Muitas pessoas ficam indignadas ao lerem os evangelhos e saberem a forma como o Senhor foi recebido e tratado em sua própria nação. No entanto, se não tivesse acontecido daquela forma, as informações contidas no Antigo Testamento seriam falsas. Tudo o que aconteceu com Jesus foi predito através dos profetas da Antiga Aliança.
Segundo o conteúdo do Antigo Testamento, o justificador da humanidade nasceria em Israel, no seguinte contexto: os israelitas estariam dominados por uma outra nação e, portanto, não teriam um rei, além de estarem influenciados por lideranças religiosas corrompidas.
Por isso, o Pai preparou "um homem especial", que não se abalaria com o que iria enfrentar e seguiria até o fim com seu trabalho, sem desanimar. No trecho que vamos analisar a seguir, Jesus estava em Jerusalém, no templo, no meio de um confronto com os líderes religiosos:
Ouçam outra parábola: Havia um proprietário de terras que plantou uma vinha. Colocou uma cerca ao redor dela, cavou um tanque para prensar as uvas e construiu uma torre. Depois arrendou a vinha a alguns lavradores e foi fazer uma viagem. Aproximando-se a época da colheita, enviou seus servos aos lavradores, para receber os frutos que lhe pertenciam. Os lavradores agarraram seus servos; a um espancaram, a outro mataram e apedrejaram o terceiro. Então enviou-lhes outros servos em maior número, e os lavradores os trataram da mesma forma. Por último, enviou-lhes seu filho, dizendo: ‘A meu filho respeitarão’. Mas quando os lavradores viram o filho, disseram uns aos outros: ‘Este é o herdeiro. Venham, vamos matá-lo e tomar a sua herança’. Assim eles o agarraram, lançaram-no para fora da vinha e o mataram. Portanto, quando vier o dono da vinha, o que fará àqueles lavradores? Responderam eles: Matará de modo horrível esses perversos e arrendará a vinha a outros lavradores, que lhe deem a sua parte no tempo da colheita. (Mateus 21:33-41)
Essa, na verdade, é a segunda parábola que Jesus contou aos chefes dos sacerdotes e mestres da Lei, após ser abordado por eles enquanto ensinava no templo, em Jerusalém.
Na primeira, o Senhor fala de um Pai que tinha dois filhos, um que fez a sua vontade e o outro não, comparando o filho que atendeu o pai aos publicanos e prostitutas, e aquele que não atendeu aos líderes religiosos (leia o texto anterior "De onde é o batismo de João?").
Agora, o Mestre fala de um certo proprietário de terras que plantou uma vinha, arrendou-a a alguns lavradores e viajou. Os significados por trás das palavras na parábola são os seguintes: a vinha é a aliança que Deus tinha feito com Abraão; a cerca são os mandamentos que Ele havia dado a Moisés; o tanque e a torre se referem ao templo; os lavradores são os sacerdotes e mestres da Lei, e os servos que o dono da vinha enviou são os profetas.
Quando Jesus falou do "filho do dono da vinha" estava falando de Si mesmo e já predizendo o que estava para acontecer. É realmente curioso ver que os líderes religiosos entenderam bem o raciocínio da história e deram uma resposta sensata ao Senhor e, apesar de saberem que o Mestre estava falando deles, foram incapazes de perceber que as parábolas declaravam tudo o que eles pretendiam fazer com Jesus e também o castigo que eles sofreriam depois.
Jesus lhes disse: "Vocês nunca leram nas Escrituras? ‘A pedra que os construtores rejeitaram tornou-se a pedra angular; isso vem do Senhor, e é algo maravilhoso para nós’. "Portanto eu lhes digo que o Reino de Deus será tirado de vocês e será dado a um povo que dê os frutos do Reino. Aquele que cair sobre esta pedra será despedaçado, e aquele sobre quem ela cair será reduzido a pó". Quando os chefes dos sacerdotes e os fariseus ouviram as parábolas de Jesus, compreenderam que ele falava a respeito deles. E procuravam um meio de prendê-lo; mas tinham medo das multidões, pois elas o consideravam profeta. (Mateus 21:42-46)
E assim como fez em momentos anteriores, mais uma vez o Mestre cita um trecho das Escrituras, para chamar a atenção daqueles senhores, quando falou "a pedra que os construtores rejeitaram..." (veja Salmos 118:22,23).
Ele ainda avisou que esta pedra (Ele mesmo) traria juízo para aqueles que a rejeitassem, despedaçando os que caíssem sobre ela (ou tropeçassem nela), por não quererem enxergá-la, e transformando em pó os que estivessem embaixo dela quando caísse, por tentarem derrubá-la. Isso está predito no livro do profeta Isaías, que diz:
"Ao Senhor dos Exércitos é que vocês devem considerar santo, a ele é que vocês devem temer, dele é que vocês devem ter pavor. Para os dois reinos de Israel ele será um santuário, mas também uma pedra de tropeço, uma rocha que faz cair. E para os habitantes de Jerusalém ele será uma armadilha e um laço. Muitos deles tropeçarão, cairão e serão despedaçados, presos no laço e capturados." (Isaías 8:13-15)
Assim, apesar de saberem que Jesus estava se referindo a eles nas parábolas e estar avisando o que lhes sobreviria devido à sua incredulidade, aquelas lideranças israelitas ainda procuraram prender o Senhor e só não o fizeram naquele momento por causa do povo, de quem não queriam perder o prestígio.
De fato, tudo aconteceu como foi predito: o Reino de Deus foi anunciado primeiro aos israelitas. Como a grande maioria do povo e também as autoridades rejeitaram o Messias, cerca de 40 anos após a sua morte e ressurreição aconteceu a destruição de Israel. Os israelitas que ficaram vivos se espalharam pelas outras nações da terra e a anunciação do Reino de Deus, que deveria ser feita pelos judeus, continuou sendo feita por outros povos.
Texto: Miss. Oriana Costa
Edição: Pr. Wendell Costa
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