi enviado, Israel estava novamente colhendo mais um juízo de sua conduta reprovável diante de Deus, desta vez submissa ao Império romano, que 40 anos depois, iria destruir totalmente a cidade de Jerusalém e arrasar todas as outras cidades israelenses.

Ao julgar a nação de Israel, Jesus faz menção ao que fora dito pelo profeta Jeremias, séculos antes de seu tempo:

A terra deles ficará deserta e será tema de permanente zombaria. Todos os que por ela passarem ficarão chocados e balançarão a cabeça. Como o vento leste, eu os dispersarei diante dos inimigos; eu lhes mostrarei as costas e não o rosto, no dia da sua derrota.(Jeremias 18:16,17)

E quando o Senhor Jesus diz "eu lhes digo que vocês não me verão desde agora, até que digam: ‘Bendito é o que vem em nome do Senhor', Ele está dizendo que os judeus israelitas somente tornariam a vê-lo novamente quando reconhecessem a Ele como seu Salvador e cressem na mensagem do Reino, aceitando o governo de Cristo sobre eles e humilhando-se diante de Deus, arrependendo-se verdadeiramente de seus pecados. Essa fala de Jesus está predita no livro de Salmos, como leremos a seguir:

Esta é a porta do Senhor, pela qual entram os justos. Dou-te graças, porque me respondeste e foste a minha salvação. A pedra que os construtores rejeitaram tornou-se a pedra angular. Isso vem do Senhor, e é algo maravilhoso para nós. Este é o dia em que o Senhor agiu; alegremo-nos e exultemos neste dia. Salva-nos, Senhor! Nós imploramos. Faze-nos prosperar, Senhor! Nós suplicamos. Bendito é o que vem em nome do Senhor. Da casa do Senhor nós os abençoamos. (Salmos 118:20-26)

De fato, depois de ressurreto, os primeiros para os quais Jesus apareceu pessoalmente foram os Apóstolos e alguns de seus discípulos (que eram judeus), e, mais tarde, também o fariseu romano Paulo de Tarso experimentou um momento especial com o Rei Jesus enquanto viajava para Damasco, quando perseguia os cristãos.

Então, praticamente todos os que estavam seguindo o Senhor Jesus até Sua crucificação, com exceção do Apóstolo Paulo, conseguiram vê-lo em pessoa após sua ressurreição.

Até os dias de hoje, muitos judeus que buscam conhecer a mensagem do Evangelho têm tido experiências sobrenaturais únicas com a presença de Deus. Alguns têm visões do Reino de Deus e do próprio Cristo, ainda que não possam ver seu rosto com clareza.

No Evangelho de João há também um trecho com informações complementares em relação a esse episódio do templo, que veremos a seguir:

"Entre os que tinham ido adorar a Deus na festa da Páscoa, estavam alguns gregos. Eles se aproximaram de Filipe, que era de Betsaida da Galiléia, com um pedido: "Senhor, queremos ver Jesus". Filipe foi dizê-lo a André, e os dois juntos o disseram a Jesus. Jesus respondeu: "Chegou a hora de ser glorificado o Filho do homem. Digo-lhes verdadeiramente que, se o grão de trigo não cair na terra e não morrer, continuará ele só. Mas se morrer, dará muito fruto. Aquele que ama a sua vida, a perderá; ao passo que aquele que odeia a sua vida neste mundo, a conservará para a vida eterna. Quem me serve precisa seguir-me; e, onde estou, o meu servo também estará. Aquele que me serve, meu Pai o honrará. "Agora meu coração está perturbado, e o que direi? Pai, salva-me desta hora? Não; eu vim exatamente para isto, para esta hora. Pai, glorifica o teu nome! " Então veio uma voz do céu: "Eu já o glorifiquei e o glorificarei novamente". A multidão que ali estava e a ouviu, disse que tinha trovejado; outros disseram que um anjo lhe tinha falado. Jesus disse: "Esta voz veio por causa de vocês, e não por minha causa. Chegou a hora de ser julgado este mundo; agora será expulso o príncipe deste mundo. Mas eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a mim". Ele disse isso para indicar o tipo de morte que haveria de sofrer. A multidão falou: "A Lei nos ensina que o Cristo permanecerá para sempre; como podes dizer: ‘O Filho do homem precisa ser levantado’? Quem é esse ‘Filho do homem’?" Disse-lhes então Jesus: "Por mais um pouco de tempo a luz estará entre vocês. Andem enquanto vocês têm a luz, para que as trevas não os surpreendam, pois aquele que anda nas trevas não sabe para onde está indo. Creiam na luz enquanto vocês a têm, para que se tornem filhos da luz". Terminando de falar, Jesus saiu e ocultou-se deles. Mesmo depois que Jesus fez todos aqueles sinais miraculosos, não creram nele. Isso aconteceu para se cumprir a palavra do profeta Isaías, que disse: "Senhor, quem creu em nossa mensagem, e a quem foi revelado o braço do Senhor?" Por esta razão eles não podiam crer, porque, como disse Isaías noutro lugar: "Cegou os seus olhos e endureceu os seus corações, para que não vejam com os olhos nem entendam com o coração, nem se convertam, e eu os cure". Isaías disse isso porque viu a glória de Jesus e falou sobre ele. Ainda assim, muitos líderes dos judeus creram nele. Mas, por causa dos fariseus, não confessavam a sua fé, com medo de serem expulsos da sinagoga; pois preferiam a aprovação dos homens do que a aprovação de Deus. Então Jesus disse em alta voz: "Quem crê em mim, não crê apenas em mim, mas naquele que me enviou. Quem me vê, vê aquele que me enviou. Eu vim ao mundo como luz, para que todo aquele que crê em mim não permaneça nas trevas. "Se alguém ouve as minhas palavras, e não as guarda, eu não o julgo. Pois não vim para julgar o mundo, mas para salvá-lo. Há um juiz para quem me rejeita e não aceita as minhas palavras; a própria palavra que proferi o condenará no último dia. Pois não falei por mim mesmo, mas o Pai que me enviou me ordenou o que dizer e o que falar. Sei que o seu mandamento é a vida eterna. Portanto, o que eu digo é exatamente o que o Pai me mandou dizer". (João 12:20-50)

Provavelmente, esse foi o fechamento do trabalho de Cristo enquanto ensinava no templo em Jerusalém pela última vez.

Texto: Missionária Oriana Costa 

Edição: Pr. Wendell Costa