Após ensinar seus discípulos no Monte das Oliveiras sobre as coisas que haveriam de acontecer à igreja e ao mundo, antes de seu retorno, e sobre os três princípios que servirão de base para o julgamento que terá início com o resgate dos verdadeiros cristãos dentre as nações da terra, quando Ele retornar, Cristo continua a preparar seus discípulos para o dia de sua morte e ressurreição.
O Senhor já vinha preparando seus discípulos sobre o que lhe aconteceria em ocasiões anteriores, como podemos ver no Evangelho de Mateus nos capítulos 17 e 20, por exemplo.
A partir desse estudo, portanto, veremos especialmente o cumprimento das profecias feitas acerca do Messias ao longo dos séculos, antes de seu nascimento, e que constam nos livros do Antigo Testamento.
Vamos começar com o primeiro trecho do capítulo 26, que fala de três momentos importantes: o início da conspiração dos líderes religiosos de Israel para matar Jesus, o episódio do frasco de óleo perfumado que é derramado sobre a cabeça de Cristo, e o início da traição de Judas Iscariotes.
Tendo dito essas coisas, disse Jesus aos seus discípulos: "Como vocês sabem, estamos a dois dias da Páscoa, e o Filho do homem será entregue para ser crucificado". Naquela ocasião os chefes dos sacerdotes e os líderes religiosos do povo se reuniram no palácio do sumo sacerdote, cujo nome era Caifás, e juntos planejaram prender Jesus à traição e matá-lo. Mas diziam: "Não durante a festa, para que não haja tumulto entre o povo". Estando Jesus em Betânia, na casa de Simão, o leproso, aproximou-se dele uma mulher com um frasco de alabastro contendo um perfume muito caro. Ela o derramou sobre a cabeça de Jesus, quando ele se encontrava reclinado à mesa. Os discípulos, ao verem isso, ficaram indignados e perguntaram: "Por que este desperdício? Este perfume poderia ser vendido por alto preço, e o dinheiro dado aos pobres". Percebendo isso, Jesus lhes disse: "Por que vocês estão perturbando essa mulher? Ela praticou uma boa ação para comigo. Pois os pobres vocês sempre terão consigo, mas a mim vocês nem sempre terão. Quando derramou este perfume sobre o meu corpo, ela o fez a fim de me preparar para o sepultamento. Eu lhes asseguro que onde quer que este evangelho for anunciado, em todo o mundo, também o que ela fez será contado, em sua memória". Então, um dos Doze, chamado Judas Iscariotes, dirigiu-se aos chefes dos sacerdotes e lhes perguntou: "O que me darão se eu o entregar a vocês?" E eles lhe fixaram o preço: trinta moedas de prata. Desse momento em diante Judas passou a procurar uma oportunidade para entregá-lo. (Mateus 26:1-16)
Antes de iniciar a análise do nosso texto, existem algumas informações importantes que devemos saber. Uma delas é que nesse momento Jesus não se expunha mais publicamente como antes, pois estava ciente de que poderia ser preso e sacrificado a qualquer hora. Ele só se entregou de fato no tempo que o Pai já havia determinado e anunciado na Antiga Aliança (que ainda estava em vigor), através dos mandamentos que entregou a Moisés e Arão.
O Senhor disse a Moisés e a Arão, no Egito: (...) Digam a toda a comunidade de Israel que no décimo dia deste mês todo homem deverá separar um cordeiro ou um cabrito, para a sua família, um para cada casa. (...) O animal escolhido será macho de um ano, sem defeito, e pode ser cordeiro ou cabrito. Guardem-no até o décimo quarto dia do mês, quando toda a comunidade de Israel irá sacrificá-lo, ao pôr-do-sol. (...). Esta é a Páscoa do Senhor. (Êxodo 12:1-11)
Outra informação importante é que a conspiração para matar Jesus já tinha surgido bem antes dos acontecimentos mostrados em Mateus 26, no momento em que Lázaro fora ressuscitado. Logo após o acontecido, as lideranças religiosas, com medo de perderem as posições privilegiadas que tinham na sociedade e suas boas relações com as lideranças de Roma, convocaram o sinédrio, que se reuniu para tomar uma posição em unidade. Esse acontecimento se encontra descrito com detalhes no capítulo 11 do Evangelho de João.
Nessa reunião, mesmo sem entender quem realmente era Jesus, o próprio Caifás, que era o sumo sacerdote naquela ocasião, acabou profetizando acerca do Messias:
Então um deles, chamado Caifás, que naquele ano era o sumo sacerdote, tomou a palavra e disse: "Nada sabeis! Não percebeis que vos é melhor que morra um homem pelo povo, e que não pereça toda a nação". Ele não disse isso de si mesmo, mas, sendo o sumo sacerdote naquele ano, profetizou que Jesus morreria pela nação judaica, e não somente por aquela nação, mas também pelos filhos de Deus que estão espalhados, para reuni-los num povo. (João 11:49-52)
Por isso, antes de voltar à Betânia, após a ressurreição de Lázaro, Jesus se refugiou com seus discípulos no povoado de Efraim, região próxima dali. Sobre isso, falou o profeta Jeremias:
Ó Jerusalém, lave o mal do seu coração para que você seja salva. Até quando você vai acolher projetos malignos no íntimo? Ouve-se uma voz proclamando desde Dã, desde os montes de Efraim se anuncia calamidade. (Jeremias 4:14,15)
Dessa forma, faltando cerca de uma semana para a celebração da Páscoa, Cristo voltou à cidade de Betânia, e ali dois sinais interessantes e muito parecidos aconteceram diante dos discípulos, anunciando-lhes que seu Mestre seria sacrificado em breve. Um deles, o segundo, está descrito no trecho que estamos analisando aqui.
O primeiro sinal aconteceu seis dias antes (no oitavo dia do primeiro mês judaico), quando Cristo estava hospedado na casa de Lázaro, a quem Ele ressuscitou dos mortos. Ali Ele foi perfumado pela primeira vez, por Maria, irmã de Lázaro, durante um jantar (João 12:1-9). Ela derramou nos pés do Senhor um frasco de nardo puro, enxugando, em seguida, com seus próprios cabelos. Nessa ocasião, Judas Iscariotes posicionou-se contra o acontecido, alegando que "o frasco de nardo poderia ter sido vendido e o dinheiro dado aos pobres".
Quatro dias depois, agora na casa de Simão, o leproso, aconteceu uma situação similar. Enquanto Jesus estava reclinado à mesa, uma mulher aproximou-se e derramou sobre a sua cabeça um frasco de alabastro cheio de um perfume muito caro (Mateus 26:6-13, Marcos 14:3). O perfume escorreu por todo o seu corpo. Desta vez, todos os que estavam presentes se indignaram com a ação da mulher, alegando que "o perfume poderia ter sido vendido e o dinheiro dado aos pobres".
O fato de Jesus ter sido perfumado ou ungido com óleo pela segunda vez, faltando 2 dias para a celebração da Páscoa (no décimo segundo dia do primeiro mês judaico), foi uma sinalização dupla da parte do Pai para os israelitas de que Seu Filho, o Messias, estava ali para pagar de uma vez por todas a dívida de transgressão eterna, cumprindo definitivamente o mandamento relacionado àquele fim e também para reinar para sempre sobre o Seu povo.
Então, ao contrário do que muitos pensam, Jesus foi perfumado com óleo essencial de nardo não somente uma vez na proximidade de sua morte, mas duas vezes.
Sobre essas mulheres que perfumaram Jesus, há no Antigo Testamento, no livro de Cantares, trechos relacionados:
A fragrância dos seus perfumes é suave; o seu nome é como perfume derramado. Não é à toa que as jovens o amam! (Cânticos 1:3)
Enquanto o rei estava em seus aposentos, o meu nardo espalhou a sua fragrância. (Cânticos 1:12)
No livro de Salmos também há um trecho que fala desse acontecimento:
Numa visão falaste um dia, e aos teus fiéis disseste: "Cobri de forças um guerreiro, exaltei um homem escolhido dentre o povo. Encontrei o meu servo Davi; ungi-o com o meu óleo sagrado. A minha mão o susterá, e o meu braço o fará forte. (Salmos 89:19-21)
A primeira vez que Jesus foi ungido com óleo de nardo (também por uma mulher) aconteceu logo após Ele ter escolhido dentre os seus discípulos os doze Apóstolos, estando com eles na cidade de Naim, na casa de um fariseu que o convidou para uma refeição (Lucas 7:36-50).
Prosseguindo com nosso estudo, agora vamos analisar a traição de Judas Iscariotes. Com a proximidade da celebração da Páscoa, estando Jesus em Betânia, na casa de Simão, o leproso, os chefes dos sacerdotes e os lideres religiosos do povo se reuniram novamente no palácio do sumo sacerdote, Caifás, para tomarem uma decisão em definitivo.
Já que não conseguiam achar no Senhor nenhum motivo para justa acusação, resolveram oferecer recompensa para quem lhes entregasse Jesus, a fim de obterem um resultado mais rápido.
Sabendo disso, Judas Iscariotes, que não tinha entendido a mensagem do Reino e estava ali com Cristo sem ter nutrido em seu coração a fé verdadeira (lembrando que ele presenciou todos os milagres feitos por Cristo enquanto o acompanhava em seu ministério!), se sentiu tentado com a possibilidade de ganhar algum dinheiro e adquirir prestígio social, e então sucumbiu à tentação. Assim, ele procurou os líderes religiosos para fazer um acordo com eles (Marcos 14:10,11; Lucas 22:1-6).
Nos livros de Salmos e Zacarias, que estão no Antigo Testamento, podemos ler dois trechos que se referem a esse acontecimento:
Os meus inimigos dizem maldosamente a meu respeito: "Quando ele vai morrer? Quando vai desaparecer o seu nome?" Sempre que alguém vem visitar-me, fala com falsidade, enche o coração de calúnias e depois sai espalhando-as. Todos os que me odeiam juntam-se e cochicham contra mim, imaginando que o pior me acontecerá: "Uma praga terrível o derrubou; está de cama, e jamais se levantará". Até o meu melhor amigo, em quem eu confiava e que partilhava do meu pão, voltou-se contra mim. (Salmos 41:5-9)
Eu lhes disse: Se acharem melhor assim, paguem-me; se não, não me paguem. Então eles me pagaram trinta moedas de prata. (Zacarias 11:12)
Missionária Oriana Costa
Revisão: Wendell Costa