sábado, 24 de outubro de 2020

Quem perder a vida por minha causa, a encontrará.


No trecho em questão, Cristo está falando palavras muito fortes e desafiadoras aos seus discípulos. Nesta pequena parte do capítulo 16 do Evangelho de Mateus, o Rei Jesus está dizendo o seguinte: se alguém pensa que vai salvar sua vida seguindo os princípios deste mundo, está enganado, pois vai perdê-la; no entanto, quem abdicar dos princípios do mundo e colocar os princípios do meu Reino em primeiro lugar em sua vida, seguindo-os sem duvidar, encontra e recebe a vida verdadeira.

Os princípios ou a justiça do mundo não guiam as pessoas até a fonte de vida verdadeira, porque NÃO SÃO PUROS: eles estão embasados no conhecimento do bem e do mal (que é a famosa "maldade" - Gn 2:9, Gn 2:17). Então, os sistemas do mundo prometem saúde, segurança, paz, alegria, diversão, proteção, mas estão firmados nas APARÊNCIAS das situações e nos sentimentos humanos, que são instáveis e falhos. 

Assim sendo, as promessas vindas do mundo não são plenamente confiáveis, visto que as situações que as pessoas passam no mundo e os sentimentos humanos mudam constantemente: ora as pessoas estão felizes, porque a situação está muito boa para elas, ora estão infelizes, porque as circunstâncias estão ruins e elas não sabem como fazer para revertê-las. 

Por estarem embasados no conhecimento do bem e do mal, portanto, os princípios e promessas do mundo trazem sucesso, alegria, paz e segurança misturados a muitas frustrações, decepções, tristezas, medos, dúvidas e prejuízos em todo o tempo; e tais preceitos não guiam as pessoas a nenhum outro lugar senão ao próprio mundo, cujo fim é a morte, a destruição.

Já os princípios do Reino de Deus, que constituem a justiça de Deus, são imutáveis e não variam jamais. Eles são estáveis e nos direcionam para a fonte de vida, que é o nosso Criador; isso acontece porque estão embasados na própria natureza dele: o nosso Criador é separado do mal (por isso Ele é chamado Santo), nele não há a operação da maldade. 

A natureza de Deus é totalmente pura, por isso podemos confiar plenamente nele e em tudo o que vem dele. E tudo o que vem de Deus É SEMPRE BENÉFICO aos seres humanos, visto que fomos criados por Ele a sua imagem e semelhança. Portanto, quem segue a Cristo e aprende os princípios do Reino de Deus, buscando praticá-los, é levado a usufruir da realidade desse lugar no mundo, que é a vida abundante, a vida eterna. 

Mas, seguir a Cristo em meio à operação do conhecimento do bem e do mal que segue atuando espiritualmente em nossos corpos não é algo fácil. Esse conhecimento age contrariando os princípios da criação, e, consequentemente, ele contende contra a justiça de Deus todo o tempo. 

Isso significa que aqueles que insistirem em viver de todo o coração a verdade revelada por Cristo vão sofrer certos tipos de aflições: primeiro dentro de si mesmos, lutando para não atenderem os desejos contrários à justiça de Deus provenientes de seus próprios corpos; e, segundo, no mundo, sofrendo perseguições, calúnias, difamações, abandono, rejeição, preconceitos, prejuízos materiais, e até mesmo estando sob o risco de serem mortos por causa do ódio nos corações dos que não vivem segundo os princípios do Reino de Deus. 

Isso não quer dizer, absolutamente, que as pessoas que vivem segundo a realidade do mundo sofram menos: conflitos, medo, desespero, mentiras, violência, doenças e morte fazem parte da rotina normal de alguém que vive de acordo com o conhecimento do bem e do mal. 

Porém, há uma diferença especial entre estas duas situações: os que sofrem por viverem segundo os princípios do mundo não entendem bem o porquê de suas tribulações, não tem certeza do que lhes sobrevirá no futuro (a não ser a morte), e seus sentimentos variam conforme mudam as situações; os que sofrem por viverem segundo os princípios da justiça de Deus discernem de onde está vindo as situações difíceis que passam e tem a autoridade dada por Cristo para bloquear a ação da maldade em suas vidas, tem certeza do que lhes acontecerá no futuro (vida eterna) e seus sentimentos estão embasados não na instabilidade do mundo, mas, no conhecimento estável da justiça de Deus, o que lhes proporciona usufruírem da paz e alegria verdadeiras, ainda que estejam em situações difíceis (Jo 14:27, 2Co 4:16-18).

Cristo passou por situações bem complicadas e de uma forma bem intensa, durante o tempo de seu ministério terreno; e não foi diferente o que aconteceu com os apóstolos, após a morte e ressurreição de Jesus. No entanto, todos eles perseveraram naquilo que "conheciam" e não tinham qualquer dúvida de que, mesmo que as aparências apontassem perdas e sofrimentos, eles estavam sendo mais que vencedores. 

Eles negaram seus desejos terrenos a fim de atenderem ao chamado que o Pai estava lhes fazendo, para que, além de viverem a justiça de Deus no mundo, também anunciassem o Seu Reino onde estivessem. E, assim como os apóstolos, que IMITARAM O PROCEDIMENTO DE CRISTO dando o fruto que Deus esperava colher deles, todos os que desejam usufruir da maravilhosa realidade do Reino de Deus agora e após a volta de Cristo estão agindo da mesma forma.

Foi por isso que ao ensinar seus discípulos o Rei Jesus Cristo disse: "Se alguém quiser acompanhar-me, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me."

Deus deseja que toda a humanidade usufrua da realidade maravilhosa de Seu Reino (essa é a sua única e boa, agradável e perfeita vontade) apesar de saber que nem todos crerão na aliança de paz que Ele estabeleceu entre si mesmo e os homens. E esta notícia o nosso Criador faz com que seja de várias formas e insistentemente anunciada através dos séculos até que o tempo desse trabalho esteja plenamente cumprido.

Concluindo, Jesus nos mostra com seu ensino que neste mundo os seres humanos sempre terão que perder algumas coisas em prol do ganho de outras. E, no propósito de se ganhar alguma coisa, existem apenas dois caminhos para trilhar: aquele onde se escolhe trabalhar para si mesmo (este é o caminho largo), a fim de ganhar aquilo que o mundo oferece, porém, onde se perde a alma, pois os homens não tem como pagar o preço de suas próprias vidas; e aquele onde se escolhe trabalhar para Deus, perseverando em viver de acordo com o Seu Reino (este é o caminho apertado) e anunciando ao mundo este lugar: os que assim procedem se tornam herdeiros da vida eterna, pois o preço de suas vidas está pago pelo mais que suficiente sacrifício de Cristo.

Missionária Oriana Costa.




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