No trecho que vamos estudar aqui, veremos a conversa que um jovem judeu, de muitas posses, teve com Jesus e também as explicações que o Senhor dá em seguida sobre as consequências que o apego às coisas do mundo traz às pessoas.
Essa passagem tem sido usada como tema de muitas pregações até os dias de hoje, nos revelando informações importantes que precisamos considerar cuidadosamente.
De acordo com o mundo, onde normalmente os indivíduos não tem conhecimento de como funciona a justiça de Deus, é comum se pensar que podemos alcançar dele misericórdia (para os que acreditam que Ele existe) através de bons atos ou obras de caridade, independente da religião que professamos.
O pensamento daquele jovem que abordou o Senhor, apesar de ser judeu, não era diferente:
Eis que alguém se aproximou de Jesus e lhe perguntou: "Mestre, que farei de bom para ter a vida eterna?" Respondeu-lhe Jesus: "Por que você me pergunta sobre o que é bom? Há somente um que é bom. Se você quer entrar na vida, obedeça aos mandamentos". "Quais?", perguntou ele. Jesus respondeu: "‘Não matarás, não adulterarás, não furtarás, não darás falso testemunho, honra teu pai e tua mãe’ e ‘amarás o teu próximo como a ti mesmo’". Disse-lhe o jovem: "A tudo isso tenho obedecido. O que me falta ainda?" (Mateus 19:16-20)
O rapaz não estava convencido de que somente cumprir os mandamentos era o suficiente para ter a vida eterna, por isso perguntou a Jesus o que poderia ser feito "a mais", de forma que Deus se agradasse dele. Talvez ele estivesse pensando que o fato de usar sua fortuna para fazer a caridade fosse compensar o peso dos seus pecados diante do Pai.
Porém, o Mestre lhe respondeu o seguinte:
Se você quer ser perfeito, vá, venda os seus bens e dê o dinheiro aos pobres, e você terá um tesouro no céu. Depois, venha e siga-me". Ouvindo isso, o jovem afastou-se triste, porque tinha muitas riquezas. (Mateus 19:21,22)
O Senhor Jesus, portanto, mostrou àquele jovem o que realmente ele precisava fazer, não somente para herdar a vida eterna, mas, para SER PERFEITO aos olhos do Criador: se desapegar das coisas do mundo e seguir o Filho de Deus. Como o foco do rapaz estava nos bens materiais que possuía, então Cristo lhe aconselhou a trocar suas riquezas por aquelas que Deus nos reserva em Seu Reino.
Porém, o apego do jovem aos seus bens era maior do que sua fé em Deus. Ele se entristeceu, após ouvir a resposta do Mestre, pois não estava disposto a se desfazer do poder que as riquezas materiais lhe proporcionavam, a fim de seguir a Cristo.
Após essa conversa com o jovem, e já se dirigindo aos seus discípulos, o Senhor explica que o apego ao dinheiro é o maior dos obstáculos a ser vencido dentro dos corações dos homens, para que estes entrem no Reino de Deus:
Então Jesus disse aos discípulos: "Digo-lhes a verdade: Dificilmente um rico entrará no Reino dos céus. E lhes digo ainda: é mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no Reino de Deus". Ao ouvirem isso, os discípulos ficaram perplexos e perguntaram: "Neste caso, quem pode ser salvo?" (Mateus 19:23-25)
A cobiça ao dinheiro é o pecado mais comum entre os seres humanos. Por isso, os discípulos perguntaram a Cristo, após ouvirem dele que é muito difícil um rico entrar no Reino dos céus, quem poderia ser salvo.
Em sua primeira carta a Timóteo, o apóstolo Paulo explica porque é tão difícil que uma pessoa apegada às riquezas do mundo se arrependa e alcance a salvação: porque o amor ao dinheiro É A RAIZ DE TODOS OS MALES E LEVA À APOSTASIA:
Os que querem ficar ricos caem em tentação, em armadilhas e em muitos desejos descontrolados e nocivos, que levam os homens a mergulharem na ruína e na destruição, pois o amor ao dinheiro é raiz de todos os males. Algumas pessoas, por cobiçarem o dinheiro, desviaram-se da fé e se atormentaram a si mesmas com muitos sofrimentos. (1Timoteo 6:9,10)
Portanto, o apego às riquezas materiais cega as pessoas espiritualmente, impedindo-as de se aproximem de Deus (ou afastando-as de sua presença) e de conhecerem a Ele em verdade. Lembrando que Cristo disse que era "muito difícil" para um indivíduo apegado aos bens materiais ser salvo, e não algo totalmente impossível. O poder da maldade não é maior que o poder de Deus, que pode sondar os corações.
Um bom exemplo de um homem rico que teve um encontro especial com o Rei Jesus e alcançou salvação foi Zaqueu, o publicano:
Zaqueu levantou-se e disse ao Senhor: "Olha, Senhor! Estou dando a metade dos meus bens aos pobres; e se de alguém extorqui alguma coisa, devolverei quatro vezes mais". Jesus lhe disse: "Hoje houve salvação nesta casa! Porque este homem também é filho de Abraão. Pois o Filho do homem veio buscar e salvar o que estava perdido". (Lucas 19:8-10)
Retomando nosso raciocínio, visto que os seres humanos estão presos por seus pecados e não tem como salvar-se a si mesmos, o Pai presenteou toda a humanidade com o único caminho que leva à vida eterna, que é Cristo.
Então, mesmo cumprindo os mandamentos da Lei Mosaica, os judeus ainda não estão limpos de seus pecados diante do Pai, e também carecem de uma justificação para, enfim, acessarem o Reino, que só pode ser obtida através da fé genuína em Jesus.
Por isso, o Mestre respondeu aos discípulos que para os homens é impossível conseguir a justificação sozinhos, mas para Deus, há uma maneira de nos tornar justos, pois para Ele tudo é possível:
Jesus olhou para eles e respondeu: "Para o homem é impossível, mas para Deus todas as coisas são possíveis". (Mateus 19:26)
Depois disso, Pedro ainda questiona Jesus sobre o que aconteceria aos seus seguidores, pois tinham deixado tudo para estar com Ele. De fato, apesar de todas as coisas que já tinham visto e ouvido do Senhor, naquele momento, os seus discípulos ainda não tinham entendido que seu mestre era realmente o Messias e queriam ter certeza de que não estavam cometendo um erro:
Então Pedro lhe respondeu: "Nós deixamos tudo para seguir-te! Que será de nós?" - Jesus lhes disse: "Digo-lhes a verdade: Por ocasião da regeneração de todas as coisas, quando o Filho do homem se assentar em seu trono glorioso, vocês que me seguiram também se assentarão em doze tronos, para julgar as doze tribos de Israel. E todos os que tiverem deixado casas, irmãos, irmãs, pai, mãe, filhos ou campos, por minha causa, receberão cem vezes mais e herdarão a vida eterna. Contudo, muitos primeiros serão últimos, e muitos últimos serão primeiros. (Mateus 19:27-30)
Seguir corretamente pelo caminho da salvação envolve um desapego de tudo aquilo que nos impede de andar na reta justiça de Deus. Por isso, às vezes é preciso ir além da rejeição das obras da carne e da influência da maldade do mundo, especialmente por causa da perseguição que há sobre aqueles que professam a fé cristã, em determinados lugares do planeta.
Em certas situações, fica impossível para um cristão conciliar sua fé e a convivência com pessoas que não concordam com esta, pessoas tais que prosseguem nutrindo, dia após dia, o ódio por Cristo em seus corações. Nesses casos, muitas vezes os cristãos são obrigados a deixar seus familiares e bens, a fim de continuarem vivos, sem negar o Senhor.
Com relação aos discípulos de Cristo, a situação foi diferente: mesmo os casados tiveram que deixar seus trabalhos, o conforto de suas casas e o convívio com seus familiares e amigos durante os três intensos anos do ministério terreno de Jesus, a fim de seguir o Mestre e estar com Ele em todas as ocasiões, com o propósito de aprenderem dele e testemunharem seus feitos. Mas isso foi uma escolha deles, o Senhor não os obrigou a tomarem tal decisão.
O Rei Jesus garantiu aos discípulos que tudo o que estava registrado a Seu respeito, nas sagradas escrituras, estava se cumprindo, e que eles não perderiam nada, materialmente falando, muito pelo contrário.
Após a morte e ressurreição do Senhor, aqueles homens prosseguiram com suas vidas como antes, mas, desta vez, dando início à igreja cristã sobre a terra. Eles também estavam avisados de que seriam perseguidos até a morte, mesmo assim, seguiram em frente na anunciação do Reino.
No final de sua fala, quando o Senhor Jesus pontuou "muitos primeiros serão últimos, e muitos últimos serão primeiros", ele se referia exatamente a essa dificuldade que muitos de seus seguidores teriam, com o passar do tempo, de continuarem professando sua fé por causa do ódio que o príncipe desse século tem de Cristo.
À medida que se aproxima o tempo da segunda volta de Jesus, a situação vai ficando mais difícil para os cristãos no planeta, por causa do aumento da maldade em todos os lugares. Isso torna ainda mais difícil abrir mão das propostas do mundo, como também aumenta a perseguição sobre aqueles que escolhem continuar na fé. Essa realidade vai igualar a situação que será experimentada pelos cristãos poucos anos antes da volta do Senhor com aquela vivida no início da igreja, pelos Apóstolos.
A forma que Deus julga as coisas não segue a lógica terrena, pois não se baseia na aparência. Portanto, o Mestre explica que serão recompensados primeiro aqueles que, na proximidade da sua volta, conseguirem dominar-se e rejeitar plenamente a operação da iniquidade que lhes cerca, ainda que em meio a grandes sofrimentos, a fim de se manterem firmes na fé e atenderem seus chamados.
Texto: Miss. Oriana Costa
Edição: Pr. Wendell Costa
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