No texto anterior onde estudamos a "parábola das dez virgens" (clique aqui para saber mais), que dá início ao capítulo 25 do Evangelho de Mateus, o Senhor Jesus começa a explicar como será o juízo que acontecerá após o seu retorno.
Contudo, é bom lembrar que, nas parábolas, o foco sempre é sobre aqueles que se dizem cristãos ou seguidores de Cristo, mostrando que tais indivíduos passarão por um julgamento diferente daquele que está reservado para os de fora da fé. Isso acontece por causa da responsabilidade que foi confiada à igreja por Deus, que é anunciar a mensagem do Evangelho ao mundo (Mateus 28:18-20; Marcos 16:15,16; Lucas 24:46-49; João 20:21).
Assim, na parábola das dez virgens, o Senhor nos mostra a primeira causa que levará muitos dos que se dizem "servos de Deus" a perderem a herança da vida eterna: eles estarão vivendo de acordo com os princípios da maldade do mundo e não estarão buscando a compreensão do Reino de Deus e de Sua reta justiça, apesar de estarem dentro das congregações.
Então, Cristo conta-lhes a parábola dos talentos, desta vez mostrando a segunda causa que fará muitos dos que se denominam cristãos ficarem de fora de Seu Reino. Vejamos abaixo a história completa:
E também será como um homem que, ao sair de viagem, chamou seus servos e confiou-lhes os seus bens. A um deu cinco talentos, a outro dois, e a outro um; a cada um de acordo com a sua capacidade. Em seguida partiu de viagem.
O que havia recebido cinco talentos saiu imediatamente, aplicou-os, e ganhou mais cinco. Também o que tinha dois talentos ganhou mais dois. Mas o que tinha recebido um talento saiu, cavou um buraco no chão e escondeu o dinheiro do seu senhor.
Depois de muito tempo o senhor daqueles servos voltou e acertou contas com eles. O que tinha recebido cinco talentos trouxe os outros cinco e disse: ‘O senhor me confiou cinco talentos; veja, eu ganhei mais cinco’. "O senhor respondeu: ‘Muito bem, servo bom e fiel! Você foi fiel no pouco; eu o porei sobre o muito. Venha e participe da alegria do seu senhor!'
Veio também o que tinha recebido dois talentos e disse: ‘O senhor me confiou dois talentos; veja, eu ganhei mais dois’. O senhor respondeu: ‘Muito bem, servo bom e fiel! Você foi fiel no pouco; eu o porei sobre o muito. Venha e participe da alegria do seu senhor!’
Por fim veio o que tinha recebido um talento e disse: ‘Eu sabia que o senhor é um homem severo, que colhe onde não plantou e junta onde não semeou. Por isso, tive medo, saí e escondi o seu talento no chão. Veja, aqui está o que lhe pertence’.
O senhor respondeu: ‘Servo mau e negligente! Você sabia que eu colho onde não plantei e junto onde não semeei? Então você devia ter confiado o meu dinheiro aos banqueiros, para que, quando eu voltasse, o recebesse de volta com juros. ‘Tirem o talento dele e entreguem-no ao que tem dez. Pois a quem tem, mais será dado, e terá em grande quantidade. Mas a quem não tem, até o que tem lhe será tirado. E lancem fora o servo inútil, nas trevas, onde haverá choro e ranger de dentes’ . (Mateus 25:14-30)
Antes de chegar a Jerusalém, quando estava em Jericó, hospedado na casa de Zaqueu, o Senhor Jesus contou ali uma parábola similar a esta segunda, que usou para ensinar seus discípulos no monte das oliveiras. Ela pode ser lida em Lucas 19:11-27.
Prosseguindo com a interpretação da parábola, precisamos saber que “bens” são esses aos quais o Senhor Jesus se refere. Para isso, vejamos os dois trechos abaixo:
Vocês são o sal da terra. Mas se o sal perder o seu sabor, como restaurá-lo? Não servirá para nada, exceto para ser jogado fora e pisado pelos homens. Vocês são a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade construída sobre um monte. E, também, ninguém acende uma candeia e a coloca debaixo de uma vasilha. Pelo contrário, coloca-a no lugar apropriado, e assim ilumina a todos os que estão na casa. Assim brilhe a luz de vocês diante dos homens, para que vejam as suas boas obras e glorifiquem ao Pai de vocês, que está nos céus. (Mateus 5:13-16)
Há diferentes tipos de dons, mas o Espírito é o mesmo. (...) A cada um, porém, é dada a manifestação do Espírito, visando ao bem comum. Pelo Espírito, a um é dada a palavra de sabedoria; a outro, a palavra de conhecimento, pelo mesmo Espírito; a outro, fé, pelo mesmo Espírito; (...). Todas essas coisas, porém, são realizadas pelo mesmo e único Espírito, e ele as distribui individualmente, a cada um, conforme quer. (1 Coríntios 12:4-11)
Portanto, na parábola dos talentos, o Senhor mostra que muitos são abençoados com certos dons para "o bem comum". Isso quer dizer que certas pessoas recebem capacitação para anunciarem o Reino de forma diferenciada, alcançando públicos diversos, e, também, para poderem cuidar uns dos outros nas congregações a fim de manterem-se no foco estabelecido por Deus, que é a esperança da Glória. É assim que estes indivíduos devem dar os frutos que Deus anseia colher deles.
Sempre que alguém ATENDE AO CHAMADO DE DEUS PARA A SUA VIDA, inevitavelmente vai acabar usando as virtudes com as quais foi capacitado pelo Senhor para fazer a Sua obra onde estiver.
Quando alguém não usa os dons que tem para anunciar o Reino de Deus, seja porque está usando esses dons no mundo e não quer atender ao chamado, seja porque está fingindo atender ao chamado – atraindo pessoas para si, e não para Deus–, tal pessoa está agindo segundo a maldade, e, portanto, está NEGANDO A CRISTO, ESTÁ CONTRA ELE. Tal indivíduo não herdará a vida eterna, de acordo com as explicações do Senhor nessa segunda parábola.
Portanto, o "servo mau" da parábola foi condenado exatamente porque não usou o talento que lhe fora confiado, da forma que seu senhor esperava que ele fizesse. Jesus mostrou que um coração que está pronto a obedecer a autoridade não vai julgar se quem está sobre ele está agindo bem ou mal, mas vai se submeter de bom grado e fazer sua parte da melhor maneira possível.
É por isso que, apesar daquele servo entregar ao seu senhor o talento da mesma forma que recebeu, foi considerado mau, pois não estava disposto a servir, e servir era o seu trabalho.
Outro ponto a se considerar, é que o servo mau pareceu não saber como o seu senhor lhe trataria quando voltasse, agindo como se não o conhecesse. No entanto, ele conhecia muito bem o seu Senhor, e se entregou quando disse Eu sabia que o senhor é um homem severo... Nas palavras do senhor da parábola... "você sabia que eu colho onde não plantei e junto onde não semeei".
Então, quanto mais conhecimento, dons ou talentos alguém recebe de Deus, maior é a responsabilidade que tem diante d'Ele de frutificar, visto que todos os que estão envolvidos em Sua obra sabem quem Ele é.
De acordo com a parábola, quando uma pessoa frutifica de acordo com as virtudes que lhe foram dadas, receberá como recompensa algo maior do que o esperado, visto que lhe será acrescentado os valores reservados para aqueles que não usaram seus dons devidamente. É por isso que Cristo diz "a quem tem, mais será dado, e terá em grande quantidade. Mas a quem não tem, até o que tem lhe será tirado".
Com relação ao tipo de recompensa que será dada aos que frutificaram, além da imortalidade, da segurança, da alegria, da paz e da abundância de bens infinitos, que fazem parte da glória do Reino de Deus (Romanos 2:6,7), essas pessoas também receberão de Deus autoridade e sabedoria para governar sobre cidades e até nações inteiras, de acordo com a outra versão dessa parábola, que citei anteriormente (Lucas 19:11-27).
Podemos encontrar outros trechos que falam sobre esse assunto em Apocalipse 2:26; Apocalipse 3:21; Apocalipse 5:10; 1Corintios 6:2,3.
Texto: Missionária Oriana Costa
Edição: Pr. Wendell Costa