Aqui faremos a penúltima parte da análise do capitulo 27 do Evangelho de Mateus. Neste estudo, iremos observar o que aconteceu naquela sexta-feira, do meio-dia em diante, no evento da crucificação de Jesus. Lembrando que Jesus foi preso na noite do dia anterior, por volta das 22:00 h, e levado ao Pretório, já nas primeiras horas do dia seguinte, para ser julgado por Pôncio Pilatos. Portanto, da quinta para a sexta-feira, Jesus Cristo não dormiu, não teve mais descanso.
Muito provavelmente este foi um dos julgamentos ou, talvez, o único de que se tenha notícia, que aconteceu de uma forma incrivelmente rápida: da prisão até o julgamento já concluído, passaram-se cerca de 10 horas. Vê-se aí que o tempo de sofrimento de Jesus nessa parte de seu martírio foi bem abreviado pelo Pai.
Dando início ao nosso estudo, vamos ler abaixo o trecho que finaliza o capítulo 27 do Evangelho de Mateus:
E houve trevas sobre toda a terra, do meio dia às três horas da tarde. Por volta das três horas da tarde, Jesus bradou em alta voz: "Eloí, Eloí, lamá sabactâni?" que significa: "Meu Deus! Meu Deus! Por que me abandonaste?" Quando alguns dos que estavam ali ouviram isso, disseram: "Ele está chamando Elias". Imediatamente, um deles correu em busca de uma esponja, embebeu-a em vinagre, colocou-a na ponta de uma vara e deu-a a Jesus para beber. Mas os outros disseram: "Deixem-no. Vejamos se Elias vem salvá-lo". Depois de ter bradado novamente em alta voz, Jesus entregou o espírito. Naquele momento, o véu do santuário rasgou-se em duas partes, de alto a baixo. A terra tremeu, e as rochas se partiram. Os sepulcros se abriram, e os corpos de muitos santos que tinham morrido foram ressuscitados. E, saindo dos sepulcros, depois da ressurreição de Jesus, entraram na cidade santa e apareceram a muitos. Quando o centurião e os que com ele vigiavam Jesus viram o terremoto e tudo o que havia acontecido, ficaram aterrorizados e exclamaram: "Verdadeiramente este era o Filho de Deus!" Muitas mulheres estavam ali, observando de longe. Elas haviam seguido Jesus desde a Galiléia, para o servir. Entre elas estavam Maria Madalena; Maria, mãe de Tiago e de José; e a mãe dos filhos de Zebedeu." (Mateus 27:45-56)
Vamos observar alguns fatos interessantes que se sucederam nos últimos momentos de vida de Jesus e também logo após a sua morte. O primeiro deles foi que, entre o meio-dia e as três horas da tarde daquela sexta-feira, houve "trevas" em toda a terra. Essa escuridão começou a acontecer um pouco antes do meio-dia, segundo o Evangelho de Lucas.
Alguns pesquisadores afirmam que esse período de trevas, na verdade, foi um eclipse solar, outros dizem ter sido uma tempestade de poeira vinda das regiões desérticas que ficavam próximas dali, outros dizem que foram densas nuvens que se acumularam no céu naquele momento, dentre as muitas hipóteses do que poderia ter sido aquele evento. Contudo, não há um consenso entre os estudiosos sobre o que realmente foi esse período de escuridão.
Nos Evangelhos de Marcos (Mc 15:33) e de Lucas (Lc 23:44), podemos ler trechos com informações similares, falando sobre esse mesmo acontecimento descrito em Mateus. É interessante notar que o sol não brilhou POR TRÊS HORAS SEGUIDAS, e esse fenômeno pôde ser observado em TODO O PLANETA, segundo o que está escrito nos evangelhos. Portanto, por se tratar de um evento ímpar na natureza, que foge aos padrões conhecidos, muitos pesquisadores afirmam que foi algo sobrenatural.
No Antigo Testamento, podemos encontrar um trecho constante no livro de Êxodo, em que Deus envia densas trevas sobre o Egito por três dias:
Mas o Senhor endureceu o coração do faraó, e ele não deixou que os israelitas saíssem. O Senhor disse a Moisés: "Estenda a mão para o céu, e trevas cobrirão o Egito, trevas tais que poderão ser apalpadas". Moisés estendeu a mão para o céu, e por três dias houve densas trevas em todo o Egito. Ninguém pôde ver ninguém, nem sair do seu lugar durante três dias. Todavia, todos os israelitas tinham luz nos locais em que habitavam. (Êxodo 10:20-23)
A praga das trevas que veio sobre o Egito foi a penúltima, antes da morte dos primogênitos, e antes também do sacrifício de cordeiros que as famílias israelitas fizeram, cumprindo um mandamento, para, enfim, deixarem o território egípcio em segurança.
Portanto, assim como os três dias de trevas sobre o Egito foram um sinal para o povo de Israel e para os egípcios, de que Deus estava interferindo para que os israelitas fossem libertos daquela escravidão, as três horas de trevas sobre toda a terra foi um sinal para toda a humanidade. Deus sinalizou que estava derramando o juízo pelo pecado sobre Jesus, para que todos os que n'Ele cressem pudessem ser libertados da escravidão do pecado.
Por volta das três horas da tarde, provavelmente enquanto ainda aquela escuridão prevalecia, Jesus pergunta ao Pai "Meu Deus! Meu Deus! Por que me abandonaste?".
Essa pergunta não significa que Jesus era ignorante acerca do motivo pelo o qual o Pai deixou que Ele passasse por tudo aquilo, mas nos mostra algo importante: que Jesus se separou do Pai por algumas horas, para se colocar no lugar de toda a humanidade naquele momento. Até aquele instante, todos os seres humanos (incluindo os próprios israelitas) ainda não tinham acesso à justificação de seus pecados diante de Deus e estavam em trevas, separados de seu Criador e se sentindo abandonados por Ele.
Assim, desde que o sangue de Jesus foi derramado na Sua morte, muitas pessoas começaram a se reconciliar espiritualmente com Deus ao serem informadas sobre seu Reino, saindo das trevas para a luz. Esse processo continua até agora e vai perdurar até a volta do Senhor.
A morte de Cristo estabeleceu uma aliança de paz com toda a humanidade, onde todo aquele que crê na mensagem do Reino e deseja fazer parte dele recebe a justificação de seus pecados pela fé nesse sacrifício, sendo livrado da condenação à morte eterna.
Com relação a esse momento em que Jesus pergunta ao Pai porque o abandonou, ele foi predito no livro de Salmos pelo Rei Davi:
Meu Deus! Meu Deus! Por que me abandonaste? Por que estás tão longe de salvar-me, tão longe dos meus gritos de angústia? (Salmos 22:1)
O momento em que Jesus tem os lábios molhados com vinagre, por uma das pessoas que estavam ali zombando dele e presenciando seu martírio, acontece logo após essa fala do Senhor, sendo, também, predito no Antigo Testamento, no livro de Salmos:
Tu bem sabes como sofro zombaria, humilhação e vergonha; conheces todos os meus adversários. A zombaria partiu-me o coração; estou em desespero! Supliquei por socorro, nada recebi, por consoladores, e a ninguém encontrei. Puseram fel na minha comida e para matar-me a sede deram-me vinagre. (Salmos 69:19-21)
Então Moisés convocou todas as autoridades de Israel e lhes disse: "Escolham um cordeiro ou um cabrito para cada família. Sacrifiquem-no para celebrar a Páscoa! Molhem um feixe de hissopo no sangue que estiver na bacia e passem o sangue na viga superior e nas laterais das portas. Nenhum de vocês poderá sair de casa até o amanhecer. Quando o Senhor passar pela terra para matar os egípcios, verá o sangue na viga superior e nas laterais da porta e passará sobre aquela porta; e não permitirá que o destruidor entre na casa de vocês para matá-los. (Êxodo 12:21-23)
O vinagre chegou até os lábios de Jesus através de uma vara que continha um molho de hissopo na ponta. O hissopo é uma erva muito parecida com lavanda que era usada em alguns rituais descritos na Lei Mosaica (veja em Lv:14 e Nm:19), especialmente os que se destinavam à purificação. E, nesses eventos, ele servia para fazer aspersões, que é respingar com os líquidos usados no ritual os objetos a serem purificados.
Então, quando aquele judeu levou o hissopo embebido com vinagre até a boca de Jesus, ele cumpriu, sem se dar conta, a profecia e o mandamento que se referia à libertação do povo da escravidão no Egito, como lemos há pouco. E sabemos desse detalhe graças ao Evangelho de João:
Depois disso, sabendo Jesus que todas as coisas já estavam terminadas, para que pudesse se cumprir a escritura, disse: "Tenho sede". Ora, estava ali um vaso cheio de vinagre; e embeberam uma esponja de vinagre, e pondo-a sobre um hissopo, a colocaram na sua boca. (João 19:28,29 - versão King James Fiel)
Em seguida, Jesus grita bem alto suas últimas palavras e vai a óbito (Mt 27:50, Mc 15:37). Através dos Evangelhos de Lucas e João, podemos saber o que Cristo falou nesse momento:
Jesus bradou em alta voz: "Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito". Tendo dito isso, expirou. (Lucas 23:46)
Tendo-o provado, Jesus disse: "Está consumado!" Com isso, curvou a cabeça e entregou o espírito. (João 19:30)
Se juntarmos as informações contidas nos quatro evangelhos, veremos que o momento da morte de Jesus aconteceu da seguinte forma: logo após ter recebido o hissopo molhado com vinagre, Jesus gritou bem alto: "Está consumado! Pai, nas tuas mãos entrego meu espírito!"
No livro de Salmos, há também um trecho relacionado ao momento em que Jesus entrega seu espírito ao Pai:
Em ti, Senhor, me refugio; nunca permitas que eu seja humilhado; livra-me pela tua justiça. Inclina os teus ouvidos para mim, vem livrar-me depressa! Sê minha rocha de refúgio, uma fortaleza poderosa para me salvar. Sim, tu és a minha rocha e a minha fortaleza; por amor do teu nome, conduze-me e guia-me. Tira-me da armadilha que me prepararam, pois tu és o meu refúgio. Nas tuas mãos entrego o meu espírito; resgata-me, Senhor, Deus da verdade. (Salmos 31:1-5)
Assim que o Senhor Jesus falece, acontecem três fatos que são considerados sobrenaturais: o véu do templo se rasga de cima para baixo (Mt 27: 51,52, Mc 15:38, Lc 23:45), o planeta treme e rochas se partem, e os sepulcros se abrem. Provavelmente também é nesse momento que a escuridão que tomou o céu em todo o planeta termina.
Sobre o véu do templo ter se partido de cima abaixo, precisamos entender para que esse "véu" servia, a fim de podermos mensurar o grau de relevância desse acontecimento. Esse véu era uma espessa cortina feita de linho, que servia para separar duas salas especiais dentro do tabernáculo. Vejamos suas especificações:
Faça um véu de linho fino trançado e de fios de tecido azul, roxo e vermelho, e mande bordar nele querubins. Pendure-o com ganchos de ouro em quatro colunas de madeira de acácia revestidas de ouro e fincadas em quatro bases de prata. Pendure o véu pelos colchetes e coloque atrás do véu a arca da aliança. O véu separará o Lugar Santo do Lugar Santíssimo. (Êxodo 26:31-33)
O texto acima refere-se ao tabernáculo construído por Moisés, mas o templo edificado por Salomão era semelhante, possuindo, também, três divisões. No Átrio, que era a parte externa, ficava o altar do sacrifício e a pia de bronze. No meio do Átrio, havia a área coberta, dividida em duas partes: o Lugar Santo e o Lugar Santíssimo.
No Lugar Santo, os sacerdotes ministravam e apresentavam os sacrifícios de animais que haviam sido feitos pelos pecados do povo e por seus próprios pecados. Ali estavam o altar do incenso, a mesa dos pães da propiciação e o candelabro, que eram necessários para o cumprimento de todo o ritual.
O Lugar Santíssimo – também chamado de Santo dos santos – era o local mais interno do templo, onde ficava a arca da aliança. Somente o sumo sacerdote poderia entrar ali. O véu, por conseguinte, separava a presença de Deus, manifesta naquele local, dos demais participantes do ritual e também do povo que estivesse na área mais externa do templo.
O véu rasgado de alto a baixo, no momento da morte de Jesus, indicou que aquilo veio do próprio Deus, pois, se fosse rasgado por um ser humano, isso teria sido feito de baixo para cima. Portanto, foi um evento sobrenatural.
O véu partido também foi um sinal de que daquele momento em diante Deus estaria acessível a todas as pessoas sem precisar de rituais com a mediação de um sacerdote mortal, pois o próprio Cristo ali assumiu a posição de mediador entre Deus e os homens (cf. 1Timóteo 2:1-6).
Dessa forma, todos aqueles rituais destinados a expiação de pecados já não eram mais necessários, porque Cristo acabara de ser sacrificado pelas transgressões de toda a humanidade em todas as eras, e de uma vez por todas, cumprindo a promessa que o Pai fizera aos antepassados israelitas (cf. Gálatas 3:8-25).
Sobre o tremor de terra que atingiu todo o planeta e levou as rochas a se partirem, foi um sinal de que o Pai estava consumando o juízo (ou ira) sobre os pecados da humanidade em Cristo:
Dos céus pronunciaste juízo, e a terra tremeu e emudeceu, quando tu, ó Deus, te levantaste para julgar, para salvar todos os oprimidos da terra. (Salmos 76:8,9)
O Senhor jurou contra o orgulho de Jacó: "Jamais esquecerei coisa alguma do que eles fizeram". Acaso não tremerá a terra por causa disso, e não chorarão todos os que nela vivem? Toda esta terra se levantará como o Nilo; será agitada e depois afundará como o ribeiro do Egito". "Naquele dia", declara o SENHOR, o Soberano: "Farei o sol se pôr ao meio-dia e em plena luz do dia escurecerei a terra." (Amós 8:7-9)
Quanto aos mortos que ressuscitaram, assim que Jesus morreu, foi um sinal sobrenatural e extraordinário, onde o Pai trouxe à vida algumas pessoas que faleceram naquela época. Esses indivíduos viveram crendo que Deus realmente enviaria o Messias para justificá-los de seus pecados, a fim de lhes devolver a cidadania em seu Reino (cf. Hebreus 11:13-16).
Portanto, aquelas pessoas "viveram pela fé", apesar de não terem visto o Messias vir. Elas cumpriram até o último dia de vida os mandamentos da Lei, porém conscientes de para quê eles serviam e para onde eles apontavam, sem se deixarem enganar pelas falsas doutrinas do farisaismo (Mt 27:52,53).
Podemos ler um trecho constante no livro do Profeta Isaías relacionado a esse evento:
Como a mulher grávida prestes a dar à luz se contorce e grita de dor, assim estamos nós na tua presença, ó Senhor. Nós engravidamos e nos contorcemos de dor, mas demos à luz o vento. Não trouxemos salvação à terra; não demos à luz os habitantes do mundo. Mas os teus mortos viverão; seus corpos ressuscitarão. Vocês, que voltaram ao pó, acordem e cantem de alegria. O teu orvalho é orvalho de luz; a terra dará à luz os seus mortos. (Isaías 26:17-19)
Um evento similar a esse acontecerá na segunda vinda de Jesus, onde os que estiverem mortos, até aquele momento, tendo vivido pela fé verdadeira, cumprindo os mandamentos do Reino de Deus ensinados por Cristo, terão seus corpos ressuscitados para herdarem a vida eterna (cf. 1 Coríntios 15:50-58 e 1 Tessalonicenses 4:13-18).
No livro do Profeta Daniel há também um trecho relativo à este grande acontecimento que presenciaremos num futuro que, agora, já não está tão distante:
Naquela ocasião Miguel, o grande príncipe que protege o seu povo, se levantará. Haverá um tempo de angústia tal como nunca houve desde o início das nações e até então. Mas naquela ocasião o seu povo, todo aquele cujo nome está escrito no livro, será liberto. Multidões que dormem no pó da terra acordarão: uns para a vida eterna, outros para a vergonha, para o desprezo eterno. (Daniel 12:1,2)
O dia em que Jesus morreu era uma sexta-feira, momento em que o povo de Israel devia se preparar para o descanso do Sábado do Senhor. Portanto, no "Dia da Preparação", como era conhecido para os israelitas, os judeus tinham que deixar tudo pronto para o dia seguinte, como os serviços domésticos, trabalhos no campo, etc., pois, no Sábado, eles deveriam se consagrar a Deus e não realizarem trabalho algum, segundo a Lei Mosaica (Levítico 23:3).
Além disso, a Lei Mosaica ditava o seguinte, sobre indivíduos que fossem mortos "pendurados num madeiro" ou pendurados em estacas de madeira:
Se um homem culpado de um crime que mereça a morte for morto e pendurado num madeiro, não deixem o corpo no madeiro durante a noite. Enterrem-no naquele mesmo dia, porque qualquer que for pendurado num madeiro está debaixo da maldição de Deus. Não contaminem a terra que o Senhor, o seu Deus, lhes dá por herança. (Deuteronômio 21:22,23)
Por isso, os líderes judeus pediram a Pilatos para acelerar a morte dos crucificados (pois poderiam continuar vivos até o dia seguinte), para que, antes do pôr do sol, seus corpos fossem retirados das cruzes, segundo relata o Evangelho de João:
Esse era o Dia da Preparação, e o dia seguinte seria um sábado especialmente sagrado. Por não quererem que os corpos permanecessem na cruz durante o sábado, os judeus pediram a Pilatos que ordenasse que lhes quebrassem as pernas e os corpos fossem retirados. Vieram, então, os soldados e quebraram as pernas do primeiro homem que fora crucificado com Jesus e em seguida as do outro. Mas quando chegaram a Jesus, percebendo que já estava morto, não lhe quebraram as pernas. Em vez disso, um dos soldados perfurou o lado de Jesus com uma lança, e logo saiu sangue e água. Aquele que o viu, disso deu testemunho, e o seu testemunho é verdadeiro. Ele sabe que está dizendo a verdade, e dela testemunha para que vocês também creiam. Estas coisas aconteceram para que se cumprisse a Escritura: "Nenhum dos seus ossos será quebrado", e, como diz a Escritura noutro lugar: "Olharão para aquele que traspassaram". (João 19:31-37)
Quanto aos ossos de Jesus não terem sido quebrados, isso foi um cumprimento do que já estava especificado na Lei sobre o cordeiro que seria sacrificado para a celebração do Shabbat (Êx 12:46, Nm 9:12), e também, cumprimento de uma profecia feita pelo Rei Davi, devidamente registrada no livro de Salmos:
O justo passa por muitas adversidades, mas o Senhor o livra de todas; protege todos os seus ossos; nenhum deles será quebrado. (Salmos 34:19,20)
No livro do Profeta Zacarias, lemos o trecho que se refere ao momento em que Jesus é perfurado no lado do seu corpo e a tristeza que sua morte causou entre todos os que creram n'Ele:
Olharão para mim, aquele a quem traspassaram, e chorarão por ele como quem chora a perda de um filho único, e lamentarão amargamente por ele como quem lamenta a perda do filho mais velho. Naquele dia muitos chorarão em Jerusalém, como os que choraram em Hadade-Rimon no vale de Megido. (Zacarias 12:10,11)
E para finalizar nosso estudo, ainda com relação ao momento que Jesus foi perfurado na cruz, onde, em seguida, saiu sangue e água, isso foi um sinal de Deus para todos os presentes, especialmente os que conheciam a Lei, de que Cristo é capaz de purificar de toda a transgressão contra a justiça de Deus (ou purificar do pecado) todos aqueles que crerem n'Ele.
Sangue e água eram dois dos seis itens usados no processo de purificação de uma casa infestada com mofo, como podemos ler em Levítico:
Para purificar a casa, ele pegará duas aves, um pedaço de madeira de cedro, um pano vermelho e hissopo. Depois matará uma das aves numa vasilha de barro com água da fonte. Então pegará o pedaço de madeira de cedro, o hissopo, o pano vermelho e a ave viva, e os molhará no sangue da ave morta e na água da fonte, e aspergirá a casa sete vezes. Ele purificará a casa com o sangue da ave, com a água da fonte, com a ave viva, com o pedaço de madeira de cedro, com o hissopo e com o pano vermelho. Depois soltará a ave viva em campo aberto, fora da cidade. Assim fará propiciação pela casa, que ficará pura. (Levítico 14:48-53)
O mofo era algo muito difícil de lidar, podendo levar uma casa à destruição, segundo as especificações da Lei (assim como o pecado não justificado leva um indivíduo à morte eterna):
Se as manchas tornarem a alastrar-se na casa depois de retiradas as pedras e de raspada e rebocada a casa, o sacerdote irá examiná-la, e, se as manchas se espalharam pela casa, é mofo corrosivo; a casa está impura. Ela terá que ser demolida: as pedras, as madeiras e todo o reboco da casa; tudo será levado para um local impuro, fora da cidade. (Levítico 14:43-45)
Se observarmos os itens usados pelo sacerdote na purificação, veremos que todos eles estavam bem representados do julgamento até a morte de Jesus: o pano vermelho (capa vermelha de rei colocada sobre Jesus), a madeira de cedro (a cruz), o hissopo (o feixe de hissopo usado para molhar os lábios de Jesus com vinagre), a água da fonte e o sangue da ave morta (sangue e água que saíram do corpo de Jesus), a ave viva (o espírito de Cristo, que deixou o corpo do homem Jesus, voltando para o Pai).
Missionária Oriana Costa
Revisão: Wendell Costa